No modelo padrão das partículas fundamentais, a matriz CKM (matriz de Cabibbo–Kobayashi–Maskawa) é uma matriz unitária que contém informações acerca da probabilidade de mudança de sabor de um quark causada pela interação fraca. Estas informações são essenciais para o entendimento da violação de simetria CP.

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A matriz foi introduzida pelos físicos Makoto Kobayashi, Toshihide Maskawa e Nicola Cabibbo.

Definição

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Uma representação gráfica do decaimento dos seis quarks, com aumento de massa da esquerda para direita.

Em 1963, Nicola Cabibbo introduziu o ângulo de Cabibbo ( ) para preservar a universalidade da força fraca[1] com dependência do trabalho anterior de Murray Gell-Mann.[2] Na época, o ângulo foi utilizado para o cálculo de probabilidade do decaimento dos quarks down e estranho em quarks up. Podemos descrever esta interação como segue:[3]

 

ou utilizando o ângulo de Cabbibo:

 

Daqui pode-se obter o valor aproximado do ângulo de Cabbibo, como segue:

 

Quando o quark c foi descoberto em 1974, foi observado que os quarks down e estranho poderiam decair tanto para o up como para o c, deixando dois conjuntos de equações:

 
O ângulo de Cabibbo representação a rotação da massa do operador adjunto espacial    . θC = 13.04°.
 
 

ou utilizando o ângulo de Cabibbo:

 
 

Isto também pode ser descrito como uma matriz:

 

ou utilizando o ângulo de Cabibbo:

 

onde os diversos   representam a probabilidade que o quark de sabor   tem de decair em um quark de sabor  . Esta matriz de rotação   é chamada de matriz de Cabibbo.

Observe que a violação de simetria CP não poderia ser explicada num modelo de quatro quarks, Kobayashi e Maskawa generalizaram a matriz de Cabibbo na que ficou conhecida por matriz de Cabibbo–Kobayashi–Maskawa para comportar a interação fraca.[4]

 

Do lado esquerdo se vê a interação fraca fazendo papel de quarks up, e do lado direito se vê a matriz CKM junto ao vetor espacial de massa do operador adjunto do quark down. A matriz CKM descreve a probabilidade da transição de um quark em outro, e ela é proporcional a  .

Atualmente a melhor aferição da magnitude dos elementos da matriz CKM é:[5]

 

Perceba que a escolha de se utilizar o quark down na definição é completamente arbitrária e não representa uma assimetria física entre os quarks up e down. Se ela fosse obtida se utilizando qualquer outro quark, nós obteríamos, essencialmente, a mesma matriz.

Prêmio Nobel

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Em 2008, Kobayashi e Maskawa dividiram metade do prêmio Nobel de Física pela descoberta da origem de quebra espontânea de simetria que prevê a existência de ao menos três famílias de quarks na natureza.[6] Alguns físicos reportaram um sentimento de amargura pelo fato que o Prêmio Nobel havia falhado em premiar o trabalho de Cabibbo, no qual a matriz CKM havia se baseado.[7] Questionado a respeito do fato, Cabibbo preferiu não externar nenhum comentário.[8]

Referências

  1. N. Cabibbo (1963). «Unitary Symmetry and Leptonic Decays». Physical Review Letters. 10 (12): 531–533. doi:10.1103/PhysRevLett.10.531 
  2. M. Gell-Mann and M. Lévy (1960). «The axial vector current in beta decay». Il Nuovo Cimento. 16 (4): 705–726. doi:10.1007/BF02859738 
  3. I.S. Hughes (1991). «11.1 – Cabibbo Mixing». Elementary Particles 3rd ed. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 242–243. ISBN 0-521-40402-9 
  4. M. Kobayashi, T. Maskawa (1973). «CP-Violation in the Renormalizable Theory of Weak Interaction». Progress of Theoretical Physics. 49 (2): 652–657. doi:10.1143/PTP.49.652 
  5. K. Nakamura; et al. (2010). «Review of Particles Physics: The CKM Quark-Mixing Matrix» (PDF). J. Phys. G. 37 (075021): 150 
  6. «The Nobel Prize in Physics 2008». Fundação Nobel. 7 de outubro de 2008 
  7. V. Jamieson (7 de outubro de 2008). «Physics Nobel Snubs key Researcher» 
  8. «Nobel, l'amarezza dei fisici italiani» (em italiano). 7 de outubro de 2008 

Ver também

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Ligações externas

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