Nota: Este artigo é sobre o capítulo da Bíblia. Para o papa de mesmo nome, veja João XV.

João 15 é o décimo-quinto capítulo do Evangelho de João no Novo Testamento da Bíblia. Este capítulo é uma continuação do Discurso de adeus, iniciado no capítulo anterior, e está dividido em duas partes. Na primeira, conhecida como "A Videira" (João 15:1–17), João trata do amor de Jesus e como Ele é a fonte da vida para a comunidade. O trecho restante (João 15:18–27) é o início da terceira parte do Discurso de adeus e, segundo alguns autores, forma uma unidade com o capítulo seguinte[1].

Jesus como A Videira, um dos temas de João 15.
Ícone bizantino do século XVI atualmente no Museu Bizantino e Cristão de Atenas.

A Videira

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 Ver artigo principal: A Videira

João 15:1–17 é uma meditação sobre Jesus como fonte da vida para a comunidade e expande o tema da relação entre mestre e discípulo presente nos Evangelhos[1][2]. Logo no início, Jesus afirma que é a videira, o que tornou comum o uso do termo como uma referência à sua doutrina[1]. Os discípulos (e, portanto, a comunidade) são referidos como os ramos que dela dependem:

«Eu sou a videira; vós sois as varas. Aquele que permanece em mim, e no qual eu permaneço, dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer.» (João 15:5)

Os versículos 9 e 10 então traçam paralelos entre a relação de Jesus e seus discípulos e a relação especial de Jesus e o Pai[2]:

«Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.» (João 15:9–10)

Mais adiante, este padrão se repete em João 17:18, quando Jesus "envia seus discípulos para o mundo" da mesma forma que o Pai o enviara para mundo[3]. Além disso, este padrão de relacionamento de mestre e discípulo reafirma a doutrina do Bom Pastor de João 10, pela qual "se entrega a vida obedientemente"[2][4]. O tema da instrução também enfatiza que a permanência "em Jesus" resulta em frutificação (tal como a videira)[1].

Jesus então proclama seu radical mandamento de amor:

«Este é o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.» (João 15:12)

Depois de chamar seus discípulos de "amigos" em João 15:14, Jesus termina seu discurso reiterando a importância do amor[1]: «Isto vos mando, que vos ameis uns aos outros.» (João 15:17)

Se o mundo vos aborrece

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 Ver artigo principal: João 16

Jesus então inicia a preparação dos discípulos para a sua missão num mundo que os odiará. Este discurso inicia-se em João 15 e avança por todo o capítulo seguinte. Este capítulo termina com uma advertência aos discípulos para que esperem perseguições e com uma promessa do Paráclito (o Espírito Santo). Esta referência («Quando, porém, vier o Paráclito, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, esse dará testemunho de mim» (João 15:26)) ao Espírito trata-o como tendo sido enviado "pelo Filho a partir do Pai" acabou ganhando enorme influência durante os debates sobre a natureza da Trindade e, principalmente, na disputa sobre a cláusula Filioque entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Latina.

Manuscritos

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Ver também

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Precedido por:
João 14
Capítulos da Bíblia
Evangelho de João
Sucedido por:
João 16

Referências

  1. a b c d e Reading John: A Literary and Theological Commentary on the Fourth Gospel by Charles H. Talbert 1999 ISBN 1573122785 page 219-229
  2. a b c Patterns of Discipleship in the New Testament by Richard N. Longenecker 1996 ISBN 0802841694 pages 85-87
  3. John by Andreas J. Kostenberger 2004 ISBN 080102644X pages 424-441
  4. The Word of Life: A Theology of John's Gospel by Craig R. Koester 2008 ISBN 0802829384 page 196

Ligações externas

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