Valdina de Oliveira Pinto, conhecida como Makota Valdina (Salvador, 15 de outubro de 1943[1] — Salvador, 19 de março de 2019), foi uma educadora, sacerdotisa religiosa e ativista brasileira. Valdina atuou boa parte da sua vida na luta pelo combate a Intolerância religiosa, como porta-voz das religiões de matriz africana, bem como dos direitos das mulheres, do meio ambiente e da população negra. Com a iniciação seu nome religioso passou a ser Makota Zimeuanga (Makota Zimeuaanga).[1]

Valdina Pinto
Makota Valdina
Nome completo Valdina de Oliveira Pinto
Nascimento 15 de outubro de 1943
Salvador, BA
Morte 19 de março de 2019 (75 anos)
Salvador, BA
Nacionalidade brasileira
Ocupação
  • Makota
  • educadora
  • ativista

Macota nasceu no bairro do Engenho Velho da Federação, na cidade de Salvador, Bahia, era filha de Eneclides de Oliveira Pinto e de Paulo de Oliveira Pinto.[1]

Formou-se em 1962 pelo antigo Instituto Educacional Isaías Alves (IEIA), atual ICEIA, entretanto, bem antes desta data já atuava na comunidade. Ensinou na Associação dos Moradores de Bairros, em escolas, e até na sua própria casa. Por conta da sua atuação na comunidade através do viés educacional, foi convidada a lecionar português nas Ilhas Virgens a um grupo de estrangeiros que viriam ao Brasil pelo Corpo da Paz. [1]

No início da década de 70 Macota abandonou o catolicismo, e em 1975, iniciou-se no Candomblé. No Terreiro Tanuri Junsara, liderado pela Sra. Elizabeth Santos da Hora, foi confirmada para o cargo de Macota – assessora da Nengua inquice (Mãe-de-Santo). Com a iniciação, recebeu seu nome de origem africana, tornando-se a Macota Zimeuanga.[1]

Foi membro do Conselho Estadual de Cultura da Bahia. Exerceu a função religiosa de Macota (assistente de mãe de santo) do Terreiro Nzo Onimboiá, no Engenho Velho da Federação, bairro em que nasceu e cresceu.[2] Desde a década de 1970, Valdina lutava contra a Intolerância religiosa e o racismo.

Durante os mais de cinquenta anos de ensinamentos e atividades em prol da preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, Macota Valdina recebeu diversas condecorações, como o Troféu Clementina de Jesus (UNEGRO), Troféu Ujaama, Medalha Maria Quitéria e Mestra Popular do Saber.[3]

Em 2013, ela lançou o livro Meu Caminho, Meu Viver, durante um evento no Forte da Capoeira, no Largo Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador. O mês escolhido para o lançamento da obra simbolizou a morte de Zumbi dos Palmares, representante da resistência negra à escravidão no Brasil. Na ocasião, Macota disse esperar que o livro motivasse as pessoas a registrar suas histórias, principalmente os negros. "A história de vida de cada negro é parte de uma história coletiva que ainda está por ser verdadeiramente conhecida por muitos", escreveu na obra.[3]

Dirigido por Joyce Rodrigues, o documentário Makota Valdina - Um jeito Negro de Ser e Viver, retratou sua vida e recebeu o primeiro Prêmio Palmares de Comunicação, da Fundação Cultural Palmares, na categoria Programas de Rádio e Vídeo.[4] Em 2013, Makota Valdina publicou o livro de memórias intitulado "Meu caminhar, meu viver".[5]

Foi homenageada com os prêmios: Troféu Clementina de Jesus, da União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO), Troféu Ujaama, do Grupo Cultural Olodum, Medalha Maria Quitéria, da Câmara Municipal de Salvador, e Mestra Popular do Saber, pela Fundação Gregório de Mattos.[6]

A religiosa, faleceu na madrugada do dia 19 de março de 2019, Segundo a família, Macota estava hospitalizada há um mês, no Hospital Teresa de Lisieux. Ela teria dado entrada na unidade com dores causadas por pedras no rim, mas, durante a internação foi constatada um abcesso no fígado e, no domingo, Macota sofreu uma parada cardio-respiratória. Ela entrou em coma e não resistiu.[7] Seu corpo foi velado no Cemitério Jardim da Saudade, Makota não deixou filhos biológicos.[3]

Literatura

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  • Meu Caminho, Meu Viver (2013)

Referências

  1. a b c d e Neidjane Gonçalves dos Santos, Trajetória, memória e vivência de Valdina Pinto de Oliveira, Pensando Áfricas e suas diásporas, NEABI – UFOP - Mariana/MG, Vol. 01 N. 01 – jan/jun 2015, Anais do III Seminário Pensando Áfricas e suas diásporas - parte 1
  2. Estela Marques (21 de agosto de 2013). «"É preciso ensinar o respeito necessário ao candomblé"». Revista Fórum 
  3. a b c «Após ritual, líder religiosa e educadora Macota Valdina é enterrada sob forte comoção em Salvador». G1. 19 de março de 2019 
  4. Ubiratan Castro de Araújo. «Saberes e viveres de mulher negra: Makota Valdina» (PDF). Revista Palmares 
  5. «Makota Valdina lança o livro "Meu caminhar, meu viver"». Correio Nagô. Novembro de 2013 
  6. Ingrid Maria Machado (17 de outubro de 2013). «'É preciso ser sujeito e não objeto', diz Makota Valdina sobre o candomblé». G1 
  7. Perla Ribeiro (19 de março de 2019). «Morre em Salvador a líder religiosa Makota Valdina». Correio 

Ligações externas

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