Madalena Barbosa
Maria Madalena Freire Avelar Barbosa, mais conhecida como Madalena Barbosa nasceu em (Faro,1942 — Lisboa, 21 de fevereiro de 2008), foi uma das dirigentes e fundadoras, em Maio de 1974, do Movimento de Libertação das Mulheres, criado para "lutar pelo direito de igualdade sem discriminação de sexo". [1]
Madalena Barbosa | |
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Nascimento | 13 de março de 1942 Faro |
Morte | 21 de fevereiro de 2008 (65 anos) Lisboa |
Cidadania | Portugal |
Alma mater | |
Ocupação | ativista pelos direitos das mulheres, ativista, política, documentalista |
Biografia
editarPrimeiros anos, casamento e formação
editarMaria Madalena Barbosa nasceu na cidade de Faro, no Algarve, no dia 13 de Março de 1942. [2] Fazia parte família Freire, originária da cidade de Silves.[3]
Partiu com os pais para Angola, onde casou ainda durante a juventude, tendo tido lá as duas primeiras filhas. Em 1964 fixou-se em Lisboa com a família, cidade onde teve mais dois filhos e duas filhas.[3][4]
Após o divórcio, licenciou-se em História pela Faculdade de Letras de Lisboa, e posteriormente tirou o mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa com a tese Invisibilidade e Tectos de Vidro: Representações do Género na Campanha Eleitoral Legislativa de 1995. [3][1][5]
Activismo
editarMadalena Barbosa defendeu a igualdade de direitos das mulheres, pelo direito ao divórcio, e pela despenalização do aborto voluntário, entre outras causas.[3]
Destacou-se principalmente por ter lutado pelos direitos das mulheres, tendo sido uma das fundadoras e dirigentes do Movimento de Libertação das Mulheres em 1974, que foi criado na sequência da fundação da Associação de Planeamento para a Família em 1968, e do Movimento Democrático de Mulheres no ano seguinte. [3][6][1]
Ela e outras figuras portuguesas criaram em 1978 o Movimento pela Contracepção e Aborto Livre, responsável pela Campanha Nacional pelo Aborto e Contracepção (CNAC) no ano seguinte e da qual Madalena é uma das porta-voz. [7][8][9]
Foi responsável pela criação dos primeiros centros de documentação feministas portugueses na década de 80, nomeadamente da Cooperativa Editorial de Mulheres e do IDM (Informação e Documentação sobre Mulheres), cujo espólio se encontra actualmente sob a alçada a UMAR. [10][9][11][1]
Na década de 80, fez parte da Comissão da Condição Feminina (actual Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género), que foi criada pelo governo português para eliminar a discriminação contra as mulheres em Portugal. [3][12][13]
Nas eleições autárquicas de 2007 candidatou-se à Câmara Municipal de Lisboa pelo agrupamento de esquerda Movimento Cidadãos por Lisboa. [14][15]
Em reconhecimento pelos seus esforços pela igualdade, foi nomeada como representante de Portugal em várias conferências da União Europeia sobre direitos humanos.[3][13]
Também foi responsável pela preparação dos assuntos sobre a igualdade, durante a presidência portuguesa da União Europeia.[3]
Falecimento
editarFaleceu em 2008, vítima de doença repentina, tendo sido cremada no dia 22 de Fevereiro no Cemitério do Alto de São João em Lisboa. [3][4]
Pouco tempo antes da sua morte, expressou o seu desejo de ver publicada uma compilação dos vários textos que escreveu para a imprensa, obra que foi apresentada por Maria Isabel Barreno ao público no dia do seu funeral, com o título Que Força é Essa?.[3][16][4]
Reconhecimento
editarAquando da sua morte, o parlamento português ficou um minuto em silêncio e emitiu um voto de pesar. [17]
Em 2009 a Câmara Municipal de Lisboa e a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) criaram em sua homenagem o Prémio Madalena Barbosa com forma de premiar projectos na área da igualdade de género.[18] No primeiro ano foram com ele agraciados a AMI, UMAR – União de Mulheres Alternativa Resposta e Núcleo de Investigação “Faces de Eva” da Universidade Nova de Lisboa. [19] Em 2019 o Prémio Madalena Barbosa foi atribuído ao Festival Feminista de Lisboa.[20][18][21]
Obras seleccionadas
editar1998 - Invisibilidade e tectos de vidro: representações do género na campanha eleitoral legislativa de 1995 no jornal "Público", editado pela Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, ISBN 972-597-152-3 [22][5][23]
2008 - Que Força é essa?, editora Sextante, Lisboa, ISBN 978-989-8093-57-8 [24]
Referências
- ↑ a b c d «As feministas de um país oficialmente sem feminismo» (PDF). Público: 14-15. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ «Anexo I - Regras Concursais do Prémio Madalena Barbosa, 6ª Edição» (PDF). Câmara Municipal de Lisboa. Boletim Municipal da Câmara Municipal de Lisboa: 1196. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j Marreiros, Glória Maria (2015). Algarvios pelo coração, algarvios por nascimento. Lisboa: Edições Colibri. pp. 361–362. ISBN 978-989-689-519-8
- ↑ a b c Branco, Sofia. «1942-2008 Madalena Barbosa A incansável feminista». PÚBLICO. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ a b «Invisibilidade e tectos de vidro: representação do género na campanha eleitoral legislativa de 1995 no Jornal Público». www.europeana.eu (em inglês). Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ Atkin, Rhian (5 de julho de 2017). Lisbon Revisited: Urban Masculinities in Twentieth-Century Portuguese Fiction (em inglês). [S.l.]: Routledge
- ↑ «Campanha Nacional pelo Aborto e Contracepção - CNAC»
- ↑ «Entrevista a Madalena Barbosa sobre os objectivos e a receptividade da campanha da CNAC». casacomum.org. Casa Comum. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ a b «Faleceu Madalena Barbosa, destacada feminista portuguesa». Esquerda. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ Tavares, Manuela (8 de novembro de 2012). Feminismos: Percursos e Desafios. [S.l.]: Leya
- ↑ «Historial – Centro de Documentação Elina Guimarães». Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ «Decreto-Lei 485/77, 1977-11-17». Diário da República Eletrónico. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ a b Portugal, Rádio e Televisão de. «Feminista Madalena Barbosa morreu hoje aos 66, depois de uma vida dedicada a defender direitos das mulheres». Feminista Madalena Barbosa morreu hoje aos 66, depois de uma vida dedicada a defender direitos das mulheres. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ «Candidatura "Cidadãos por Lisboa" à eleição intercalar de 2007 para a Câmara Municipal de Lisboa» (PDF). 2007
- ↑ «:: Intercalares de Lisboa 2007 ::». www.eleicoes.mai.gov.pt. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ «Que força é essa - Livro - WOOK». www.wook.pt. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ Portugal, Rádio e Televisão de. «Parlamento cumpre um minuto de silêncio para homenagear Madalena Barbosa». Parlamento cumpre um minuto de silêncio para homenagear Madalena Barbosa. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ a b «Prémio Municipal Madalena Barbosa»
- ↑ «Reconhecimentos». AMI. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ Friaças, Andreia. «O Festival Feminista de Lisboa não precisou de "vender a alma" para receber um prémio». PÚBLICO. Consultado em 14 de abril de 2019
- ↑ «Festival Feminista recebe Prémio Madalena Barbosa». www.lisboa.pt. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ Barbosa, Madalena (1998). Invisibilidade e tectos de vidro: representações do género na campanha eleitoral legislativa de 1995 no jornal "Público". Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, Alto Comissário para a Igualdade e a Família, Presidência do Conselho de Ministros. OCLC 56804530
- ↑ «nvisibilidade e tectos de vidro : representações de género na campanha eleitoral legislativa de 1995 no Jornal "Público"». catalogo.bnportugal.pt. Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
- ↑ «Que Força É Essa?». catalogo.bnportugal.pt. Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 23 de fevereiro de 2021
Bibliografia
editar- MARREIROS, Glória Maria (2015). Algarvios pelo coração, algarvios por nascimento. Lisboa: Edições Colibri. 432 páginas. ISBN 978-989-689-519-8
Ligações externas
editar- «Notícia da morte de Madalena Barbosa, no weblog O Mal da Indiferença»
- Artigo Escrito por Madalena Barbosa em 1982 para a revista Lua: Política da sexualidade: a natureza das coisas