V (álbum de Legião Urbana)
V é o quinto álbum da banda brasileira de rock Legião Urbana, lançado em 15 de dezembro de 1991 pela EMI.
V | |||||||
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Álbum de estúdio de Legião Urbana | |||||||
Lançamento | 15 de dezembro de 1991 | ||||||
Gravação | agosto—setembro de 1991 | ||||||
Estúdio(s) | Mega (Rio de Janeiro, Brasil) | ||||||
Gênero(s) | |||||||
Duração | 49:37 | ||||||
Idioma(s) | português | ||||||
Formato(s) | |||||||
Gravadora(s) | EMI | ||||||
Produção |
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Cronologia de Legião Urbana | |||||||
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Singles de V | |||||||
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O álbum reflete duas situações: a crise econômica causada pelo então Plano Collor, e a dependência química do vocalista da banda, Renato Russo. Em 1990, o cantor descobriu ser portador do vírus da AIDS. Porém, ao contrário de Cazuza, ex vocalista do Barão Vermelho, Renato nunca assumiu publicamente a doença.
Em comparação ao anterior, As Quatro Estações (1989), teve uma vendagem bem inferior, com 465 mil cópias (cinco vezes menos que o disco anterior). Foi o sexto disco mais vendido da banda e acabou certificado como Disco de Platina Triplo.[1] A turnê do V foi a mais curta da banda, iniciada em julho de 1992 e interrompida em fins de setembro do mesmo ano, devido à situação insustentável das crises alcoólicas de Renato Russo.
Contexto
editarO disco veio na época dos confiscos promovidos pelo então presidente brasileiro Fernando Collor. Na época, os músicos estavam em meio à turnê do disco anterior, As Quatro Estações (1989), e realizar os shows tornou-se ainda mais importante, pois precisavam recuperar o dinheiro perdido.[2]
Enquanto isso, Renato Russo se internava em uma clínica de desintoxicação, preocupado com a imagem que passaria a seu filho, Giuliano, nascido em 1989. Lá, ele descobriu ser portador do vírus HIV, causador da AIDS. Reuniu-se então com o empresário Rafael Borges, e pediu a ele que organizasse tudo após sua morte.[3]
Além desses dois problemas, a banda ainda enfrentou conflitos com Jorge Davidson, diretor artístico nacional da EMI-Odeon. O embate começou quando Jorge insistiu para que gravassem um dos shows da turnê As Quatro Estações. Quando finalmente conseguiu o que queria, o empersário da banda, Rafael Borges, pediu que ele enviasse a fita para a PolyGram, onde o produtor de longa data da banda, Mayrton Bahia, estava trabalhando. Jorge se recusou, dizendo que a banda nunca ligou para o material na EMI, e Renato Russo ficou furioso com o fato. Jorge acabou não participando efetivamente do disco, embora conste como diretor artístico nos créditos. Mais tarde, trabalhando para a Sony Music, Jorge afirmou compreender a frustração de Renato. Tendo se descoberto soropositivo recentemente naquela época, ele não sabia se conseguiria lançar um disco ao vivo antes de morrer.[4]
Não era esperado que Mayrton, atuando em outra gravadora, viesse a produzir V, mas Renato o convidou a fazê-lo ao encontrá-lo por acaso em 1991 num show de Fernanda Abreu.[5]
Gravação
editarPela primeira vez, a banda não utilizou os estúdios da EMI-Odeon para criar o disco. Em vez disso, optaram pela Estúdio Mega, também no Rio de Janeiro, onde não tinham exclusividade e não podiam ficar pelo tempo que quisessem.[6] Além disso, contaram com um baixista de apoio, Bruno Araújo, que já os acompanhava desde a turnê anterior. Ele não participou da turnê subsequente, contudo, devido a uma briga com Fred Nascimento, violonista de apoio. Ambos eram muito próximos, mas a discussão acabou custando o emprego dos dois na banda.[7]
Foi neste disco que Mayrton convenceu Renato a trocar seu teclado Roland Juno 106 por outros modelos, de modo a produzir novas sonoridades.[8]
Conteúdo
editarMúsica e letras
editarV é considerado um trabalho de rock progressivo.[6] Indagado sobre como seria o disco, Renato afirmou em uma entrevista: "Ih, tem umas coisas medievais, uns instrumentais. O primeiro lado é uma viagem. Vão dizer assim: 'Legião repete fórmula e lança disco progressivo (risos)...'".[9] Em outra entrevista, para Zeca Camargo na MTV em 1993, Renato disse que "o que a gente quis passar para o V era um tédio e um marasmo. Aquele disco foi feito lento de propósito".[8]
A primeira faixa, "Love Song", é uma cantiga de amor em português arcaico, composta no século XIII por Nuno Fernandes Torneol. "Metal Contra as Nuvens" é dividida em quatro partes e contém 11 minutos e 28 segundos (sendo assim a música de duração mais longa da banda). "A Ordem dos Templários", que inclui a peça "Douce Dame Jolie", de Guillaume de Machaut, do século XIV, homenageia os cavaleiros que protegiam os cristãos nos tempos das Cruzadas.[10]
Segundo Renato Russo afirma no disco ao vivo Acústico MTV, a música "Teatro dos Vampiros" deveria falar sobre a TV. Ainda no mesmo álbum, ele declara ter descoberto depois que a cidade italiana de Veneza era conhecida como "Sereníssima", não tendo portanto relação proposital da cidade com a canção.
Capa
editarRenato queria que a lua-estrela na capa do álbum e o "V" na contracapa fossem impressos em alto-relevo dourado, mas Ronaldo Vianna, então diretor de produto da EMI-Odeon, argumentava que isso era caro demais numa época econômica em que era necessário cortar gastos e a consultora de marketing da gravadora reprovava o orçamento. Renato insistiu e a capa acabou saindo do jeito que ele quis.[7]
Divulgação e turnê
editar"Lembro que, até a terceira música, eu não conseguia ouvir uma nota. Eram só gritos, gritos, gritos. O público estava em catarse, êxtase total. Nunca tinha visto nada parecido. Demorei a me concentrar."[11]
Carlos Trilha acerca de seu primeiro show com a Legião Urbana, em Uberlândia.
Este disco, ao contrário dos outros, não teve nenhum videoclipe, produto que os integrantes não gostavam (os dois últimos da banda, A Tempestade ou O Livro dos Dias e Uma Outra Estação, também não apresentariam clipes). Ao invés disso, a banda aceitou o convite da MTV para gravar, em janeiro de 1992, o seu Acústico MTV, num show com repertório do disco.[7] Algumas canções saíram no disco Música p/ Acampamentos, de 1992, e o especial saiu em CD em 1999.
Com a demissão de Bruno e Fred, a banda precisou correr atrás de novos membros de apoio para os shows. O tecladista Mú Carvalho também acabou saindo por não poder realizar alguns shows da turnê. Assim, entraram para o time de apoio da Legião Urbana Sérgio Serra (violão), Tavinho Fialho (baixo) e, por sugestão do proprio Mú, Carlos Trilha (teclados).[11]
A turnê não durou muito, contudo, devido à toxicodependência de Renato, o que gerava conflitos com os colegas Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria). A situação levou ao encerramento precoce e abrupto da turnê. Para compensar a frustração dos fãs, foi lançado não só o Acústico MTV, mas também a coletânea Música p/ Acampamentos. Depois desse episódio, Renato foi se tratar e começou a tomar AZT, antirretroviral Indicado para o tratamento da AIDS, além de frequentar reuniões do Alcoólicos Anônimos.[12]
Lista de faixas
editarTodas as letras escritas por Renato Russo. Todas as músicas compostas por Renato Russo, Marcelo Bonfá, e Dado Villa-Lobos. Todas as canções produzidas por Mayrton Bahia.
N.º | Título | Duração | |
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1. | "Love Song[a]" | 1:18 | |
2. | "Metal Contra as Nuvens" | 11:28 | |
3. | "A Ordem dos Templários[b]" (instrumental) | 4:26 | |
4. | "A Montanha Mágica" | 7:48 | |
5. | "O Teatro dos Vampiros[c]" | 3:37 | |
6. | "Sereníssima" | 4:01 | |
7. | "Vento no Litoral" | 6:06 | |
8. | "O Mundo Anda Tão Complicado" | 3:45 | |
9. | "L'âge D'or" | 5:06 | |
10. | "Come Share My Life[d]" (instrumental) | 2:02 | |
Duração total: |
49:37 |
Notas
editar- ↑ Adaptada do texto literário do século XIII, "Cantiga de Amor", de Nuno Fernandes Torneol.
- ↑ Contém como introdução "Douce Dame Jolie", canção do século XIV, de Guillaume de Machaut.
- ↑ Contém como introdução o Canon de Pachelbel.
- ↑ Canção tradicional do folclore norte-americano.
Créditos
editarTodo o processo de elaboração de V atribui os seguintes créditos:
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Vendas e certificações
editarPaís | Certificação | Vendas |
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Brasil (Pro-Música Brasil) |
465.000+[1] |
Referências
- ↑ a b «Historia: Legião Urbana». Legiaourbanasite. Consultado em 7 de outubro de 2016
- ↑ Fuscaldo 2016, p. 70.
- ↑ Fuscaldo 2016, pp. 70-71.
- ↑ Fuscaldo 2016, pp. 71-72.
- ↑ Fuscaldo 2016, p. 71.
- ↑ a b Fuscaldo 2016, p. 72.
- ↑ a b c Fuscaldo 2016, p. 74.
- ↑ a b Fuscaldo 2016, p. 73.
- ↑ «Entrevista - Legião Urbana - Thunderstruck». 3 de março de 2016. Consultado em 16 de novembro de 2018
- ↑ Fuscaldo 2016, pp. 73-74.
- ↑ a b Fuscaldo 2016, p. 75.
- ↑ Fuscaldo 2016, pp. 75-76.
- Fuscaldo, Chris (2016). Discobiografia Legionária. São Paulo: LeYa. ISBN 978-85-441-0481-1