Maria Isabel de Alcântara, Condessa de Iguaçu
Maria Isabel de Alcântara Bourbon (São Paulo, 28 de fevereiro de 1830 – São Paulo, 5 de setembro de 1896), foi a quinta e última filha do imperador Pedro I do Brasil com a sua amante, Domitila de Castro, Marquesa de Santos.
Maria Isabel | |
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Condessa de Iguaçu | |
Retrato por Ferdinand Krumholz, 1852 | |
Nascimento | 28 de fevereiro de 1830 |
São Paulo, Império do Brasil | |
Morte | 6 de setembro de 1896 (66 anos) |
São Paulo, Brasil | |
Sepultado em | Cemitério da Consolação, São Paulo, Brasil |
Marido | Pedro Caldeira Brant, Conde de Iguaçu |
Descendência | Isabel Caldeira Brant Pedro de Alcântara Luís de Alcântara Maria Teresa Caldeira Brant Isabel Maria Caldeira Brant Deolinda Caldeira Brant João Severino de Alcântara |
Pai | Pedro I do Brasil |
Mãe | Domitila de Castro, Marquesa de Santos |
Religião | Catolicismo |
Maria Isabel recebeu o mesmo nome que sua quarta e falecida irmã, a Duquesa do Ceará, morta com dois meses de vida em 1828, de homenagem a filha falecida. Sua irmã mais velha, Isabel Maria, era titulada como Duquesa de Goiás.
Infância
editarInício de Vida
editarMaria Isabel nasceu em 28 de fevereiro de 1830 e herdou a mesma doença de seu pai, a epilepsia. A infância de Maria Isabel quase sempre foi à sombra de uma família imperial.
Mesmo sendo fruto do caso extraconjugal de seu pai, D. Pedro I, e a sua mãe, a Marquesa dos Santos, ela cresceu da mesma forma que os irmãos. As consequências dessa relação só apareceram mais tarde.
Educação
editarSua formação segue o modelo europeu mais perfeito, ela foi instruída a aprender as regras tradicionais de etiqueta, assim como as suas irmãs. Sua vida foi cercada de vestidos e porcelanas, e foi uma infância simples e comum para os membros da nobreza brasileira.
Terras
editarTodos sabiam que Maria Isabel era fruto da relação fora do casamento de Dom Pedro e a Marquesa dos Santos. Mesmo assim, ela foi criada para se tornar a Condessa de Iguaçu, título que nunca recebeu. Com o pai imperador, mãe marquesa e diversos irmãos e meio-irmãos herdeiros, ela cresceu para ser parte da nobreza. Porém, devido ao adultério do qual ela foi fruto, ela nunca recebeu nada de seu pai, seja título ou terra.
Terras recebidas por Dom Pedro II
editarEla recebeu vastas terras de seu meio-irmão Dom Pedro II do Brasil, dentre elas destacam-se vários pastos e cabeças-de-gado em Juiz de Fora, Ouro Preto, em seus distritos de Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Lavras Novas e Amarantina.
Além de terras em Congonhas, Moeda e Mariana. Morou com o Marido Pedro Caldeira Brant, Conde de Iguaçu, Residiam na Freguesia, vila e cidade de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu atual Nova Iguaçu no Engenho de Santo Antônio de Jacutinga, A propriedade ( hoje em ruinas), se localiza no alto de uma Colina atrás do Uniabeu, o que hoje é o município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Matrimônio e filhos
editarMatrimônio
editarNo dia 2 de setembro de 1848, aos dezoito anos, Maria Isabel casou-se com Pedro Caldeira Brant, Conde de Iguaçu, tornando-se sua segunda e última esposa. Seu marido era filho do Marquês de Barbacena.[1] Pelo seu casamento, Maria Isabel tornou-se a segunda Condessa Consorte de Iguaçu.
Filhos
editarO casal teve sete filhos:
- Isabel Caldeira Brant (janeiro de 1849 - 19 de julho de 1849), morreu na infância;
- Pedro de Alcântara Caldeira Brant (18 de novembro de 1850 - dezembro de 1868), casado com Maria Luísa Pereira de Brito, com descendência;
- Luís de Alcântara Caldeira Brant;
- Maria Teresa Caldeira Brant (11 de setembro de 1852 - 1875), casada com Charles Collins, com descendência;
- Isabel Maria Caldeira Brant (7 de agosto de 1854 - 6 de fevereiro de 1884), casada com Antônio Dias Pais Leme, com descendência;
- Deolinda da Conceição Caldeira Brant (4 de dezembro de 1858 - 27 de janeiro de 1921), casada com Claudiano Bonifácio dos Santos, com descendência;
- João Severino de Alcântara Caldeira Brant, casado com Salviana Cândida Fortes, com descendência.
Morte
editarO fim de Maria Isabel chegou em 6 de setembro de 1896, a Condessa de Iguaçu faleceu aos 66 anos. Daquele dia em diante, mesmo que a vida de Maria Isabel tivesse acabado, um novo mistério começava.
Sepultamento
editarAté por volta de 2015, o paradeiro de seu corpo ainda permaneceu um mistério. Por até aproximadamente 120 anos, ninguém foi capaz de localizar o local onde ela foi enterrada. Ao contrário da maioria da família imperial, que são facilmente encontrados nos cemitérios.
A Condessa costumava viajar entre São Paulo e Rio de Janeiro por grande parte de sua vida, o que levanta a questão de em que estado ela deveria estar. Além disso, muitos nobres brasileiros eram frequentemente sepultados na Europa, como Alemanha e Portugal. Mas os historiadores não podiam tirar conclusões sobre onde ela realmente estava.
Recentemente, o arquiteto e historiador Paulo Rezzutti decidiu se dedicar a encontrar o cemitério onde Maria Isabel estava enterrada. Ele analisou vários obituários e histórias em jornais e contou a morte de pessoas importantes. Foi assim que descobriu "As Raízes da Condessa de Iguaçu" publicado pelo O Estado de S. Paulo em 6 de setembro de 1896.
A partir dessa pista, ele encontrou o registro do Registro Civil de Santa Ifigênia, que dizia: “Ela foi enterrada no Cemitério Municipal". Ela estava velada no Cemitério da Consolação, o caixão da condessa estava do lado do de sua mãe, a Marquesa de Santos. Rezzutti verificou o arquivo histórico municipal e encontrou a lápide. Não havia nenhum adorno na lápide nem seu nome esculpido na pedra.[2]
Títulos e armas
editarTítulos
editar- 28 de fevereiro de 1830 - 2 de setembro de 1848: Srta. Maria Isabel de Alcântara Bourbon
- 2 de setembro de 1848 - 18 de fevereiro de 1881: A Condessa Maria Isabel de Iguaçu
Referências
- ↑ Viana 1968, p. 206.
- ↑ «Filha de d. Pedro foi sepultada no Cemitério da Consolação». Edison Veiga. Consultado em 7 de maio de 2021
Bibliografia
editar- Lewin, Linda (2003). Surprise Heirs: Illegitimacy, inheritance rights, and public power in the formation of Imperial Brazil, 1822-1889. Stanford University Press. ISBN 0804746060.
- Rangel, Alberto (1928). Dom Pedro Primeiro e a Marquesa de Santos (2 ed.). Tours, Indre-et-Loire: Arrault.
- Rangel, Alberto (1984). Cartas de Pedro I à Marquesa de Santos. Editora Nova Fronteira.
- Viana, Hélio (1968). Vultos do Império. São Paulo: Companhia Editora Nacional.