Maria Martins de Ataíde
D. Maria Martins de Ataíde (c. 1210 - c. 1286) foi uma nobre portuguesa do século XIII, doadora de bens ao mosteiro de Arouca, por testamento aberto antes de 1287 e executado a partir do dia 6 de janeiro desse ano.
Maria Martins de Ataíde | |
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Nascimento | 1210 Reino de Portugal |
Morte | 1286 (75–76 anos) Reino de Portugal |
Cidadania | Portugal |
Progenitores |
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Ocupação | aristocrata, terratenente |
Título | Dona |
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Biografia
editarEra filha do terceiro casamento de D. Martim Viegas de Ataíde (c. 1165 - antes de 1258), 2.º senhor da Honra e Torre de Ataíde, na freguesia de São Pedro de Ataíde, julgado de Santa Cruz de RibaTâmega (e a primeira pessoa a usar o sobrenome Ataíde, derivado da freguesia homónima), com D. Maria Giraldes (c. 1188 - 1230).[1]
Sendo assim neta paterna de D. Egas Duer e de D. Maria Soares de Sousa.[2]
O seu irmão, Egas Martins de Ataíde, também filho do terceiro casamento de Martim Viegas, viria a herdar a maior parte dos bens paternos e ainda o senhorio da honra de Ataíde.
Embora não se possa determinar a data exata do seu nascimento, ela pode ser inferida como tendo ocorrido perto do início da década de 1210, tendo em conta, nomeadamente, o facto de sua mãe ter nascido cerca de 1188 e de sabermos que D. Maria Martins teve netas que nasceram ainda durante a década de 1240.
A data do seu falecimento foi certamente o ano de 1286, pois o processo de execução do seu testamento começa com uma procuração, com data de 6 de janeiro de 1287, passada por D. Lucas Rodrigues, abadessa do mosteiro de Arouca, a favor de dois mandatários, no sentido de estes a representarem nas transações e efetuar entre o mosteiro de Arouca e a filha e genro de D. Maria Martins de Ataíde - respectivamente D. Toda Lourenço de Gundar e seu marido, o cavaleiro Afonso Rodrigues Quaresma - com vista a transferir para o mosteiro os bens e propriedades legados por D. Maria Martins.[3]
Os executores do testamento acabariam por ser o prior do mosteiro de Freixo,[4] João Martins, e o cónego Paio Rodrigues, que procederam à entrega dos bens ao mosteiro de Arouca, depois de 4 de junho de 1287.[5]
A doação de Maria Martins de Ataíde ao mosteiro de Arouca incluiu as seguintes propriedades:
- "Todo o herdamento" da freguesia de Santa Maria de Rendufe, no julgado de Lanhoso;
- A Quinta de Arcozelo, com dez casais (ou seja, conjuntos de propriedades aforadas,[6] em escrituras de emprazamento),[7] na freguesia de São Jorge, julgado da Feira;
- O casal de Cernum, na freguesia de Santa Eulália de Pedorido;
- Dois casais em Curveira,[8] no julgado de Penafiel.
O testamento de D. Maria Martins marcaria também o início de uma relação secular entre a família Ataíde e o mosteiro de Arouca.
Assim, a subprioresa (de 1304 a 1313), e depois prioresa do mosteiro (de 1316 a 1332), D. Margarida Gonçalves de Portocarrero, está documentada como sendo prima e "sob a esfera de influência" de Lourenço Viegas de Ataíde, sobrinho de Maria Martins.
E, já no século XV, duas descendentes do irmão primogénito de D. Maria Martins, D. Teresa de Ataíde e D. Isabel de Ataíde, seriam abadessas de Arouca; a primeira até o ano de 1437 e a segunda (que era filha de D. Álvaro Gonçalves de Ataíde, 1º conde de Atouguia) entre o ano de 1441 e o seu falecimento, ocorrido em 1458.[9]
Casamento e descendência
editarCasou, provavelmente ainda na década de 1220, com Lourenço Fernandes de Gundar, filho de Fernão Mendes de Gundar, "o menino", com geração, uma filha:
Referências
- ↑ a b Nobiliario del Conde de Barcelos Don Pedro, Hijo del Rey Don Dionisio de Portugal (em espanhol). Madrid: Alonso de Paredes. 1646. pp. 291, 339, 453, 467.
D. Maria Martins de Ataíde, filha de D. Martim Viegas de Ataíde ... o primeiro a chamar-se de Ataíde ... Lourenço Fernandes de Gundar, casado com D. Maria Martins de Ataíde, p. 291
- ↑ Manuel Abranches de Soveral. «Maria Martins.0 de Ataíde». roglo.eu. Consultado em 17 de fevereiro de 2025
- ↑ «Carta de partilhas feita entre Afonso Rodrigues, cavaleiro, sua mulher D. Toda Lourenço de uma parte, e D. Margarida Gonçalves, monja do Mosteiro de Arouca, da outra parte, dos bens que ficaram por testamento de D. Maria Martins de Ataíde. - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 17 de fevereiro de 2025
- ↑ «Igreja de Freixo de Baixo». Portal da Cultura. Consultado em 17 de fevereiro de 2025
- ↑ «Carta de procuração passada por João Martins, prior do Mosteiro de Freixo e Paio Rodrigues, cónego, como executores do testamento de D. Maria Martins de Ataíde, a Paulo Peres, clérigo, para poder entregar ao Mosteiro de Arouca, os bens que lhe ficaram pelo dito testamento - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 17 de fevereiro de 2025
- ↑ «Artigo - da enfiteuse ou aforamento». Blog Notarial - Colégio Notarial do Brasil. 19 de novembro de 2021. Consultado em 17 de fevereiro de 2025
- ↑ Infopédia. «casal | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 17 de fevereiro de 2025.
Casal - conjunto de propriedades aforadas e descritas numa escritura de emprazamento
- ↑ «Curveira · Penafiel, Portugal». Curveira · Penafiel, Portugal. Consultado em 17 de fevereiro de 2025
- ↑ Rêpas, Luís (1 de janeiro de 2005). «Rêpas, Luís Miguel: As Abadessas Cistercienses na Idade Média - identificação, caracterização e estudo de trajectórias individuais ou familiares». Lusitania Sacra, t. 17: 75-76, 83-87. Consultado em 17 de fevereiro de 2025.
Lourenço Viegas de Ataíde, primo de Maria Gonçalves de Portocarrero (...) Teresa de Ataíde e Isabel de Ataíde governam o mosteiro (...) Em 1441 o mosteiro de Arouca tem uma nova abadessa, Isabel de Ataíde ... era filha de Álvaro Gonçalves de Ataíde e de Guiomar de Castro, condes da Atouguia (IAN/TT – Mosteiro de Arouca, gav. 7, m. 9, n.º 23: 1444, Setembro, 14)
- ↑ Manuel Abranches de Soveral. «Toda Lourenço.0 de Gundar». roglo.eu. Consultado em 17 de fevereiro de 2025