Manuel Maria da Silva Bruschy
Manuel Maria da Silva Bruschy (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1813 — Conceição Nova, Lisboa, 12 de setembro de 1873), também referido por Manuel Maria da Silva Brusco, foi um militar do Exército Português e jurista que se destacou como jornalista, escritor e político.[1][2]
Manuel Maria da Silva Bruschy | |
---|---|
Nascimento | 15 de dezembro de 1813 Rio de Janeiro |
Morte | 12 de setembro de 1873 Lisboa |
Cidadania | Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | advogado, político |
Biografia
editarSegundo o advogado e futuro presidente da República Manoel D'Arriaga, era "esse grande moralista, filósofo e jurisconsulto que foi um dos limiares de Jurisprudência pátria e quem nos dirigiu os primeiros passos na carreira forense"[3].
Era também "extremamente simpático que devia exercer na tribuna de advogado uma forte influência no auditório"[4].
José da Silva Mendes Leal igualmente refere-se a ele como "homem deveras, homem na tempera e no juízo, na segurança da palavra e na rigidez do animo, homem dos séculos passados pela opinião como na inteireza, mas homem do seu século pela ilustração como pela amenidade, e daqueles que dizia Sá de Miranda «de um peito aberto e limpo e fé lavada!»"[5].
Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra (1830 a 1845)[6], cavaleiro professo da Ordem de Cristo, exerceu advocacia em Lisboa[7].
Foi um dos sócios fundadores do Grémio Literário[8], onde criou e deu um curso de Direito romano[9].
Biografia
editarPertencente a uma família ligada à corte do Paço Real, estando esta na altura no Brasil, ele nasce na sua capital de então e veio para Portugal Continental, em 1921, acompanhando o rei D. João VI[4].
Em 1930 dá o início aos seus estudos académicos em Coimbra[4].
Logo após alista-se como partidário de D. Miguel participando na Guerra Civil Portuguesa, servindo como tenente de engenharia[10], e depois no Partido Legitimista. Em 1834 abandonou Portugal, para estar exilado devido à sua posição política ter sido derrotada, e foi para o Rio de Janeiro estuda medicina[4] e depois para Paris[11], para aí mudar para ciências naturais[4].
Depois, para continuar a defender os seus ideais tradicionalistas, participou na Guerra Carlista de Espanha[11], alistando-se em 1837[4], tomando parte na Expedição Real, com o seu batalhão 4º de Castela, caindo prisioneiro. Regatado por Ramón Cabrera, incorporou no seu comando onde ficou afetado ao corpo de engenheiros do Exército de Aragão e Valência, ascendendo ao posto de tenente-coronel de infantaria[4]. Ainda assim voltou a ficar prisioneiro, na caída de Canhete e foi expulso desse país[10].
De regresso ao Reino de Portugal arruinado é recebido pelo comendador José Pereira Palha que lhe fez a proposta de ser o perceptor dos seus filhos na Universidade Coimbra, que lhe abriu a porta para também ele aí acabar os estudos[4].
Nessa altura, publicou no jornal literário A Semana (Cabo Verde), na Revista Académica, em Coimbra[12]. De novo em Lisboa, colabora na fundação e na direcção dos jornais legitimistas da época, A Nação e no Almanaque Português, assim como, escreveu diversas obras de direito, de história, um drama histórico[11].
Obras
editar- «D. João primeiro : drama histórico em 5 actos», Typ. de A. Sebastião Coelho, Lisboa, 1841, coautoria com José Maria da Silva Leal[13].
- «Annotações ao Compendio de direito romano de Waldeck», Imprensa da Universidade de Coimbra, 1846[7]
- «Portugal e o seu Exército», Lisboa, 1867[14]
- «Manual do direito civil portuguez, segundo a novíssima legislação», Rolland & Semiond, Lisboa, 1868[15]
- «Pep del Oli. Episodio da guerra carlista em Hespanha»[16]
Dados genealógicos
editarFilho de João Carlos Bruschy[6]
Casado a primeira vez, com sua prima D. Francisca de Paula[4].
Casado a segunda vez, a 20 Fevereiro 1860. em Santa Maria de Belém, Lisboa, com:
- Maria da Luz de Sousa Castelo Branco[2] (Coração de Jesus, Lisboa, 24 de Novembro de 1843 - S. Jorge de Arroios, Lisboa, 16 de Agosto de 1878), filha de Emília Rita Adelaide de Lacerda[17] e de José de Sousa de Castelo Branco, nascido em 1821. em Leiria, 16º senhor do Guardão. 10º senhor do prazo do Lagar d'El-Rei. Administrador dos morgados do Alecrim, do Moinho-Novo, da Banda de Além e condecorado com a Medalha da Real Efígie de D. Miguel[18].
Tiveram um filho:
- Manuel Maria Augusto da Silva Bruschy (Anjos, Lisboa, 22 de Fevereiro de 1864[19] - Cascais, 27 de Março de 1951), Director geral da Fazenda Pública e Secretário Geral do Ministério das Finanças[20][21], casado em 23 de Fevereiro de 1895, nos Anjos, Lisboa, com Francisca Amélia Salinas Figueira Freire Caldeira de Mendanha. Com geração.
Notas
- ↑ Relação e Índice Alfabético dos estudantes matriculados na Universidade de Coimbra no anno lectivo de 1841 para 1842, suas naturalidades, filiações e moradas, Coimbra, Imprensa da Universidade, pág. 14
- ↑ a b Página de nomes de indivíduos nº - 140, Famílias de Leiria, por Ricardo Charters d'Azevedo (consulta em 2.9.2022)
- ↑ Cantos Sagrados, por Manoel D'Arriaga, BoD – Books on Demand, 01/07/2022, p. 79
- ↑ a b c d e f g h i Diccionario popular: historico, geographico, mythologico, biographico, artistico, bibliographico e litterario, Volumes 15-16, por Manuel Pinheiro Chagas, Lallemant Frères, typ., 1856, p. 325
- ↑ Manoel Maria da Silva Bruschy, por J. da S. Mendes Leal Júnior, Revista contemporanea de Portugal e Brazil, Ano I, 1859, (N.º 5, Ago. 1859), pág. 204 e 205
- ↑ a b Manuel Maria da Silva Bruschy, Código de referência PT/AUC/ELU/UC-AUC/B/001-001/B/005757, Arquivo da Universidade de Coimbra, Archeevo, 18/04/2021
- ↑ a b Diccionario bibliographico portuguez: A-Z, por Innocencio Francisco da Silva, na Imprensa Nacional, 1862, pág. 55
- ↑ Sócios Fundadores, Grémio Literário, 2022
- ↑ Portugal à vol d'oiseau: Portuguezes e portuguezas, por Princeza Marie Rattazzi, Typ. litteraria de C. A. de Moraes, Rio de Janeiro, 1880, p. 277
- ↑ a b Historia del tradicionalismo español, Volume 17, por Melchor Ferrer, Ediciones Trajano, 1941, pág. 162, nota 1
- ↑ a b c https://www.zvab.com/PORTUGAL-SEU-EXERCITO-BRUSCHY-Manuel-Maria/30924177639/bd Portugal e o seu Exército, BRUSCHY. (Manuel Maria da Silva), ZVAB
- ↑ Diccionario bibliográphico portuguez: Estudos. Applicaveis a Portugal e ao Brasil. Pedro de S. - Zach, Volume 7, por Innocencio Francisco da Silva, Impr. Nacional, 1862, pág. 149 e 227
- ↑ D. João primeiro, por Manuel Maria da Silva Bruschy, booksgoogle (digitalizado)
- ↑ https://www.zvab.com/PORTUGAL-SEU-EXERCITO-BRUSCHY-Manuel-Maria/30924177639/bd Obra em que o autor analisa as necessidades de defesa de Portugal e as ameaças a que o país podia estar sujeito e sugere formas de organizar a defesa, preparar as fortificações e estruturar o exército com propostas muito pormenorizadas relativas ao número de efectivos, custos, abastecimentos e equipamento. - Portugal e o seu Exército, BRUSCHY. (Manuel Maria da Silva), ZVAB
- ↑ Manual do direito civil portuguez, por Manuel Maria da Silva Bruschy, booksgoogle
- ↑ Historia del tradicionalismo español, Volume 20, por Melchor Ferrer, Ediciones Trajano, 1941, p. 46, nota 2
- ↑ Página de nomes de indivíduos nº - 165, Famílias de Leiria, por Ricardo Charters d'Azevedo (consulta em 2.9.2022)
- ↑ Página de nomes de indivíduos nº - 165, Famílias de Leiria, por Ricardo Charters d'Azevedo (consulta em 2.9.2022)
- ↑ Processo de Requerimento de Passaporte de Manuel Maria Augusto da Silva Bruschy, DGARQ - Direcção-Geral de Arquivos, 2008
- ↑ Registo de descrição PT/AMM/CFLLTV/TT-CR - Casa Real e Casas Anexas, ANTT
- ↑ "Estudou na Escola Politécnica de Lisboa, ingressando em 1888 no funcionalismo público, na Direção Geral da Contabilidade Pública. Em 1906 foi nomeado Chefe da Repartição de Contabilidade do Ministério do Reino. Entre 1911 e 1919 ocupou os cargos de Diretor Geral da Fazenda Pública e de Secretário Geral do Ministério das Finanças. Em 1919 tornou-se diretor do Banco Colonial, onde permaneceu até à fusão deste com o Banco Agrícola." - O Palácio Nacional da Ajuda e a Sua Afirmação como Museu (1910-1981), por Luís Filipe da Silva Soares, pág. 82, nota 295. “BRUSCHY (Manuel Maria Augusto da Silva)”, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. 5, pp. 150-151. ACMF, Processo individual do funcionário Manuel Maria Augusto da Silva Bruschy, A21(9).