Maria de Lurdes Rodrigues
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Maria de Lurdes Reis Rodrigues GCIH (Lisboa, 19 de março de 1956) é uma professora universitária e política portuguesa.
Maria de Lurdes Rodrigues | |
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Maria de Lurdes Rodrigues | |
Ministro(a) de Portugal | |
Período | XVII Governo Constitucional |
Antecessor(a) | Maria do Carmo Seabra |
Sucessor(a) | Isabel Alçada |
Dados pessoais | |
Nascimento | 19 de março de 1956 (68 anos) Lisboa, Portugal |
Alma mater | ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa |
Partido | Partido Socialista (independente) |
Profissão | Professora universitária e política |
Biografia
editarÉ Reitora do ISCTE-IUL, sendo Professora Associada do Instituto, no qual lecciona desde 1986, e onde concluiu a sua licenciatura em Sociologia (1984)[1] e o seu doutoramento em Sociologia (1996) e prestou provas de agregação (2003).
Foi presidente do Observatório das Ciências e das Tecnologias do Ministério da Ciência e da Tecnologia (1997-2002), representante nacional no Grupo Indicadores para a Sociedade da Informação da OCDE (1999-2002), representante nacional no Working Party of R&D and Innovation Survey no Eurostat (1996-2002) e Ministra da Educação do XVIII Governo Constitucional (2005-2009). Exerceu ainda actividades de consultoria e gestão de recursos humanos e formação profissional em diversas instituições.
É autora de dezenas de artigos publicados em revistas científicas e obras colectivas e dos seguintes títulos monográficos: Sociologia das Profissões (1997), Os Engenheiros em Portugal (1999) e A Escola Pública pode fazer a Diferença (2010), Profissões: Lições e Ensaios (2012).
Relativamente ao período 2014-16, recebeu a classificação de "inadequado" como docente do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, sendo em 289 docentes avaliados, uma das seis notas negativas atribuídas pelo conselho responsável pela avaliação de desempenho. Maria de Lurdes Rodrigues defendeu que a avaliação não pode pode transformar-se num processo burocrático e administrativo e que o papel do Conselho Científico não deve resumir-se apenas à "validação de resultados", saídos da inserção de dados numa plataforma. As críticas que foram internamente apresentadas por Maria de Lurdes Rodrigues ao processo de avaliação do ISCTE tornam inevitável a referência ao período em que foi ministra da Educação e ao duro braço de ferro que protagonizou então com os professores. Em causa esteva também a implementação de um modelo de avaliação dos docentes que também era extremamente "burocrático", em virtude das fichas e instrumentos de avaliação que todos tinham de preencher.[2]
Como Ministra da Educação autorizou a contratação de João Pedroso, por ajuste direto, para exercer tarefas de consultoria jurídica. Por essa contratação foi condenada em tribunal de primeira instância a três anos e seis meses de prisão com pena suspensa, por prevaricação de titular de cargo político, e a indemnizar o estado em 30 mil euros.[3] Em novembro de 2015 foi ilibada do crime pelo Tribunal da Relação de Lisboa, que considerou que nenhum dos elementos da tipologia do crime se tinha provado[4].
A 12 de Fevereiro de 2016 foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.[5]
A 9 de Fevereiro de 2018 foi eleita reitora do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, com 22 dos 33 votos do Conselho Geral (CG) da instituição para um mandato de quatro anos, tornando-se a primeira mulher a liderar a instituição.[6][7] Em fevereiro de 2022, foi reeleita reitora do ISCTE para o mandato 2022-2026.[8]
Ministra da Educação
editarEntre 2005 e 2009, foi Ministra da Educação do XVII Governo Constitucional, tendo lançado e realizado diversas reformas. Particularmente controversas foram as reformas da carreira docente e da avaliação de desempenho dos docentes, as quais foram alvo de contestação interna por professores e sindicatos[9], pelos partidos da oposição e por sectores do Partido Socialista.
Vários estudos posteriores aos anos em que atuou como ministra, verificaram que a degradação do estatuto dos professores afetou negativamente a qualidade das aprendizagens.[10]
Algumas medidas tomadas como ministra da Educação:
Reforma do primeiro ciclo do ensino básico
editarNo primeiro ciclo do ensino básico, foi introduzido o ensino do inglês e generalizada a escola a tempo inteiro com actividades de enriquecimento curricular, como a música e a actividade física. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) considerou que o programa da escola a tempo inteiro foi lançado a pensar nos “benefícios para as famílias e não como uma estratégia para incrementar a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos[11].
Foram elaboradas cartas educativas, encerradas as escolas com menos de dez alunos e apoiada a construção de mais de 400 novos centros escolares.
Novo estatuto do aluno
editarFoi aprovado um novo estatuto do aluno[12]. O estatuto foi alvo de críticas por parte de sindicatos e de partidos da oposição.[13][14] Após o seu mandato, o XVIII Governo Constitucional mudou o estatuto do aluno.
Reforma da educação e formação de adultos
editarEm articulação com o Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, foi lançada em 2006 a iniciativa Novas Oportunidades, na qual se inscreveram, até Novembro de 2009, mais de um milhão de adultos. No mesmo período, concluíram o seu processo de certificação escolar cerca de 300.000 adultos.
O cepticismo de partidos da oposição e de muitas personalidades que acusaram o programa de promover o facilitismo na obtenção de diplomas sem efectivos ganhos em conhecimentos e em competências[15][16][17]. Medina Carreira, classificaria o programa como uma "trafulhice" e uma "aldrabice[18].
O programa foi alvo de uma Avaliação Externa, encomendada a uma equipa da Universidade Católica Portuguesa e encabeçada pelo antigo Ministro da Educação Roberto Carneiro. Nas conclusões apresentadas no relatório da Avaliação Externa diz-se que “No plano estratégico, e num horizonte de médio prazo, a Iniciativa Novas Oportunidades encerra um potencial precioso e de inigualável riqueza conceptual para inspirar a estruturação de um sistema de Aprendizagem ao Longo da Vida suscetível de colocar Portugal na dianteira dos demais países Europeus e da OCDE, que normalmente lhe servem de benchmark”[19]. Os resultados desta Avaliação Externa foram editados pela UNESCO, MENON e CEPCEP[20] no livro "Accreditation of prior learning as a lever for lifelong learning: lessons learnt from the New Opportunities Initiative, Portugal"[21].
Reformas curriculares
editarNo ensino secundário, foi reintroduzido de modo generalizado o ensino profissional nas escolas públicas. Entre 2005 e 2009, o número de alunos a frequentar cursos profissionais passou de cerca de 30.000 para mais de 126.000.
Modernização das escolas
editarParque escolar
editarEm 2007, foi criada a empresa Parque Escolar e lançado o Programa de Requalificação das Escolas Secundárias[22], que abrangeu mais de 300 das cerca de 500 escolas com ensino secundário existentes. Uma auditoria da Inspeção-Geral de Finanças concluiu que o custo médio estimado de cada obra derrapou mais de 547%, de 2,82 para 15,45 milhões; outra auditoria, esta do Tribunal de Contas, detectou um valor superior a 500 milhões de despesas ilegalmente autorizadas[23].
Em 2022 há 11 arguidos no processo da Parque Escolar, dez pessoas singulares e uma coletiva (uma empresa de construção). Este processo envolve suspeitas de corrupção através de um esquema de viciação na contração de empresas para as obras de requalificação das escolas públicas. O inquérito foi aberto em 2016 pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Entre os arguidos estão ainda os atuais ou antigos altos quadros da Parque Escolar. Os responsáveis da empresa pública terão, alegadamente, recebido dos empreiteiros dinheiro, carros e imóveis como contrapartidas pela aprovação de projetos[24].
Plano Tecnológico da Educação
editarTambém em 2007, foi lançado o Plano Tecnológico da Educação[25] visando a modernização das escolas básicas e secundárias, nomeadamente dotando-as de recursos informáticos. Em resultado do Plano, o número de alunos por computador passou de 18, em 2005, para cinco, em 2009. Foi neste quadro que se concretizou o programa e-escolinha e de distribuição do Portátil Magalhães[26].
Modelo de gestão das escolas
editarFoi alterado o modelo de gestão das escolas criando o cargo de director de escola.
Contratação de João Pedroso
editarEm Junho de 2011, o Ministério Público acusou a antiga ministra da prática do crime de prevaricação de titular de cargo político, em co-autoria, no quadro de autorização de procedimento de adjudicação por ajuste directo de serviços jurídicos a João Pedroso, no valor de 266 mil euros. O contrato, que visava a construção de um corpo unificado de regras jurídicas e de normativos harmonizados e sistematizados de direito da educação, foi rescindido pelo Ministério da Educação em 2009, com exigência de devolução de verbas pagas, por incumprimento[27]. Em Janeiro de 2012, foi proferido despacho de pronúncia, confirmando a realização do julgamento. Maria de Lurdes Rodrigues considerou a acusação "injusta e infundada"[28].
A 15 de setembro de 2014, a ex-ministra da educação foi condenada a três anos e seis meses de prisão, com pena suspensa, por prevaricação de titular de cargo político.
Em dezembro de 2015, o Tribunal da Relação de Lisboa absolveu Maria de Lourdes Rodrigues. A Relação considerou que não houve dolo nem intenção de beneficiar o advogado João Pedroso.[29]
Avaliação de professores
editarLançou um novo modelo de avaliação dos professores em 2006, no qual os resultados obtidos pelos estudantes foi considerado um dos fatores importantes dos resultados da avaliação[30].
O modelo de avaliação introduzido pela ex-governante foi simplificado pelos governos seguintes tendo sido expurgados da influência dos resultados dos aluno.[31]
Pós-Ministério da Educação
editarCarreira Profissional
editarFindo o trabalho à frente do Ministério da Educação, regressou às actividades académicas no ISCTE, onde coordena o programa de mestrado em Políticas Públicas, tendo também constituído a equipa de docentes do curso de Doutoramento em Políticas Públicas e do curso de Mestrado em Administração Escolar.
No período 2014-15, Maria de Lurdes Rodrigues foi avaliada com ‘Inadequado’ como professora do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa. A ex-governante teve negativa porque não inseriu toda a produção científica desenvolvida, alegando problemas de saúde. Lurdes Rodrigues apelou e pediu uma avaliação qualitativa, que foi recusada por ter sido entregue fora do prazo. Fez uma exposição à Comissão Permanente do Conselho Científico, que validou o chumbo.[32]
Em Junho de 2022 Maria de Lurdes Rodrigues vai ser ouvida no Parlamento, para explicar o financiamento do novo centro de investigação do ISCTE, no âmbito de uma investigação sobre as ligações entre a Universidade e o Partido Socialista[33].
No início de 2010, foi nomeada por José Sócrates presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento[34], cargo que exerceu de Maio de 2010 a Dezembro de 2013. Em Outubro de 2011, a FLAD lançou o programa 'Study in Portugal', com vista à promoção das universidades portuguesas nos EUA e à captação de alunos norte-americanos para o sistema universitário português, em parceria com o Turismo de Portugal, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, a AICEP e a Comissão Fulbright[35].
Participou na criação do Instituto das Políticas Públicas e Sociais (IPPS).
Organizadora, desde 2012, do Fórum das Políticas Públicas.
É presença regular nos meios de comunicação (Público, Expresso, Diário de Notícias e TSF).
Referências
- ↑ «Currículo». CIÊNCIA-IUL. Consultado em 11 de novembro de 2022
- ↑ «Ex-ministra da Educação candidata-se a reitora do ISCTE»
- ↑ «Ex-ministra da Educação condenada a 3 anos e seis meses de prisão com pena suspensa». Consultado em 8 de março de 2018
- ↑ «Maria de Lurdes Rodrigues absolvida: "Acórdão da Relação é censura muito forte à decisão da primeira instância"». Jornal Expresso
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Maria de Lurdes Reis Rodrigues". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 15 de fevereiro de 2016
- ↑ Silva, Samuel. «Universidades. Maria de Lurdes Rodrigues é a primeira mulher a liderar o ISCTE». PÚBLICO
- ↑ «Maria de Lurdes Rodrigues eleita reitora do ISCTE». Jornal Expresso
- ↑ «Ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues reeleita reitora do ISCTE». Diário de Notícias
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 8 de março de 2008. Arquivado do original em 10 de março de 2008
- ↑ «"Degradação do estatuto dos professores afectou a qualidade das aprendizagens"»
- ↑ «Escola a tempo inteiro: em Portugal serve para apoiar as famílias, noutros países para reforçar aprendizagens»
- ↑ «Título ainda não informado (favor adicionar)». www.publico.pt. Consultado em 28 de março de 2010. Arquivado do original em 18 de março de 2010
- ↑ Expresso (1 de Fevereiro de 2010). «Professores pedem revisão do Estatuto do Aluno». Consultado em 1 de Fevereiro de 2010
- ↑ Jornal Sol (1 de fevereiro de 2010). «Professores pedem revisão urgente do Estatuto do Aluno». 01-02-2010. Consultado em 1 de fevereiro de 2010
- ↑ «Notícia na Visão». Consultado em 6 de janeiro de 2010
- ↑ «Notícia no Jornal de Notícias». Consultado em 6 de janeiro de 2010
- ↑ «Notícia na RTP (vídeo)». Consultado em 6 de janeiro de 2010
- ↑ «Medina Carreira diz que Novas Oportunidades é "trafulhice"»
- ↑ «Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, IP». www.anqep.gov.pt. Consultado em 8 de março de 2018
- ↑ UCP, DSI -. «UCP - FCH - CEPCEP». icm.fch.lisboa.ucp.pt. Consultado em 8 de março de 2018
- ↑ UCP, DSI -. «UCP - FCH - CEPCEP». icm.fch.lisboa.ucp.pt. Consultado em 8 de março de 2018
- ↑ «Título ainda não informado (favor adicionar)» (PDF). www.oecd.org
- ↑ «Por Abril»
- ↑ «Caso Parque Escolar já conta com 11 arguidos»
- ↑ «Título ainda não informado (favor adicionar)». www.pte.gov.pt<[ligação inativa]
- ↑ «Título ainda não informado (favor adicionar)». www.wikinomics.com
- ↑ http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1883864
- ↑ http://aeiou.expresso.pt/maria-de-lurdes-rodrigues-acusacao-de-prevaricacao-e-infundada=f699771
- ↑ RTP Notícias, 1 de dezembro de 2015
- ↑ «Para que serve a avaliação docente?»
- ↑ «Maria de Lurdes Rodrigues diz que avaliação de professores acabou em Portugal»
- ↑ «ISCTE chumba Maria de Lurdes Rodrigues»
- ↑ «"Essencial" investiga as ligações entre o ISCTE e o PS»
- ↑ «Título ainda não informado (favor adicionar)». tsf.sapo.pt[ligação inativa]
- ↑ «Título ainda não informado (favor adicionar)». www.publico.pt. Consultado em 12 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 30 de dezembro de 2011
Precedida por Maria do Carmo Seabra |
Ministra da Educação XVII Governo Constitucional 2005 – 2009 |
Sucedida por Isabel Alçada |