Maria Luísa da Costa Dias
Maria Luísa Palhinha da Costa Dias (Coimbra, 15 de outubro de 1916 - Vila Franca de Xira, 10 de maio de 1975), foi uma médica e activista política portuguesa revolucionária comunista e anti-fascista, militante do Partido Comunista Português.
Maria Luísa da Costa Dias | |
---|---|
Nome completo | Maria Luísa Palhinha da Costa Dias |
Nascimento | 15 de outubro de 1916 Coimbra Portugal |
Morte | 10 de maio de 1975 Vila Franca de Xira |
Carreira médica | |
Ocupação | Médica e activista |
Biografia
editarNascimento
editarNasceu na cidade de Coimbra, em 15 de Outubro de 1916, numa família abastada.[1] Teve três irmãos, dos quais dois foram empresários da empresa conserveira Tonecas, enquanto que o terceiro foi o escritor e investigador Augusto da Costa Dias.[1]
Carreira profissional e activismo
editarMédica de profissão,[2] fez parte da associação comunista Socorro Vermelho Internacional na Década de 1930, e em 1945 integrou-se no Movimento de Unidade Democrática.[1]
Em 1947, deslocou-se para Moçambique com o seu companheiro Pedro dos Santos Soares, que então exercia como professor liceal, tendo ambos regressado a Portugal em 1950.[1] Em 1951, Maria Costa Dias e Pedro Soares entram na clandestinidade, sendo nessa altura já membros do Partido Comunista Português.[1] Relatou a sua experiência na obra Crianças Emergem da Sombra. Contos da Clandestinidade, um livro de contos que foi publicado postumamente, em 1982.[1] Em 1953, foi presa pela primeira vez, tendo sido capturada pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado numa casa clandestina em Palmela.[2] Foi solta após uma grande campanha a nível nacional e internacional, devido ao seu estado de saúde.[1] No entanto, voltou a ser encarcerada em 1958, tendo sido torturada pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado, e posta em liberdade em 1962,[1] novamente devido a uma campanha de solidariedade internacional.[2] Em Maio de 1961, é uma das autoras das treze cartas do Manifesto de Caxias.[3] No total, esteve cerca de sete anos presa nas cadeias do Estado Novo.[1] No ano seguinte volta à clandestinidade, tendo partido para o estrangeiro, onde cumpriu várias missões para o Partido Comunista.[2] Segundo as partidárias comunistas Maria da Piedade Morgadinho e Margarida Tengarrinha, que a conheceram, Maria da Costa Dias tinha um grande fervor religioso, rezando regularmente perante uma reprodução de um quadro de Rafael da Virgem Maria com o menino ao colo, que lhe tinha sido oferecida pelo marido, e quando foi presa levou uma bíblia, que lia todas as noites.[1]
Na década de 1960, a editora Portugália publicou três livros que foram traduzidos ou adaptados do francês por Maria Costa Dias: Flores da Escócia (1965), A Bela e o Monstro (1968) e Quem Procura Sempre Alcança (1966).[1]
Como activista, participou em várias campanhas nacionais e internacionais de solidariedade, e para a libertação de presos políticos.[4] Trabalhou principalmente para a defesa dos direitos da mulher, tendo sido uma das principais figuras para a emancipação feminina em Portugal.[1] Participou em várias reuniões internacionais, como o Congresso Mundial das Mulheres em Helsínquia, em Junho de 1969, onde integrou a delegação portuguesa.[1] Aquando da Revolução de 25 de Abril de 1974, que repôs a democracia em Portugal, Maria Costa Dias exercia como representante das mulheres portuguesas e directora na Federação Democrática Internacional das Mulheres.[1] Também fez parte do Movimento Democrático de Mulheres desde a fundação, em 1968.[2] Quando faleceu, era membro do Executivo Nacional e do secretariado da Comissão Executiva de Lisboa naquela organização.[2] Em 1974, deixou de praticar medicina, para se dedicar totalmente às actividades do Partido Comunista Português.[2]
Colaborou na organização da visita a Portugal da primeira mulher astronauta, Valentina Tereshkova, no âmbito das comemorações do Ano Internacional da Mulher, em 1975.[1] Nesse ano, participou numa conferência de imprensa, onde defendeu a paz e a cooperação internacional e a sua ligação à emancipação feminina.[1] Após a revolução de 25 de Abril, participou no congresso da Federação Democrática Internacional das Mulheres em Varsóvia, tendo sido entrevistada pela Rádio Televisão Portuguesa após o seu regresso a Portugal.[1]
Falecimento
editarMaria Luísa da Costa Dias morreu num acidente de viação na madrugada de 10 de maio de 1975, em conjunto com o seu esposo, Pedro dos Santos Soares.[2] Estavam a viajar pela auto-estrada perto de Vila Franca de Xira, quando o automóvel em que seguiam foi abalroado por um outro veículo, que se pôs em fuga.[2]
Os funerais tiveram lugar em 13 de Maio, desde o Pavilhão dos Desportos até ao Cemitério do Alto de São João.[4] Durante o seu funeral, discursou o líder comunista Álvaro Cunhal, que realçou os seus esforços pela liberdade e pelos direitos das mulheres.[1]
Homenagens
editarO seu nome foi colocado na toponímia de Santo André, no concelho do Barreiro, de Unhos, no concelho de Loures, e em Vale de Vargo, no concelho de Serpa.[1]
Em Trigaches, terra natal de Pedro Soares, foi inaugurado um monumento em honra do casal.[5]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s «Mulheres de Abril: Maria Luísa Costa Dias». Movimento Democrático de Mulheres. Consultado em 18 de Junho de 2019
- ↑ a b c d e f g h i «Morreram dois destacados elementos do P.C.P.». Diário de Lisboa. Ano 55 (18760). Lisboa. 10 de Maio de 1975. p. 1-20. Consultado em 18 de Junho de 2019 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
- ↑ PATO, Helena (24 de Junho de 2018). «Maria Luísa Costa Dias». Jornal Tornado. Consultado em 14 de Outubro de 2023
- ↑ a b «Sobre o funeral dos camaradas Pedro Soares e Maria Luísa Costa Dias». Partido Comunista Português. 11 de Maio de 1975. Consultado em 18 de Junho de 2019
- ↑ «Pedro Soares - Destacado dirigente do Partido Comunista Português e Resistente antifascista». Partido Comunista Português. Consultado em 18 de Junho de 2019