Mardepetacânia
Mardepetacânia (em armênio: Մարդպետական; romaniz.: Mardptakan) foi uma região histórica e principado dentro da província da Vaspuracânia da Armênia.
Geografia
editarA Mardepetacânia localizava-se na província de Vaspuracânia, no Reino da Armênia.[1] Estendeu-se entre o principado de Anzevácia, ao sul do lago de Vã, até Siúnia, ao norte do rio Araxes.[2] De acordo com Robert Hewsen, provavelmente incluía os seguintes distritos: Mardastânia (terra dos amardos), Mardastânia Original, Zovasrócia, Terrunavânia, Arzisacovícia, Culanovita, Aluandrote, Corzúnia e Naquichevão.[3] Em outro trabalho, Hewsen dá os dez distritos de Mardepetacânia como segue: Mardastânia, Terrunavânia, Zovasrócia, Corzúnia, Aluandrote, Garni, Bacrana, Maranda, Gabitênia e Naquichevão.[4]
História
editarO nome da região deriva do título mardepetes, que era o título gentilício do príncipe dinástico dos amardos. Na visão do historiador Cyril Toumanoff, era um enclave cáspio-meda ou mínio-maneia na Armênia.[5] Hewsen acreditava que os amardos formaram um enclave meda na Armênia e talvez fossem os ancestrais dos curdos posteriores que habitaram esta parte da Armênia: "os amardos habitavam uma região escassamente povoada por armênios e predominantemente curda (Marde = 'curdo' em armênio medieval)" mesmo antes da dispersão dos armênios entre 1895 e 1917."[6] Os príncipes amatúnidas de Artaz, que eram possivelmente de origem meda, podem ter governado todo a Mardepetacânia antes de se tornar uma terra real.[3]
A Lista Militar (Զորնամակ, Zōrnamak), o documento que indica a quantidade de cavaleiros que cada uma das famílias nobres devia ceder ao exército real em caso de convocação, não menciona sua linhagem principesca, mas Cyril Toumanoff propôs que o principado podia arregimentar quatro mil cavaleiros.[7] Em 314, segundo Agatângelo, um mardepetes foi um dos príncipes convertidos por Gregório.[8] Cyril Toumanoff sugere que o mardepetes também foi vitaxa da Marca Síria.[9] Os príncipes da família de Enzai, citados no século V, deviam ser um ramo cadete.[10] Os mardepetes dinásticos devem ter se extinguido precocemente e seu principado se tornou propriedade dos reis arsácidas. Subsequentemente, tornar-se-ia apanágio dos grão-camareiros (hair), que continuaram a usar o antigo título dinástico de seus predecessores.[11]
O ofício de mardepetes não resistiu ao fim dos arsácidas em 428 e seus domínios, dissociados do ofício, passaram à família Arzerúnio,[12] que mais tarde estabeleceria o Reino de Vaspuracânia no século X.[6] Mardepetacânia estava em mãos da linha sênior dos Arzerúnios, o que justifica Mirsapor e Nersapor Arzerúnio serem chamados mardepetes e "grão-príncipes dos Arzerúnios".[13] Após a repartição da Armênia entre o Império Bizantino e o Império Sassânida em 591, o território do antigo principado, junto com outros sete principados próximos, tornou-se parte da província sassânida da Grande Armênia (Wazurg Armanān).[6]
Referências
- ↑ Hakobyan, Melikʻ-Baxšyan & Barsełyan 1991, p. 729.
- ↑ Hovannisian 2000, p. 19–22.
- ↑ a b Hovannisian 2000, p. 19.
- ↑ Hewsen 1992, p. 309.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 169.
- ↑ a b c Hewsen 1992, p. 180–181.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 240.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 159; 244.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 177, nota 115.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 237 nota 305.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 200.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 170.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 231, nota 285.
Bibliografia
editar- Hakobyan, Tadevos X.; Melikʻ-Baxšyan, Stepan T.; Barsełyan, Hovhannes X. (1991). «Mardpetakan ašxarh». Hayastani ev harakitsʻ šrjanneri tełanunneri baṛaran Հայաստանի և հարակից շրջանների տեղանունների բառարան [Dictionary of Toponymy of Armenia and Adjacent Territories]. 3. Erevã: Yerevan State University Publishing House
- Hewsen, Robert H. (1992). The Geography of Ananias of Širak. The Long and Short Recensions. Introduction, Translation and Commentary. Wiesbaden: Dr. Ludwig Reichert Verlag
- Hovannisian, Richard G. (2000). Armenian Van/Vaspurakan. Santa Ana, Califórnia: Mazda Publishers. ISBN 9781568591308
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press