Luiz Moraes Júnior
Luiz Moraes Júnior (Faro, 30 de janeiro de 1867 — Rio de Janeiro, 15 de julho de 1955) foi um engenheiro-arquiteto português que atuou no Brasil no início do século XX.
Luiz Moraes Júnior | |
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Nascimento | 30 de janeiro de 1867 Faro |
Morte | 15 de julho de 1955 (88 anos) Petrópolis |
Cidadania | Reino de Portugal, Portugal |
Ocupação | arquiteto |
Foi responsável pela construção do Pavilhão Mourisco, prédio principal do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e por diversas edificações de inspiração ecléticas no estado do Rio de Janeiro.
Biografia
editarMoraes Jr. era filho do comerciante Luiz Moraes e de Eugênia Amélia da Fonseca Moraes. Passou sua infância e adolescência na cidade de Faro, na região de Algarve. Formou-se pela Universidade de Lisboa, iniciando carreira como engenheiro ferroviário. Casou-se e teve duas filhas.[1] Em 1900, deixou a família em Portugal e veio para o Brasil a convite do padre Ricardo,[2][3] vigário-geral da Igreja da Penha. Fixou-se no Rio de Janeiro, onde iniciou atividades de restauração das fachadas dessa igreja, concluídas em 1902. Nesse ano, durante trajeto que fazia de trem diariamente até o local das obras, conheceu Oswaldo G. Cruz, com quem travou sólida amizade.[4] Chefe da Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), Oswaldo o convidou para projetar e coordenar os trabalhos de construção do complexo arquitetônico do instituto que mais tarde levaria seu nome, com destaque para o Pavilhão Mourisco, conhecido como Castelo da Fiocruz.
Carreira
editarNúcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos
editarEntre 1903 e 1922, Moraes projetou e coordenou a construção do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos. O primeiro projeto de sua autoria construído no campus de Manguinhos foi um biotério para pequenos animais,[5] que serviu de modelo para construções posteriores. Esse conjunto de edificações, voltadas para as atividades do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), é composto pelo Pavilhão Mourisco, Pavilhão do Relógio ou da Peste, Cavalariça, Quinino ou Pavilhão Figueiredo Vasconcellos, Pombal ou Biotério para Pequenos Animais, Hospital Evandro Chagas e a Casa de Chá. Essas edificações tiveram grande participação do próprio Oswaldo Cruz e seguem a corrente do ecletismo na arquitetura.[6]
Depois da morte do cientista, em 1917, ainda realizou outros trabalhos para o IOC, tendo coordenado a ampliação do seu conjunto arquitetônico, assinando os projetos do Pavilhão Quinino ou Figueiredo Vasconcellos, em 1919, e do Pavilhão Vacínico, em 1922, destinado às atividades de profilaxia da varíola.[7]
Arquitetura da saúde
editarO arquiteto foi responsável pelo pavilhão brasileiro na Exposição Internacional de Higiene e Demografia em Dresden, na Alemanha, em 1911.[8] Vinculado ao IOC, o arquiteto também foi destacado para orientar as obras de ampliação e adaptação executadas para o Instituto Ezequiel Dias, sede da filial do Instituto Oswaldo Cruz em Belo Horizonte, Minas Gerais.[9]
Com a experiência acumulada na execução de diversos projetos de arquitetura hospitalar e sanitária, bem como de laboratórios para pesquisas experimentais, em 1914, concluiu a nova sede da DGSP, no centro da cidade, e o prédio da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na Praia Vermelha. Na década de 1920, projeta o Pavilhão Visconde de Morais para a Beneficência Portuguesa do Rio de Janeiro, no bairro da Glória.[10] Na década de 1930 esteve à frente de projetos de construção de hospitais da rede pública, durante a gestão de Pedro Ernesto na prefeitura do Rio de Janeiro.
Outros projetos
editarEntre 1903 e 1907, Moraes trabalhou para a ordem dos padres beneditinos, executando obras de recuperação de mosteiros da cidade do Rio de Janeiro.[11]
Projetou e construiu também residências, como o palacete da família Oswaldo Cruz, em Botafogo (já demolido), o palacete Seabra, no Flamengo (ainda preservado), e o Rio Hotel, na praça Tiradentes, além do Grande Hotel e da sua residência, ambas as construções localizadas em Petrópolis.[7] Foi autor do projeto do tumulo de Oswaldo Cruz, localizado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Ver também
editarReferências
- ↑ «Fiocruz lembra os 150 anos de Luiz Moraes Júnior». Fiocruz. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ OLIVEIRA, Benedito Tadeu de (2003). Um lugar para a ciência: a formação do campus de Manguinhos. (PDF). Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ. p. 217. ISBN 85-7541-018-0
- ↑ «Os 100 anos do Castelo da Fiocruz: criador e criatura». Brasiliana Fotográfica
- ↑ COSTA, Renato da Gama-Rosa; ANDRADE, Inês El-Jaick Andrade (2020). «Pavilhão Mourisco no contexto do ecletismo carioca.». História, Ciências, Saúde – Manguinhos. 27 (2): 551. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ OLIVEIRA, Benedito (Coord.) (2003). Um lugar para a ciência: a formação do campus de Manguinhos (PDF). Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ. p. 36. ISBN 85-7541-018-0
- ↑ «Acervo arquitetônico». Fiocruz. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ a b «Luiz de Moraes Júnior - Base Arch». basearch.coc.fiocruz.br. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ «Exposição Internacional de Higiene de Dresden, na Alemanha, em 1911»
- ↑ OLIVEIRA, Benedito Tadeu de (2014). «A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas Gerais: Reflexões sobre a nova sede». vitruvius.com.br. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ Figueiredo, Aldrin (2019). «Viver e morrer entre mares». Cadernos Do Arquivo Municipal (11): 216. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ BENCHIMOL, Jaime Larry (2020). Manguinhos do sonho à vida: a ciência na Belle Époque. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ. ISBN 9786557080238
Bibliografia
editar- ANDRADE, Inês El-Jaick; COSTA, Renato G. R.; GALLO, E. A. Edifícios da Saúde no Rio de Janeiro Oitocentista. In: Cybelle Salvador Miranda; Renato da Gama-Rosa Costa. (Org.). Hospitais e Saúde no Oitocentos: diálogos entre Brasil e Portugal. 1ed.Rio de Janeiro: Fiocruz, 2018, v. 1, p. 35-78.
- COSTA, Renato da Gama-Rosa; ANDRADE, Inês El-Jaick. Pavilhão Mourisco no contexto do ecletismo carioca. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 27, p. 543-563, 2020.
Ligações externas
editarArquivo Pessoal de Luiz Moraes Júnior sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz / Fundação Oswaldo Cruz