Maria Marques
Maria Marques (Jaguarão, 07 de maio de 1924) é uma cientista brasileira. Foi professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul até 1994, quando se aposentou.
Maria Marques | |
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Nascimento | 7 de maio de 1924 |
Ocupação | cientista |
Empregador(a) | Universidade Federal do Rio Grande do Sul |
Ocupou os cargos de Presidente da Sociedade de Fisiologia do Rio Grande do Sul (1976-1980), Secretária Regional da SBPC (1977-1978) e Presidente da Sociedade Brasileira de Fisiologia (1991-1994). É membra da Academia Brasileira de Ciências desde 1996.[1]
Coordenou programa de pós-graduação de Fisiologia.[2]
Formação e atuação
editarEm Jaguarão, sua cidade natal, Maria Marques fez aulas de piano com seus cinco irmãos, e continuou estudando piano até os 25 anos.[3] Estudou em uma escola protestante, apesar da família ser católica, e relata ter sofrido preconceito religioso por isso.[4]
Maria Marques recebeu apoio de seu pai, que era engenheiro agrônomo, para se manter nos estudos. Fez o curso científico de nível secundário em Porto Alegre, quando teve aulas de Biologia com o prof. Pery Riet Corrêa, durante as quais se apaixonou pela fisiologia. Então, cursou Bacharelado em História Natural na PUCRS, onde Pery também lecionava.[3][4]
Se formou em 1950, e começou a trabalhar como auxiliar de pesquisa no Instituto de Fisiologia Experimental, onde trabalhou com a equipe de Bernardo Houssay, professor Argentino que havia ganhado o prêmio Nobel em 1947 e que comandava o Instituto de Biologia e Medicina Experimental de Buenos Aires.[1][4] Na época, mulheres não poderiam ser professoras da instituição, mas Maria atuava mesmo assim, recebendo seu salário "por baixo do pano" por intermédio de Pery.[4]
Maria fez sua pesquisa sobre pâncreas endócrino, e os hormônios insulina e glucagon.[3] Fez Doutorado em Ciências na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, orientada por Paulo Sawaya, e obteve o título em 1965.[1] A pesquisa rendeu um artigo sobre administração prolongada de glucagon em tartarugas Chrysemys d'orbignyi durante a hibernação.[5]
Maria considera como o "período áureo" da fisiologia na UFRGS de 1954, com a inauguração do Instituto de Fisiologia Experimental da UFRGS, até 1968. Nessa época havia o convênio com Houssay, foi criada a Sociedade de Fisiologia do Rio Grande do Sul e realizados vários eventos científicos. Com a reforma universitária de 1968 houve uma reorganização dos institutos e departamentos da universidade, o que diminui o espaço para a fisiologia, segundo conta Maria. Além disso, nesse momento as carreiras de pesquisador e professor universitário foram fundidas, e Maria passou a lecionar.[3]
Para revitalizar o setor de fisiologia, foi criado o programa de pós-graduação, com o mestrado em 1976 e doutorado em 1987.[3]
Durante a gestão de Hélgio Trindade como reitor da UFRGS (1992-1996), Maria foi presidente da 5ª Câmara (que hoje é chamada Câmara de Pós-graduação).[3] Maria Marques defendeu o curso de pós-graduação em Música, que foi criado em 1986, e durante sua estadia na Câmara de Pós-graduação foi criado o Doutorado em Música, em 1995.[6]
Se aposentou em 1994, mas continuou participando de pesquisas científicas, orientando estudantes de mestrado e doutorado.[4]
Vida pessoal
editarMaria nunca se casou nem teve filhos. Seus cinco irmãos e irmãs lhe deram 18 sobrinhos e 22 sobrinhos-netos até 1997.[4]
Pelo seu nome curto e comum, relata que teve inúmeros problemas ao longo da vida, com "cheques, cartórios, protestos".[4] De fato, em 2021, o perfil da pesquisadora no site da Academia Brasileira de Ciências linka ao currículo Lattes de uma outra pessoa com o mesmo nome.[1]
Honras
editarEm 1997, recebeu o prêmio de professora emérita da UFRGS, e se emocionou na ocasião.[3][4] No ano seguinte, recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico na classe de comendadora.[7]
O “Prêmio Maria Marques” foi instituído pela Sociedade de Fisiologia do Rio Grande do Sul em homenagem à pesquisadora e sua importância na história da fisiologia no Brasil.[1] O prêmio é anunciado durante eventos científicos da sociedade.[8]
Ligações externas
editarReferências
- ↑ a b c d e «Maria Marques». ABC - Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ «História — ppgfisio». www.ufrgs.br. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ a b c d e f g Marques, Maria; Siedler, Clarice; Ferreira, Édina Maria da Rocha (2013). «[Entrevista concedida pela professora emérita Maria Marques]». Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ a b c d e f g h Freitas, Ademar Vargas de (12 de setembro de 1997). «"QÜINQUAGÉSIMO DOCENTE A RECEBER O TÍTULO NA UFRGS CONTA UM POUCO DE SUA VIDA, DEDICADA À PESQUISA E AO ENSINO"». www.ufrgs.br. Jornal da Universidade, republicado por Departamento de Fisiologia da UFRGS. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ Marques, Maria (agosto de 1967). «Effects of prolonged glucagon administration to turtles (Chrysemys d'Orbignyi)» 1 ed. General and Comparative Endocrinology. 9: 102-109. doi:10.1016/0016-6480(67)90100-1
- ↑ «Apresentação». Programa de Pós-graduação em Música da UFRGS. Consultado em 11 de junho de 2021
- ↑ «Decreto de 20.03.1998». antigo.mctic.gov.br. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. 23 de março de 1998. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ «Evento comemorativo dos 60 anos do Instituto de Fisiologia Experimental da UFRGS e IV Simpósio de Atualização em Fisiologia do Sistema Nervoso e IV Mostra de Projetos em Fisiologia». Simp. Fisiologia Unipampa. 2014. Consultado em 10 de junho de 2021