Mário Lyster Franco
Mário Augusto Barbosa Lyster Franco OC (Faro, 19 de Fevereiro de 1902 - Camarate, Loures, 20 de Agosto de 1984), foi um jornalista, escritor e político português.
Mário Lyster Franco | |
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Nome completo | Mário Augusto Barbosa Lyster Franco |
Nascimento | 19 de Fevereiro de 1902 Faro |
Nacionalidade | Portuguesa |
Morte | 20 de Agosto de 1984 Camarate, Loures |
Ocupação | Jornalista, escritor e político |
Progenitores | Pai: Carlos Lyster Franco |
Biografia
editarNascimento
editarMário Lyster Franco nasceu em 19 de Fevereiro de 1902, filho do professor e jornalista Carlos Lyster Franco.[1]
Carreira literária e profissional
editarDestacou-se desde cedo como um jornalista, tendo começado a escrever para o jornal O Algarve aos 8 anos de idade.[1] Aos 13 anos, fez parte do I Congresso Regional Algarvio, na Praia da Rocha, em Portimão.[1] Enquanto frequentava o liceu, fundou uma revista com António do Nascimento, e escrevia poesia para o jornal farense O Heraldo.[1] Fez parte do movimento de poesia futurista.[1]
Entrou na Faculdade de Direito de Lisboa, onde concluiu a sua licenciatura em 1927, regressando depois ao Algarve.[1] No entanto, não exerceu de forma significativa como jurista, tendo trabalhado principalmente como jornalista e como investigador.[1] Também exerceu como jornalista em Lisboa, durante a sua estadia na Faculdade de Direito e posteriormente, tendo trabalhado como redactor nos jornais A Pátria, O Tempo e A Palavra.[1] Foi um dos primeiros jornalistas portugueses a cobrir a Guerra Civil Espanhola, tendo em 26 de Julho de 1936 viajado até Sevilha a bordo do avião Águia Branca, de forma a fazer uma reportagem para o jornal Diário de Notícias.[1] Exerceu igualmente como redactor regional daquele periódico durante cerca de trinta anos.[1] Como jornalista, homenageou as principais figuras da cultura do Algarve, como poetas, escritores e historiadores, especialmente no jornal Correio do Sul,[1] onde também exerceu como director durante mais de quarenta anos.[2] Conseguiu afirmar o jornal como um dos mais notáveis na região do Algarve, que defendia tanto as ideias nacionalistas como oposicionistas, embora sempre lutando pelos interesses da região.[1]
Mário Lyster Franco lutou principalmente pelo desenvolvimento cultural e económico do Algarve, tendo sido, durante mais de setenta anos, um divulgador da região, tanto a nível local como em Lisboa.[1] Nesse sentido, organizou e participou em várias conferências e exposições, e editou vários livros, jornais e revistas sobre o Algarve.[1] Editou cerca de trinta livros sobre diversos assuntos, incluindo história e turismo, tendo sido pioneiro na publicação de guias bilingues sobre o Algarve, em 1944.[1] Também reuniu uma importante biblioteca de livros sobre o Algarve, que na altura chegou a ser a maior na região, e que após o seu falecimento foi parcialmente transferida para a Região de Turismo do Algarve.[1] Além de livros, a colecção também incluía o arquivo do jornal Correio do Sul, que foi preservado na biblioteca da Universidade do Algarve.[1] A partir da década de 1980, Mário Lyster Franco começou a trabalhar na sua obra Algarviana – Subsídios para uma Bibliografia do Algarve e dos Autores Algarvios, uma publicação enciclopédica sobre a região, cujo primeiro volume foi editado pela autarquia de Faro em Dezembro de 1982.[1] O segundo volume não chegou a ser publicado, devido ao falecimento de Lyster Franco em 1984.[3]
Mário Lyster Franco também se dedicou à arqueologia, tendo sido nomeado como correspondente do Instituto Arqueológico Alemão em 1960.[4] Foi um dos investigadores regionais que estudou a antiga cidade romana de Balsa, perto de Tavira.[5]
Devido às suas fortes tendências regionalistas e nacionalistas, Mário Lyster Franco foi nomeado pelo Estado Novo como presidente da Câmara Municipal de Faro durante dois mandatos,[1] de 1932 a 1934 e 1937 a 1939.[3] Exerceu posteriormente como vereador na autarquia de Faro.[1] Durante a sua permanência na autarquia farense, destacou-se por ter introduzido vários melhoramentos na cidade, como o Museu Antonino em 1932, e o monumento a José Bento Ferreira de Almeida.[1]
Falecimento
editarMário Lyster Franco morreu em Camarate, no concelho de Loures, em 20 de Agosto de 1984.[1]
Homenagens
editarMário Lyster Franco foi condecorado com o grau de oficial na Ordem Militar de Cristo em 5 de Outubro de 1932,[6] e com uma comenda da Ordem do Mérito Civil de Espanha.[1]
O nome de Mário Lyster Franco foi colocado numa rua em Loulé.[7]
Em Novembro de 2018, a Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, a Biblioteca da Universidade e o Club Farense prestaram homenagem a Mário Lyster Franco, com três conferências e a exposição Mário Lyster Franco: do Algarve ao Mundo.[3]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w «Algarviana – Publicação integral da obra aguarda-se há 25 anos». Barlavento. 2 de Março de 2007. Consultado em 30 de Março de 2019
- ↑ «Imprensa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 72 (1714). 16 de Maio de 1959. p. 210. Consultado em 30 de Março de 2019
- ↑ a b c «Ciclo de conferências e exposição sobre Mário Lyster Franco no Club Farense». Diário Online / Região Sul. 6 de Novembro de 2018. Consultado em 30 de Março de 2019
- ↑ «Homenagem ao Dr. Mário Lyster Franco» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 72 (1733). 1 de Março de 1960. p. 610. Consultado em 30 de Março de 2019
- ↑ FABIÃO, 2003:16-17
- ↑ «Cidadãos nacionais agraciados com ordens portuguesas». Presidência da República Portuguesa. Consultado em 30 de Março de 2019
- ↑ «Lista das ruas de Loulé com Coordenadas» (PDF). Câmara Municipal de Loulé. p. 2. Consultado em 30 de Março de 2019
Bibliografia
editar- FABIÃO, Carlos; et al. (2003). Tavira: Território e Poder. Lisboa e Tavira: Museu Nacional de Arqueologia e Câmara Municipal de Tavira. 359 páginas. ISBN 9727761801
Ligações externas
editar- Obras de ou sobre Mário Lyster Franco (em inglês) nas bibliotecas do catálogo WorldCat