Lucelmo Lacerda
Lucelmo Lacerda de Brito (Teófilo Otoni, 24 de junho de 1982) é um professor, escritor, divulgador científico e ativista brasileiro, notável por sua atuação no cenário do autismo no Brasil.
Lucelmo Lacerda | |
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Nascimento | 24 de junho de 1982 (42 anos) Teófilo Otoni, Minas Gerais |
Residência | São Sebastião, São Paulo |
Nacionalidade | Brasileira |
Cidadania | Brasil |
Alma mater | Universidade do Vale do Paraíba, São Paulo (graduação) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo (mestrado e doutorado) |
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Campo(s) | |
Biografia
editarLucelmo nasceu e viveu parte da sua infância em Teófilo Otoni, e mais tarde mudou-se para o interior de São Paulo. De origem católica, participou de atividades religiosas e, na juventude, atuou no movimento estudantil. Mais tarde, cursou História na Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) e mestrado na mesma área na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), desenvolvendo pesquisas no contexto da religião.[1]
Durante a década de 2010, Lucelmo passou a se interessar pela temática do autismo e ensino educacional, sobretudo depois do diagnóstico de seu primeiro filho em 2011.[2][3] Cursou doutorado em Educação pela PUC-SP e também pós-doutorado em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).[4] Como ativista do cenário do autismo, passou a fazer debates sobre temas como práticas baseadas em evidências, análise do comportamento aplicada e educação especial. No final da década, iniciou um canal no YouTube de divulgação científica sobre autismo, que é um dos mais notáveis de profissionais[5][6] e também atuou como professor do curso de especialização em autismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT).[7]
É autor de três livros sobre autismo, sendo o mais recente Crítica à pseudociência em educação especial: Trilhas de uma educação inclusiva baseada em evidências, lançado em 2023.[8]
Em 2024, destacou-se por sua participação teórica na elaboração do Parecer 50/2023 do Conselho Nacional de Educação.[9] O documento, chamado "Nortear, orientações para o atendimento educacional ao estudante com transtorno do espectro autista – TEA", estabeleceu diretrizes sobre o processo de educação inclusiva para alunos autistas, e recebeu apoio de entidades e ativistas, mas também críticas.[10][11] Na época, Lucelmo argumentou que o ponto mais importante do documento é o Plano Educacional Individualizado (PEI) e que o PEI é contemplado no texto da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da Organização das Nações Unidas (ONU), e é "uma obviedade na literatura científica". Outra pesquisadora e teórica, Maria Teresa Mantoan, se contrapôs a Lucelmo, argumentando que "Não há condições de se adaptar nada para ninguém".[9] Lacerda, por sua vez, é crítico da perspectiva teórica de Mantoan, argumentando que seu discurso seria de "inclusão total", e não a educação inclusiva.[12]
Obras
editar- Transtorno do espectro autista: uma brevíssima introdução (CRV, 2017)
- Autismo: compreensão e práticas baseadas em evidências (Capricha na Inclusão, 2020)
- Ensino religioso na era da laicidade?: modelos em ação no Brasil (Appris Editora, 2022)
- Crítica à pseudociência em educação especial: Trilhas de uma educação inclusiva baseada em evidências (Luna Edições, 2023)
- Bento XVI e Leonardo Boff: Igreja do Brasil na Inquisição (Appris Editora, 2023)
Ver também
editarReferências
- ↑ «Lucelmo Lacerda: 'O intelectual tem que ser crítico'». Canal Autismo. Consultado em 11 de dezembro de 2023
- ↑ «Tipos de autismo: André tem a condição e fez pós; já Carol mal sai de casa». UOL. Consultado em 11 de dezembro de 2023
- ↑ Johanna Nublat. «Para entender os três níveis do autismo». Folha de S.Paulo. Consultado em 11 de dezembro de 2023
- ↑ «"Me descobri autista depois do diagnóstico do meu filho"». Veja. Consultado em 11 de dezembro de 2023
- ↑ Abreu, Tiago (2022). Narrativas em áudio: análise de conteúdo de podcasts sobre autismo na podosfera brasileira (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Goiás. Consultado em 11 de dezembro de 2023
- ↑ «Abril Azul: o que as pessoas com Autismo realmente querem da sociedade brasileira?». CNN Brasil. Consultado em 11 de dezembro de 2023
- ↑ «Primeiro módulo do curso de aperfeiçoamento em autismo se encerra com aula aberta». Governo do Pará. Consultado em 11 de dezembro de 2023
- ↑ «Professor analisa realidade da educação para crianças e adolescentes com necessidades especiais». Agência Senado. Consultado em 11 de dezembro de 2023
- ↑ a b Johanna Nublat. «O que é uma educação verdadeiramente inclusiva?». Folha de S.Paulo. Consultado em 15 de abril de 2024
- ↑ Bruno Alfano. «Presença de monitores nas salas de aula acirra debate sobre inclusão de alunos autistas e desafia MEC». O Globo. Consultado em 15 de abril de 2024
- ↑ Renata Cafardo. «Polêmica sobre inclusão de autistas na escola: quais as propostas e por que divergem tanto?». O Estado de S. Paulo. Consultado em 15 de abril de 2024
- ↑ Isabelle Barone. «Nova política do MEC para alunos com deficiência: por que a inclusão total não se sustenta». Gazeta do Povo. Consultado em 15 de abril de 2024