Marcos de Araújo Costa

Marcos de Araújo Costa (Paulistana, 1778 — Padre Marcos, 1850) foi padre, educador e político brasileiro. Foi Presidente do Conselho Geral e vice-presidente da Província do Piauí. Exerceu também o cargo de deputado provincial do Piauí (1835-1837).[1]


Marcos de Araújo Costa
Marcos de Araújo Costa
Padre Marcos de Araújo Costa, irmão caçula de D. Inácio Francisco de Araújo Costa
Nome completo Marcos de Araújo Costa
Conhecido(a) por Padre Marcos
Nascimento 1778
Paulistana
Morte 04 de Novembro 1850
Fazenda Boa Esperança, Padre Marcos
Residência Casa do Padre Marcos
Nacionalidade  Brasileiro
Progenitores Mãe: D.Maria Rodrigues de Santana
Pai: D.Marcos Francisco de Araújo Costa
Ocupação Padre, Educador, Político

Dados biográficos

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Filho de dona Maria Rodrigues de Santana e do ouvidor-geral Marcos Francisco de Araújo Costa, Padre Marcos nasceu na casa de seus avós maternos, no arraial de Paulistas, antiga povoação de Paulista, atualmente cidade de Paulistana.[2]

Estudou no Seminário de Olinda e foi aluno do padre e educador republicano e nacionalista Padre João Ribeiro[3] e também de José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho, este fundador do Seminário de Olinda juntamente com 33 seminaristas, incluindo Padre Marcos[4], aquele, participante da Revolução Pernambucana de 1817. E, na segunda metade do curso, transferiu-se para o Seminário Maior de Coimbra, onde ordenou-se em 1805, aos 27 anos de idade.[5]

Foi sacerdote em Recife (1805 a 1811), no interior do Rio Grande do Norte (1811 a 1813) e, no período de 1813 a 1820, assumiu a paróquia de N. Sra. da Vitória, em Oeiras.[5]

Padre Marcos de Araújo Cosa faleceu no dia 4 de novembro de 1850, na fazenda de Boa Esperança, vila de Jaicós, atualmente município de Padre Marcos, quando ainda exercia a função de vice-presidente da Província do Piauí.[5]

Atuação política

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Padre Marcos foi eleito para o primeiro quadriênio do Conselho de Governo da Província do Piauí (1825 – 1829) e reeleito para o segundo quadriênio (1829 – 1833). Assumiu concomitantemente a vice-presidência do conselho e da província.[5]

Exerceu o cargo de primeiro vice-presidente da Província do Piauí nos governos de Manoel de Sousa Martins, que era seu primo legítimo[6], Anselmo Francisco Peretti, Inácio Francisco Silveira da Mota e José Antônio Saraiva.[5]

Como membro do Conselho de Governo da Província, Padre Marcos exerceu um papel relevante para elevação da antiga povoação de Jaicós, atualmente município de Jaicós, à condição de vila. Após a instalação da vila, em 21 de fevereiro de 1834, Padre Marcos elegeu-se vereador e presidente da Câmara de Jaicós e desempenhou essas funções por muitos anos (até 1848). Posteriormente, assumiu pela quarta vez a vice-presidência da província do Piauí.[7]

Sua família próxima sempre teve uma atuação política relevante, no plano estadual e nacional, a partir da segunda metade do Século XVIII, a começar por seu avó materno, Valério Coelho Rodrigues, que ocupou os cargos reunidos de ouvidor-geral, provedor da real fazenda e dos defuntos e ausentes, capelas e resíduos da capitania, tendo sido indicado para mestre-de-campo do terço de infantaria auxiliar da guarnição do Piauí, no ano de 1771.[8]

Seu pai, Marcos Francisco de Araújo Costa, foi membro da Junta Trina de Governos da Capitania do Piauí, nos anos de 1780 e de1784, na qualidade de ouvidor-geral.[9]

Seus tios maternos, José Rodrigues Coelho e Lourenço Rodrigues Coelho, também foram membros da Junta Trina de Governos da Capitania do Piauí, nos anos de 1790 e de 1797, respectivamente, na qualidade de vereador mais velho da antiga capital Oeiras.[10]

O Padre Marcos era primo legítimo de Manoel Rodrigues Coelho Filho[11], pai do jurista e político Antônio Coelho Rodrigues, que foi conselheiro do Império, deputado geral (1869-1872 e 1878-1886), senador do Brasil (1893-1896) e prefeito do então Distrito Federal (1900), na Primeira República Brasileira.[12]

Seu irmão, Tenente-Coronel Inácio Francisco de Araújo Costa, também foi membro Conselho de Governo da Província do Piauí (1825-1828) e exerceu o cargo de presidente da província do Piauí (1828-1829).[13] Posteriormente, foi deputado provincial do Piauí (1835-1837) e novamente entre 1842 e 1843.[1]

Educador Benemérito

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Fundador da Escola Boa Esperança, em Jaicós, atualmente município de Padre Marcos, o educador benemérito Marcos de Araújo Costa é considerado o patrono da educação no Piauí, visto que de 1820 a 1850, na província do Piauí só funcionou sua escola.[14]

Egressos notáveis da Escola Boa Esperança[14]

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Alunos notáveis do Padre Marcos Profissão/Atuação
Antônio de Sousa Martins Magistrado, foi procurador-geral da República[15] e ministro do Supremo Tribunal Federal.[16]
Deolindo Mendes da Silva Moura Advogado e jornalista
Enéas José Nogueira Magistrado, foi promotor e juiz de Direito no Piauí
Firmino de Sousa Martins Magistrado e político, foi presidente da província do Piauí (1879-1881) e (1883 a 1889)
Francisco de Sousa Martins Magistrado e político, foi presidente das províncias da Bahia, de 10 de dezembro de 1834 a 18 de abril de 1835, e do Ceará, de 3 de fevereiro a 9 de setembro de 1840.
Francisco José de Araújo Costa Coronel. Comendador da Ordem de Cristo. Vice-Presidente da Província Piauí (1878).
Jesuíno de Sousa Martins Bacharel em Direito (1844 - Olinda); Deputado Provincial em duas legislaturas (1846/1847, 1868/1869); Juiz em Teresina; Desembargador na Bahia.
Padre Joaquim Damasceno Rodrigues Sacerdote e Educador. Foi professor do Senador e Conselheiro Antônio Coelho Rodrigues, na infância, lecionando as primeiras lições de francês, latim e filosofia, em Paulistana, Piauí.[17]
João de Sousa Martins Cônego. Vigário em Oeiras. Vigário Geral do Piauí. Deputado Provincial (1842/1843 - 1844/1845).
José Coelho Rodrigues Comendador.

Homenagem

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Lápide demarcando o local de sepultamento do Padre Marcos de Araújo Costa

O Padre Marcos de Araújo Costa, aproximadamente em 1820, instalou no interior de Jaicós a fazenda Boa Esperança e, nessa mesma localidade, construiu sua residência e fundou um colégio para educar pessoas de várias regiões do Piauí.

A Casa de Padre Marcos tornou-se um patrimônio histórico tombado pelo Fundação Cultural do Piauí (FUNDAC), por meio da Resolução de Tombamento nº 8.686, de 06 de julho de 1992, Livro do Tombo nº insc. 23, 15/09/1992.[18] Nesse mesmo ano, a bicentenária Casa Grande foi demolida e sumia da paisagem a casa que muito contribuiu para a Educação do Estado do Piauí.[19]

No dia 25 de março de 1849, o Padre Marcos recebeu do governo imperial a comenda de comendador da ordem de Cristo.[5]

O estado do Piauí homenageou esse importante padre, educador e político, colocando o seu nome no município Padre Marcos (lei estadual nº 2566, de 20-01-1964).

Raízes genealógicas

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Ascendência paterna

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Seu pai, Marcos Francisco de Araújo Costa, um homem culto e letrado, foi membro da Junta Trina de Governos da Capitania do Piauí, nos anos de 1780 e 1784, na qualidade de ouvidor-geral[10], e recebeu também a comenda da ordem de Cristo.

Padre Marcos fazia parte da tradicional família piauiense Araújo Costa. Era neto paterno do capitão João Francisco de Paiva e de sua esposa, Antônia do Espírito Santo (irmã do padre Domingos de Araújo Costa).[5]

Ascendência materna

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Era trineto do casal José Vieira de Carvalho e Maria Freire da Silva, por parte do seu bisavô Hilário Vieira de Carvalho (primeiro do nome)[20], e trineto do casal Manoel do Rego Monteiro[21] e Maria da Encarnação, por parte da sua bisavó Maria do Rego Monteiro.[2]

Padre Marcos fazia parte da tradicional família piauiense Coelho Rodrigues, com raízes genealógicas na Freguesia de Paço de Sousa, no Distrito do Porto, em Portugal, visto que era filho de dona Maria Rodrigues de Santana e neto materno de Dona Domiciana Vieira de Carvalho e Dom Valério Coelho Rodrigues.[22]

Valério Coelho Rodrigues
Domiciana Vieira de Carvalho
Marcos Francisco de Araújo Costa
Maria Rodrigues de Santana
(+ 15 filhos)
Padre Marcos de Araújo Costa

No Século XVIII, seus ancestrais maternos fundaram o Arraial de Paulistas, nas ribeiras do Rio Canindé, e construíram uma capela na "Fazenda do Paulista", pertencente ao fidalgo português Dom Valério Coelho Rodrigues.[23] A capela depois passou a ser chamada de Igreja Nossa Senhora dos Humildes.[24]

Isso contribuí significativamente para o desenvolvimento da comunidade e o surgimento da povoação de Paulista, que depois foi transformada em freguesia e elevada à categoria de vila com o nome de Villa de Paulista. A denominação "Paulista" foi uma forma de homenagear a Província de São Paulo, que serviu de berço à família paterna da esposa de Dom Valério Coelho Rodrigues, Dona Domiciana Vieira de Carvalho, filha do paulista Hilário Vieira de Carvalho e neta de José Vieira de Carvalho, fundadores do Arraial de Paulistas no sudeste do Piauí, conforme esclarece o historiador Reginaldo Miranda da Silva.[23]

O avô materno de Padre Marcos, Valério Coelho Rodrigues, nasceu em Portugal e morou a maior parte de sua vida na Fazenda do Paulista, atualmente município de Paulistana, Piauí. Ele foi um personagem importante no processo de colonização portuguesa no Piauí, em virtude de ter sido um dos desbravadores do interior do Estado, ao longo do Século XVIII.[8]

Valério Coelho Rodrigues atuou como político, sendo eleito de pelouros diversas vezes para o senado da câmara de Oeiras. Entre 1754 e 1756, ele também ocupou o cargo de juiz ordinário na antiga capital da Capitania do Piauí. Em 1769, exerceu novamente o cargo de juiz ordinário de Oeiras. Em seguida, até o ano de 1771, ocupou os cargos reunidos de ouvidor-geral, provedor da real fazenda e dos defuntos e ausentes, capelas e resíduos da capitania, tendo sido indicado para mestre-de-campo do terço de infantaria auxiliar da guarnição do Piauí.[8]

Como forma de homenagear Valério Coelho Rodrigues, o Governador do Piauí instituiu a Ordem Estadual Valério Coelho Rodrigues, pelo Decreto nº 15.311, de 19 de agosto de 2013, com a finalidade de agraciar cidadãos que se destacam por serviços de excepcional relevância prestados ao Estado.[25]

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Valério Coelho Rodrigues firmou importantes raízes históricas e sociais na Região do Nordeste e gerou uma vasta família com descendência que se projeta na política nacional do Brasil até os dias de hoje.[8]

O estado do Piauí reconheceu de Utilidade Pública estadual a Associação dos Descendentes de Valério Coelho – ADVC, pela Lei Estadual nº 8.147, de 14 de setembro de 2023 (publicada no Diário Oficial do Estado do Piauí em 03/10/2023), com sede em Paulistana, estado do Piauí, criada em 1 de janeiro de 2021, com a finalidade de preservar a memória de Valério Coelho Rodrigues, seus demais antepassados e congregar os seus descendentes.[26]

Referências

  1. a b Santos, Lourival de Carvalho (2023). «Cronologia Histórica da Assembleia Legislativa do Piauí - Ebook-Cronologia-2023.». ALEPI - Assembleia Legislativa do Estado do Piauí. Consultado em 13 de agosto de 2024 
  2. a b «Familia Coelho Rodrigues - Ancestrais». www.coelhorodrigues.ong.br. Consultado em 17 de agosto de 2024 
  3. «Glossário de História Luso-Brasileira - Ribeiro, Padre João (1766-1817)». O Arquivo Nacional e a História Luso-Brasileira. 14 de Novembro de 2021. Consultado em 18 de agosto de 2024 
  4. de Sousa Neto, Marcelo (2009). Entre Vaqueiros e Fidalgos (PDF). Recife: [s.n.] p. 71-72 
  5. a b c d e f g Miranda, Reginaldo (30 de janeiro de 2021). «Padre Marcos de Araújo Costa». Portalentretextos. Consultado em 15 de agosto de 2024 
  6. «Familia Coelho Rodrigues - Parentesco». www.coelhorodrigues.ong.br. Consultado em 3 de novembro de 2024 
  7. Sousa Neto, Marcelo de (2018). «padre Marcos de Araújo Costa e a vila de Jaicós». Topoi Revista de História - RJ - v. 19 - n. 38 - p. 241-262 - mai./ago 2018. Consultado em 18 de agosto de 2024 
  8. a b c d Miranda, Reginaldo (18 de dezembro de 2020). «Valério Coelho Rodrigues - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 15 de agosto de 2024 
  9. Miranda, Reginaldo (13 de maio de 2018). «Capitão Marcos Francisco de Araújo Costa - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 3 de novembro de 2024 
  10. a b Miranda, Reginaldo (19 de julho de 2020). «Governos do Piauí: A Junta Trina (2.1.1775 - 19.12.1797) - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 3 de novembro de 2024 
  11. «Familia Coelho Rodrigues - Parentesco». www.coelhorodrigues.ong.br. Consultado em 3 de novembro de 2024 
  12. «Antônio Coelho Rodrigues - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 9 de agosto de 2024 
  13. «Parecer da Comissão de Constituição e Justiça no Projeto de Decreto Legislativo 32 do ano 2017 - Medalha do Mérito Legislativo dos 300 anos da Cidade de Oeiras no Piauí.» (PDF). Assembleia Legislativa do Estado do Piauí. Consultado em 3 de novembro de 2024 
  14. a b Benedito da Silva, Valdo (2024). Padre Marcos da Boa Esperança: educação, memória e fé - seu legado nos sertões de dentro (1820 - 1850). Teresina: Edição do Autor. pp. p. 75 – 132 
  15. «Biografia - Antonio Martins». Procuradoria-Geral da República. Consultado em 9 de agosto de 2024 
  16. «Antônio de Sousa Martins - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 9 de agosto de 2024 
  17. Miranda, Reginaldo (6 de maio de 2021). «Antônio Coelho Rodrigues - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 20 de agosto de 2024 
  18. «Padre Marcos – Casa do Padre Marcos | ipatrimônio». Consultado em 15 de agosto de 2024 
  19. Castelo Branco, Homero (2017). História do Piauí - Passageiros do Passado 1. Teresina - PI: Nova Aliança. p. P.153. ISBN 978-85-9538-011-0 
  20. Miranda, Reginaldo (20 de dezembro de 2020). «Hilário Vieira de Carvalho - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 17 de agosto de 2024 
  21. Miranda, Reginaldo (11 de dezembro de 2016). «Capitão-mor Manoel do Rego Monteiro - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 20 de agosto de 2024 
  22. «Familia Coelho Rodrigues - Ancestrais». www.coelhorodrigues.ong.br. Consultado em 15 de agosto de 2024 
  23. a b Miranda, Reginaldo (7 de junho de 2017). «Os dois Arraiais de Paulistas - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 17 de agosto de 2024 
  24. «Memória Sertão Igreja Nossa Sr.ª dos Humildes, Paulistana». TV Caatinga - Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF. 24 de dezembro de 2021. Consultado em 17 de agosto de 2024 
  25. «Decreto nº 15.311, de 19 de agosto de 2013.». Diário Oficial do Estado do Piauí - Nº 156 - página 2. 19 de agosto de 2013. Consultado em 17 de agosto de 2024 
  26. «SAPL - Sistema de Apoio ao Processo Legislativo». sapl.al.pi.leg.br. Consultado em 18 de agosto de 2024