Maximilien de Béthune

Maximilien de Béthune, duque de Sully, barão de Rosny, de Henrichemont e de Boisbelle, marquês de Nogent-le-Rotrou, conde de Muret e de Villebon, visconde de Meaux, Marechal da França (13 de dezembro de 1560 - 22 de dezembro de 1641), mais conhecido como duque de Sully foi um soldado valente, ministro francês, um dos líderes da facção religiosa dos huguenotes e braço direito do rei Henrique IV de França no governo da França.[1][2][3]

Maximilien de Béthune
Maximilien de Béthune
Nascimento 13 de dezembro de 1560
Rosny-sur-Seine
Morte 22 de dezembro de 1641
Château de Villebon
Sepultamento Nogent-le-Rotrou, Castelo de Sully-sur-Loire
Cidadania França
Progenitores
  • François I de Béthune, Baron de Rosny et de Baye
  • Charlotte Dauvet
Cônjuge Anne de Courtenay, Rachel de Cochefilet
Filho(a)(s) Marguerite de Béthune, Maximilien II de Béthune, François de Béthune, Duc d'Orval, Comte de Muret et de Villebon
Ocupação político, escritor, militar, estadista, comandante militar, soldado
Título duque

Biografia

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Économies royales, 1775

Nasceu no Château de Rosny perto de Mantes-la-Jolie[3] de uma família nobre de origem flamenga, sendo chamado também de Rosny ou senhor de Rosny, e foi educado como huguenote. Ainda menino, Maximilien foi apresentado a Henrique de Navarra, em 1571 e manteve-se permanentemente ligado ao futuro rei de França. O jovem barão de Rosny foi levado para Paris por seu pai e foi estudar no Colégio da Borgonha, no mesmo dia do Massacre de São Bartolomeu. Ele, para se separar do séquito protestante e se dissimular por católico, tomou um livro de horas (uma coleção de textos, orações e salmos, acompanhado de ilustrações apropriadas, para a liturgia diária) e o carregou discretamente debaixo do braço. Em seguida, ele estudou matemática e história na corte de Henrique de Navarra.

No início da guerra civil em 1575 ele se alistou no exército protestante. Em 1576, ele acompanhou o duque de Anjou numa expedição aos Países Baixos, a fim de recuperar propriedades na região de Rosny, mas sendo vencidos, aliou-se por um tempo com o príncipe de Orange, soberano dos Países Baixos. Mais tarde, aliou-se novamente com Henrique de Navarra, na região da Guienne, ele mostrou bravura no campo de batalha e habilidade especial como engenheiro militar. Em 1583 ele foi agente especial de Henrique, em Paris, e durante uma pausa nas Guerras de Religião casou-se com uma herdeira do trono de Navarra, Anne de Courtenay, que morreu cinco anos depois.

Quando a guerra civil rebentou novamente na região de Rosny, se juntou a Henrique de Navarra, e na batalha de Ivry (1590) ficou gravemente ferido. Ele aconselhou a conversão de Henrique IV ao catolicismo romano, pois seria o caminho mais fácil para se tornar o próximo rei da França sucedendo aos parentes de Catarina de Médici, mas ele próprio recusou-se a se tornar também católico romano. Nesse momento Henrique teria dito que "Paris bem vale uma missa". Depois que a sucessão de Henrique ao trono foi garantida, os nobres de Rosny receberam sua recompensa na forma de inúmeras terras e dignidades. Desde 1596, quando ele foi chamado à comissão de finanças por Henrique IV, o barão de Rosny introduziu alguma ordem nos assuntos econômicos da França, devastados por décadas de guerras religiosas e governos de reis fracos. Atuando como único Superintendente de Finanças (oficialmente), no final de 1601, ele autorizou a livre exportação de grãos e e de vinho, a redução dos juros legais, estabeleceu um tribunal especial para julgar casos de peculato, proibiu os governadores das províncias de arrecadar dinheiro por sua própria conta e autoridade e removeu muitos abusos na coleta de impostos. Aboliu vários escritórios de burocratas do rei, e por sua conduta, honesta e rigorosa com as finanças do país, foi capaz de poupar entre 1600 e 1610 uma média de um milhão de livres por ano.

Seus feitos não foram exclusivamente financeiros. Em 1599 foi nomeado comissário geral de estradas e obras públicas, superintendente das fortificações e grão-mestre da artilharia, em 1602, governador de Nantes e de Jargeau, capitão-geral da "gens d'Armes" da Rainha e governador da Bastilha, em 1604 ele virou governador de Poitou, e em 1606 foi elevado a duque de Sully, posição ao lado dos príncipes de sangue e dos pares de França.[1][2] Ele recusou o cargo de condestável da França, porque ele não iria se tornar católico romano, essencial para a ocupação legal do cargo.

Sully incentivou a agricultura, clamou pela livre circulação dos produtos dentro das fronteiras francesas e pela taxação e substituição dos produtos importados, promoveu a pecuária, proibiu a destruição das florestas, drenou pântanos, construiu estradas e pontes, planejou um vasto sistema de canais e começou as obras do canal de Briare. Ele reforçou o poderio militar francês. Sob sua direção o arquiteto Evrard iniciou a construção de uma grande linha de defesas nas fronteiras. Na política externa, Sully fez oposição à política colonial do rei como incompatível com os interesses franceses, e também se mostrou pouco favorável às atividades industriais de luxo, apesar da solicitação urgente do rei para estabelecer a indústria da seda no país. Para Henrique era uma grande fonte de divisas e protecionismo comercial contra as manufaturas do norte e sul da Itália. Para Sully, era uma forma de corromper o espírito dos homens - o luxo tornaria os nobres de bons soldados em pessoas frívolas, o que não deixou de ser algo profético. Ele lutou na companhia de Henrique IV em Saboia (1600-1601) e negociou o tratado de paz em 1602, em 1603 ele representou Henrique IV na corte de Jaime I da Inglaterra, e durante todo o reinado, ele ajudou o rei a controlar as insurreições dos nobres, fossem estes de fé católica ou protestante. Foi Sully, também, que arranjou o casamento entre Henrique IV e Maria de Médici. Ele apoiou o rei ao tentar proibir os duelos na França, que haviam se tornado uma verdadeira praga, contando-se as vítimas fatais às centenas ao ano.

Diz-se da França desse período como um reinado feliz. O próprio Henrique IV teria dito que uma de suas metas era que cada francês pudesse comer galinha junto com a família.

 
Brasão da Casa de Béthune

O papel político de Sully acabou com o assassinato de Henrique IV em 14 de maio de 1610, por François Ravaillac. Apesar de ser membro do conselho de regência da rainha, seus colegas não estavam dispostos a aceitar sua liderança dominadora, e depois de um debate tempestuoso, ele renunciou ao cargo de superintendente de finanças em 26 de janeiro de 1611, e aposentou-se para cuidar da vida privada.

A rainha mãe lhe deu 300 mil livres para os seus serviços prestados e confirmou-o na posse de suas propriedades. Participou da reunião dos Estados Gerais de 1614, e em geral era simpático com a política e o governo do Cardeal de Richelieu. Ele desaprovou as rebeliões em La Rochelle, em 1621, mas no ano seguinte foi brevemente detido em Moulins.

O bastão de marechal de França lhe foi conferido em 18 de setembro de 1634. Os últimos anos de sua vida foram gastos principalmente em Villebon, Rosny e Sully. Ele morreu em Villebon.

 
Estátua de Sully no Palais du Louvre, Paris.

Com sua primeira esposa Sully teve um filho, Maximilien, marquês de Rosny (1587-1634), que levou uma vida de dissipação e libertinagem. Com sua segunda esposa, Rachel de Cochefilet, viúva do senhor de Chateaupers, com quem se casou em 1592 e que virou protestante para agradá-lo, ele teve nove filhos, dos quais seis morreram jovens, e uma filha casada em 1605 Henri, duque de Rohan.

Realizações

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Château de Rosny-sur-Seine, o palacete construído pelo Duque de Sully.

Sully não era popular. Ele era odiado pela maioria dos católicos romanos, porque ele era um protestante, e pela maioria dos protestantes, porque ele era fiel ao rei que havia se tornado católico romano, e por todos, porque ele era um dos favoritos do rei, além de ser citado como egoísta, obstinado e rude. Ele acumulou uma grande fortuna pessoal, e seu ciúme de todos os outros ministros e favoritos era extravagante. No entanto, ele foi um excelente homem de negócios, e se opôs às despesas ruinosas com as cortes que foram a perdição de quase todas as monarquias europeias nesses tempos. Ele era dotado de capacidade executiva, acima de tudo com profunda devoção ao seu rei. Ele havia ganho implicitamente a confiança de Henrique IV, e provou-se o assistente mais capaz em dissipar o caos em que as guerras religiosas e civis tinham mergulhado França. À Sully, ao lado de Henrique IV, pertence o crédito para a transformação feliz na França entre 1598 e 1610, pelo qual a agricultura e o comércio foram beneficiados e paz externa e a ordem interna foram restabelecidos. Foi um mercantilista prático.

Referências

  1. a b «Maximilien de Béthune, Duc de Sully». The British Museum. Consultado em 2 de julho de 2021 
  2. a b «Maximilien de Béthune, duke de Sully». Encyclopedia Britannica (em inglês). Consultado em 2 de julho de 2021 
  3. a b «Duc de Sully Maximilien de Béthune». Oxford Reference (em inglês). doi:10.1093/oi/authority.20110803100541771. Consultado em 2 de julho de 2021