Luna 2
A Luna 2,[1][2] em russo Луна-2, também conhecida como Luna E-1A No.2, foi a segunda de uma série de duas missões usando a plataforma E-1A do Programa Luna (um projeto soviético), com o objetivo de obter um impacto na Lua.
Luna 2 | |
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Descrição | |
Tipo | Ciência Planetária |
Operador(es) | União Soviética |
Identificação NSSDC | 1959-014A |
Duração da missão | 33 horas e 50 minutos |
Propriedades | |
Massa | 390 kg |
Missão | |
Contratante(s) | OKB-1 |
Data de lançamento | 12 de setembro de 1959 às 06h39min42 UTC |
Veículo de lançamento | Luna (8K72) |
Local de lançamento | Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão |
Fim da missão | 14 de setembro de 1959 às 21h02min24 UTC |
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Lançada ao espaço às 06h39min42 UTC de 12 de setembro de 1959, foi a primeira nave espacial a alcançar a superfície da Lua, tornando-se também o primeiro objeto feito pelo homem a atingir outro corpo celeste.[2][3]
O impacto lunar ocorreu as 21h02min24 UTC em 14 de Setembro de 1959, a leste do Mare Imbrium, perto das crateras Aristillus, Archimedes e Autolycus.[4]
A Luna 2 era similar no projeto ao Luna 1, uma nave espacial esférica com antenas projetando-se no corpo. A instrumentação era também similar, incluindo contadores Geiger, um magnetômetro, detectores de Cherenkov e detectores de micrometeoritos. Não havia nenhum sistema de propulsão próprio.[2][5]
A Luna 1 tinha fornecido a primeira evidência do fenômeno do vento solar; para melhorar a eficiência, os quatro sensores de fluxo de plasma da Luna 2 foram modificados em um arranjo em tetraedro.
Após ser lançada e ter alcançado a velocidade de escape em 13 de setembro de 1959, a Luna 2 separou-se do terceiro estágio do veículo lançador, que viajou junto com ela para a Lua. Em 13 de setembro a espaçonave liberou uma nuvem alaranjada brilhante do gás sódio, que ajudou a realizar uma experiência do comportamento do gás no espaço. Às 21h02min de 14 de Setembro, após 33,5 horas de voo, os sinais de rádio da Luna 2 cessaram, indicando que havia impactado na Lua.
O ponto do impacto, na região de Palus Putredinis, é estimado como tendo ocorrido nas seguintes coordenadas lunares: 29° 6′ 0″ N, 0° 0′ 0″ E. Cerca de 30 minutos após o impacto da espaçonave, o terceiro estágio do veículo lançador alcançou também a Lua. A missão confirmou que a Lua não possui nenhum campo magnético mensurável e não encontrou nenhuma evidência de anéis de radiação.
Estandartes
editarA missão Luna 2 carregava três tipos de estandartes da União Soviética diferentes: dois deles, localizados na espaçonave e um terceiro localizado no terceiro estágio do foguete que também caiu na Lua cerca de 30 minutos depois da espaçonave.
Os estandartes localizados na espaçonave tinham o formato esférico e eram recobertos por elementos pentagonais idênticos, de aço inoxidável. No centro havia material explosivo para reduzir a velocidade de queda dos elementos. Cada um desses elementos possuía o brasão de armas da URSS e as letras cirílicas CCCP em um dos lados e do outro, as palavras "СССР СЕНТЯБРЬ 1959" (URSS Setembro de 1959).
O estandarte localizado no terceiro estágio, era composto por uma cápsula preenchida com líquido e fitas de alumínio dentro. Em cada uma dessas fitas, constavam: o brasão de armas da URSS, as palavras "СЕНТЯБРЬ 1959" (Setembro de 1959) e também as palavras "СОЮЗ СОВЕТСКИХ СОЦИАЛИСТИЧЕСКИХ РЕСПУБЛИК" (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).
Legado
editarA Luna 2 foi um sucesso para os soviéticos e foi a primeira de uma série de sondas (impactadores lunares) que foram intencionalmente colididas com a Lua. As missões posteriores dos Estados Unidos, como o programa Ranger, também terminaram em impactos semelhantes. Tais colisões controladas continuaram sendo úteis mesmo depois que a técnica de aterrissagem suave foi dominada.[6] A NASA utilizou impactos de espaçonaves sólidas para testar se as crateras da Lua contêm gelo, analisando os detritos lançados.[7]
O estandarte apresentado a Eisenhower está guardado na Biblioteca e Museu Presidencial Eisenhower em Abilene, Kansas, EUA.[8] Uma cópia do estandarte esférico está localizada no Cosmosphere do Kansas em Hutchinson, Kansas.[9]
Em 1º de novembro de 1959, a União Soviética emitiu dois selos comemorativos da espaçonave que mostram a trajetória da missão.[10]
Ver também
editarReferências
- ↑ Krebs, Gunter. «Luna Ye-1A». Gunter's Space Page. Consultado em 13 de janeiro de 2014
- ↑ a b c McDowell, Jonathan. «Launch Log». Jonathan's Space Page. Consultado em 13 de janeiro de 2014
- ↑ «Missions to the Moon». The Planetary Society. Consultado em 13 de janeiro de 2014
- ↑ «Luna 2». NASA - NSSDC. Consultado em 13 de janeiro de 2014
- ↑ Christy, Robert. «The Mission of Luna 2». Zarya.info. Consultado em 13 de janeiro de 2014
- ↑ Phillips, Tony (28 de julho de 2006). «Pousar na Lua por Colisão». Science@NASA. Consultado em 20 de abril de 2016
- ↑ Hoover, Rachel; Jones, Nancy Neal; Braukus, Michael (21 de outubro de 2010). «Missoes da NASA Descobrem os Tesouros Enterrados da Lua». NASA
- ↑ Ivanov, Stepan (12 de setembro de 2017). «Há 58 anos: A sonda espacial soviética Luna 2 foi lançada». Rússia Além. Consultado em 18 de março de 2019
- ↑ Dickinson, David (6 de fevereiro de 2014). «Uma História de Curiosos Artefatos Enviados ao Espaço». Universo Hoje. Consultado em 16 de março de 2019
- ↑ Cavallaro 2018, p. 49.
Bibliografia
editar- Capelotti, P. J. (2014). The Human Archaeology of Space: Lunar, Planetary and Interstellar Relics of Exploration (em inglês). [S.l.]: McFarland. ISBN 978-0-7864-5994-0
- Cavallaro, Umberto (2018). The Race to the Moon Chronicled in Stamps, Postcards, and Postmarks: A Story of Puffery vs. the Pragmatic. [S.l.]: Springer. ISBN 978-3-319-92153-2
- Corda, Stephen (2017). Introduction to Aerospace Engineering with a Flight Test Perspective (em inglês). [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 978-1-118-95336-5
- Cox, D. W. (1962). The Space Race; from Sputnik to Apollo, and Beyond. Philadelphia: Chilton Books
- Daniloff, Nicholas (1972). The Kremlin and the Cosmos . New York: Alfred A. Knopf. ISBN 978-0-394-47493-9.
Khrushchev Eisenhower.
- Hendrickx, Bart (2010). «Soviet Magnetosphere and Ionosphere Missions». In: Johnson, Stephen Barry. Space Exploration and Humanity: A Historical Encyclopedia (em inglês). 1. ABC-CLIO. ISBN 978-1-85109-519-3
- Harvey, Brian (2007). Soviet and Russian Lunar Exploration (em inglês). [S.l.]: Springer. Bibcode:2007srle.book.....H. ISBN 978-0-387-73976-2
- Huntress, Wesley T. Jr.; Marov, Mikhail Ya (2011). Soviet Robots in the Solar System: Mission Technologies and Discoveries (em inglês). [S.l.]: Springer. ISBN 978-1-4419-7898-1
- Lardier, Christian; Barensky, Stefan (2013). The Soyuz Launch Vehicle: The Two Lives of an Engineering Triumph (em inglês). [S.l.]: Springer. ISBN 978-1-4614-5459-5
- Lovell, Bernard (1959). «Here is the Evidence that the Moon was Hit». LIFE. 47 (13). Time. p. 54. ISSN 0024-3019
- Lund, Tom (2018). Early Exploration of the Moon: Ranger to Apollo, Luna to Lunniy Korabl (em inglês). [S.l.]: Springer. ISBN 978-3-030-02071-2
- Moore, Patrick; Rees, Robin (2014). Patrick Moore's Data Book of Astronomy (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-1-139-49522-6
- Ogurtsov, Maxim; Jalkanen, Risto; Lindholm, Markus; Veretenenko, Svetlana (2015). The Sun-Climate Connection Over the Last Millennium Facts and Questions (em inglês). [S.l.]: Bentham Science Publishers. ISBN 978-1-60805-980-5
- Reeves, Robert (2013). The Superpower Space Race: An Explosive Rivalry through the Solar System (em inglês). [S.l.]: Springer. 39 páginas. ISBN 978-1-4899-5986-7
- Siddiqi, Asif A. (2002). «1959» (PDF). Deep Space Chronicle: A Chronology of Deep Space and Planetary Probes 1958–2000 (PDF). Col: Monographs in Aerospace History. Washington, D.C.: NASA. 21 páginas. SP-2002-4524
- Waldstein, Maxim; Turoma, Sanna (2016). Empire De/Centered: New Spatial Histories of Russia and the Soviet Union (em inglês). London: Routledge. ISBN 978-1-317-14437-3
Ligações externas
editar- Luna E-1 (em inglês)
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