Mercado Kermel
O Mercado Kermel (em francêsː Marché Kermel) é um mercado construído pelas autoridades coloniais francesas, em 1910. É o mercado urbano mais antigo de Dacar, capital de Senegal, e o único edifício colonial neo-mourisco na África subsaariana francófona. E é um Monumento Histórico Nacional.[1][2]
Mercado Kermel Marché Kermel | |
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Informações gerais | |
Estilo dominante | Neo-mourisco |
Início da construção | 1908 |
Fim da construção | 1910 |
Proprietário inicial | Governo colonial francês |
Função inicial | Comércio |
Proprietário atual | Município de Dacar |
Função atual | Comécio |
Geografia | |
País | Senegal |
Cidade | Dacar |
Coordenadas | 14° 40′ 13,86″ N, 17° 25′ 44,09″ O |
Geolocalização no mapa: Senegal | |
Localização em mapa dinâmico |
História
editarEm 1865, foi instalado um galpão com pilares e cobertura metálica simples, para proteger as mercadorias das intempéries.[1]
Com o desenvolvimento e a comercialização difundida de estruturas de ferro pré-fabricadas, na Europa, para a construção de estações de trem, pontes, igrejas, entre outros, a estrutura pré-fabricada foi utilizada pela França para transformar o galpão da colônia em um mercado, com início da construção em 1908 e término em 1910. Como estava situado em um local estratégico, perto do porto marítimo e da estação ferroviária central, passou a ser o principal mercado urbano da região, até os anos de 1920, quando construíram o Mercado Sandaga.[1]
Em 1914, foi no Mercado Kermel que ocorreu um dos primeiros eventos anticoloniais de resistência urbana na África Ocidental Francesa. Naquele ano, o Governo Colonial obrigou que os moradores do bairro, onde se encontrava o mercado, fizessem residências permanentes, pois iriam demolir suas cabanas. Ou se deslocassem para o bairro da Medina. Os vendedores das etnias Lebou e Uolofes organizaram um boicote contra os residentes europeus da região, que apoiavam a segregação residencial. Os vendedores se recusavam a vender alimentos para os europeus e seus funcionários domésticos.[1][3]
No ano de 1993, ocorreu um incêndio que destruiu totalmente o mercado. E, em 1997, é reconstruído quase que idêntico ao original incendiado. A reconstrução foi financiada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (Fed) e pelo Grão-Duque de Luxemburgo.[1][4][5]
Em 1998, o Ministério da Economia e Finanças de Senegal transfere a gestão do mercado para o Município de Dacar.[6]
Arquitetura
editarO edifício foi construído em estilo neo-mourisco da época, um estilo que era muito utilizado no norte da África. Por isso que o edifício é raridade em Dacar.[1]
No corpo principal do mercado, foi utilizado um esqueleto de ferro pré-fabricado e, para a ventilação, foi circundado por uma galeria de ferro pré-fabricado, ambos fundidos na França. A edificação possui três grandes portais de acesso, feitos em forma de arco de ferradura e com moldura em tijolos pintados de branco e vermelho em alternância, atualmente a cor branca foi substituída por amarelo.[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g Bigon, Liora; Sinou, Alain (20 de junho de 2013). «(Re-)Producing the Marché Kermel». Bulletin du Centre de recherche français à Jérusalem (em inglês) (24). ISSN 2075-5287. Consultado em 14 de dezembro de 2022
- ↑ «Monuments historiques et sites classés du Sénégal». Au Sénégal, le cœur du Sénégal (em francês). 13 de março de 2012. Consultado em 15 de dezembro de 2022
- ↑ Bigon, Liora (abril de 2016). «Bubonic plague, colonial ideologies, and urban planning policies: Dakar, Lagos, and Kumasi». Planning Perspectives (2): 205–226. doi:10.1080/02665433.2015.1064779. Consultado em 14 de dezembro de 2022
- ↑ Sarr, Pauline (25 de fevereiro de 2014). «Les marchés du Sénégal». Au Sénégal, le cœur du Sénégal (em francês). Consultado em 14 de dezembro de 2022
- ↑ Mbodji, Amadou (27 de setembro de 2022). «Célébration - Journée mondiale du tourisme par l'Uaa : Donner un second souffle à Kermel». Le Quotidien - Journal d'information Générale (em francês). Consultado em 14 de dezembro de 2022
- ↑ Bredeloup, Sylvie. (2008). Le marché Kermel à Dakar ou les formes de résistance à la privatisation d'un équipement urbain. (em francês). Paris : L'Harmattan, 177-191. (Etudes Africaines). ISBN 978-2-296-06210-8