Marambaia (Belém)
Marambaia é um bairro periférico da zona norte do município de Belém (PA)[1] pertencentes ao distritos administrativos da Sacramenta (DASAC) e do Entroncamento (DAENT),[2] cujas terras pertenciam ao sr. João Baltazar,[3] localizado na porção NE em uma área de transição social próximo a saída da cidade[2] Rodovia BR 316 e da Rodovia Augusto Montenegro, principal via de acesso para os distritos de Icoaraci e Outeiro (que segue o traçado da antiga estrada de ferro Belém-Bragança desativada na década de 60). O bairro passa por valorização do mercado imobiliário, com a construção de vários prédios residências em torno da Marambaia, principalmente na Augusto Montenegro (chamado de Nova Belém).
A Marambaia faz limites com os seguintes bairros: noroeste: Val-de-Cans, norte: Mangueirão; leste e sudoeste: Sacramenta; sul: Souza e sudeste: Castanheira. A Avenida Tavares Bastos é uma importante via do bairro, que inicialmente era apenas uma estrada secundária por ser tão afastada do centro, mas que sempre teve vida própria, atualmente apresenta faculdades, supermercados (Líder Marambaia e Supermercado Mateus), posto de saúde, farmácias, clinicas de estética, bancos, igrejas, fast foods, escolas. Outra via importante é a rua da Mata, é uma das mais antigas e extensas da área, chamada de "Marambaia Velha", que inicia próximo à avenida Pedro Álvares Cabral e/ou avenida Júlio César, indo até a 6ª rua, próximo à praça Tancredo Neves. A Avenida Rodolfo Chermont é outra via muito importante do bairro e concentra estabelecimentos comerciais diversos, além da feira do Médice e da praça Dom Alberto Ramos.[4] Na área da “Nova Marambaia” está o conjunto da Cohab ou "Gleba I", o Parque Ecológico do Município de Belém Gunnar Vingren (PEMB)[5] e a primeira Estação de Coleta Seletiva do município.[6]
O Bairro da Marambaia destaca-se devido as grandes áreas verdes no local, porém são de uso restritos, devido serem em áreas militares e ao Parque Ecológico.[2] Também existe uma boa quantidade de praças e corredores arborizados nos conjuntos habitacionais horizontais do bairro, caracterizando um planejamento na ocupação do local.[2] Mas em 2015, o bairro sofreu uma perda significativa de área verde, devido obras de infra-estrutura da malha rodoviária do município de Belém, para construção do complexo viário Júlio César Ribeiro de Souza.[2] Algumas áreas não estão no projeto de preservação, mas são apenas áreas estratégicas para implementação de obras publicas ou militares.[2]
Etimologia
editarO termo Marambaia tem origem no tupi-guarani “Mbara-mbai”, que significa “cerco do mar” ou "caminho do mar" ou restinga.[7]
História
editarNo final da década de 1950, na cidade de Belém já havia ocupado todos os terrenos firmes sem alagamentos da 1ª Légua patrimonial nos bairros do Marco e Souza, favorecendo à expansão nas áreas de várzea através da construção de: conjuntos habitacionais, assentamentos populacionais como Cidade Nova e Nova Marambaia,[8] nos eixos viários das Rodovias BR-316 e Augusto Montenegro a partir da década de 1960,[9] e com o avanço da estrada Belém-Brasília com o presidente Juscelino Kubitschek.
O então prefeito de Belém, Waldir Bouhid iniciou a abertura de via a partir da Estrada de Ferro (que passava na Avenida Tito Franco), iniciando a Marambaia Velha com a rua da Mata. Área considerada interior, com características rurais, caminhos de chão batido, presença de estábulos/vacarias, igarapé no meio da mata, onde se chegava apenas de trem.[10]
A ocupação de Belém na década de 1950 era fragmentada, com a seguinte divisão:
- Área central: bairro do Comércio;
- Bairros periféricos ao centro: Cidade Velha e Reduto;
- Bairros da Zona Sul, Batista Campos, Jurunas, Cremação, Condor (Belém), Guamá;
- Bairros da Zona Leste, Nazaré, São Braz, Canudos, Terra Firme, e;
- Bairros da Zona Norte: Umarizal, Matinha, Telégrafo Sem Fio, Sacramenta, Pedreira, Marco, Sousa, Marambaia.
Na década de 1950 os bairros localizados na na zona norte e da zona sul apresentavam índices de crescimento muito expressivos, o da Marambaia alcançou um índice de 112,04%, Sacramenta 210,69%, e; Sousa 201,22%. Eram considerados os bairros de maior crescimento demográfico, chamados de bairros populares, em contraste com os velhos bairros, do Comércio com diminuição de 15,57%; Reduto 23, 21%, e; Cidade Velha um crescimento de 23,25%.[11]
Na década de 1960 continuaram sendo os bairros mais populosos de Belém, com cerca de 280 mil pessoas.[12] Fato devido serem ocupadas por uma população considerada pobre e bastante prolífera, que residia em pequenas residências precárias, em ocupações de estrutura desordenada caracterizada por ruas tortuosas com matos e nas margens lodosas de igarapés e arruamentos. Enquanto a área central se esvaziava, devido a invasão do comércio e da elite local, e os bairros iniciais da zona leste se estabilizam em amplos quarteirões com largas avenidas.[12]
Conjunto Nova Marambaia ou Cohab Gleba
editarEm 1960 inicio da construção da infra-estrutura de acesso ao distrito de Icoaraci, e do Conjunto Nova Marambaia na Rodovia Augusto Montenegro (chamado de Nova Belém) e a expansão imobiliária para a Augusto Montenegro.[9] Configurando a Região Metropolitana de Belém (RMB), criada por lei complementar em 1973. Devido a viabilização da dispersão urbana e a formação polinucleada do município.
O conjunto habitacional "Nova Marambaia" ou "Gleba I" foi entregue ao moradores em 1968, parcialmente construído, com apenas 834 casas das 2.500 previstas.[13] Esse processo continua na década de 1970 com o Governo de Alacid Nunes (1966-1971), preocupado em diminuir o problema das habitações precárias sub-humanas, iniciou a edificação de núcleos de residência dignos para os necessitados, gerando empregos, viabilizando o desenvolvimento regional, fortalecimento do setor da construção civil e ocupação da mão-de-obra, através da BNH (Banco Nacional de Habitação), SFB (Sistema Financeiro da Habitação) e da COHAB (Companhia de Habitação).[9] A Prefeitura ficou com a função de equipar a área com praças, mercado público, posto médico e ao governo estadual coube a construção de grupos escolares e serviço de água encanada e esgotos.[13] Tornando-se na época um conjunto pouco habitado e que não possuía linha regular de transporte público, onde os moradores andavam 18 Km para chegarem ao centro da cidade.[12]
As áreas de várzea são vistas como alvo estratégico à especulação imobiliária nas áreas centrais. Como o caso na Avenida Doca de Souza Franco onde ocorreu aterramento, implantação de serviços infraestruturais promovidos pelo Estado e substituição das habitações em palafita por edifícios supervalorizados, ocorrendo o redirecionando desses habitantes para o Conjunto Nova Marambaia (1970).[12]
Em 2010, após 40 anos o então prefeito de Belém, Duciomar Costa fez melhorias na infraestrutura no conjunto Gleba II formado por 23 ruas, com obras de terraplenagem, saneamento, pavimentação e iluminação das vias.[14] Em paralelo ocorre a reforma do Conjunto Gleba I ou Nova Marambaia, com obras de recuperação do saneamento e asfaltamento.[14]
Feira
editarA feira da Marambaia iniciou nos anos 60, por moradores da região, como ponto de passagem para o distrito de Bengui.
Conjunto Medici I e II
editarO conjunto Medici I, que inicia a partir da rua Rodolfo Chermont e termina após a Avenida Santarém, é conhecido pela vasta área verde decorrente da Rua da Marinha, que chega ao conjunto via rua da mata, ao adentrar vê-se a Feira do Medici e o Cemitério São Jorge. Em seguida a Praça Dom Alberto Ramos, usada como ponto de referência, utilizada para o lazer dos moradores com eventos nos finais de semana.
O conjunto Medici II é conhecido por possuir variadas opções culinárias. A lanchonete Puro Sabor é um dos motivos que fazem o conjunto ser famoso. Também o Eguatchê Espetinhos, vencedor do concurso culinário Comida Di Buteco. Além de conter a praça da Rua da Mata que conta com vários vendedores de lanches.
Parque Ecológico de Belém
editarO Parque Ecológico do Município de Belém Gunnar Vingren (PEMB) possui 44 hectares, equivalente a 110 campos de futebol, localizado entre os conjuntos habitacionais Presidente Médici e Bela Vista, nos bairros da Marambaia e Val de Cans, administrado pela Secretaria de Meio Ambiente do Município de Belém (SEMMA). Sendo criado no século XX em 1991, em uma área doada a Prefeitura pela Associação dos Moradores do Conjunto Médici, com a reivindicação da criação de um Parque Ecológico com fins de preservação à biodiversidade local e com uma área de visitação destinada à população.
Este parque não possui uma estrutura apropriada para visitação, devido falta de verba orçamentária, as visitas são restritas para grupos institucionais, focado em estudo e pesquisa. No local existem: um quiosque, um chalé (centro de referência para atividades educacionais, científicas e culturais), cinco trilhas e uma ponte sobre o canal São Joaquim e outra na região de várzeas.
Referências
- ↑ «Bairros de Belém» (PDF). Belem.pa.gov.br
- ↑ a b c d e f Borges, Cézar Augusto Reis da F.; Marim, George Costa; Rodrigues, José Edílson Cardoso (2012). «MAPEAMENTO DA COBERTURA VEGETAL DO BAIRRO DA MARAMBAIA – BELÉM/PA» (PDF). REVSBAU, Piracicaba. ISSN 1980‐7694 Verifique
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(ajuda). Consultado em 20 de julho de 2017 - ↑ «Marambaia». www.belem.pa.gov.br. Consultado em 14 de julho de 2017
- ↑ «Marambaia: bairro acolhedor e de comércio variado». Diário Online - Pará (em inglês). Consultado em 14 de julho de 2017
- ↑ «Marambaia: bairro acolhedor e de comércio variado». Diário Online - Pará (em inglês). Consultado em 20 de julho de 2017
- ↑ «Marambaia ganha estação de coleta seletiva». noticias.orm.com.br. Consultado em 20 de julho de 2017
- ↑ Hollanda, Infront Informatização Empresarial, Ricardo Borgneth, Spell Marcos Buarque de. «Brasiliana | O tupi na geografia nacional - Página: 280». www.brasiliana.com.br (em inglês). Consultado em 9 de agosto de 2017
- ↑ Soares, Antonio Carlos Lobo (2009). «IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO SOBRE PARQUES PÚBLICOS: ESTUDO DE CASO DO PARQUE ZOOBOTÂNICO DO MUSEU GOELDI (BELÉM – PA)» (PDF). Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Urbano. Consultado em 20 de julho de 2017
- ↑ a b c Donato, Alexandre Valente Moreira; de Oliveira, Janete Marília Gentil C. «PRODUÇÃO DE CONDOMÍNIOS FECHADOS E ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA NA RODOVIA MÁRIO COVAS, REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM.». Encontro Nacional de Geógrafos. Consultado em 20 de julho de 2017[ligação inativa]
- ↑ Rodrigues, Venize Nazaré Ramos (2010). «MEMÓRIAS DA BELÉM DE ANTIGAMENTE: ESPAÇO SÓCIO CULTURAL DA CIDADE.» (PDF). EDUEPA. ANPUH. Consultado em 9 de agosto de 2017
- ↑ «Nomes do Rádio Paraense». www.oparanasondasdoradio.ufpa.br. Consultado em 20 de julho de 2017
- ↑ a b c d Pimentel, Márcia Aparecida da Silva; Santos, Viviane Corrêa (2012). «A OCUPAÇÃO DAS VÁRZEAS NA CIDADE DE BELÉM: CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS.». UFAM. REVISTA GEONORTE, Edição Especial, V.2, N.4, p.34 – 45,. Consultado em 9 de agosto de 2017
- ↑ a b MÜLLER, SHIRLEY COELHO (2015). «O ESPAÇO PARA A CRIANÇA E A CRIANÇA NOS ESPAÇOS DOS EMPREENDIMENTOS DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM» (PDF). PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO. Consultado em 20 de julho de 2017
- ↑ a b «Duciomar Costa entrega obras de saneamento e habitação em Belém». PTB (em inglês)