Merck Sharp and Dohme
Merck & Co. ou Merck Sharp & Dohme (MSD) é uma empresa farmacêutica, química e de ciências biológicas estadunidense presente em 67 países. Anteriormente era o braço americano do Grupo Merck, fundado em 1668, quando Friedrich Jacob Merck adquiriu a Farmácia Angel em Darmstadt, Alemanha. Em 1827, Heinrich Emmanuel Merck começou a produção em escala industrial de alcaloides, extratos de plantas e outros químicos.[1]
Merck & Co., Inc. | |
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Farmacêutica | |
Fundação | 1891 |
Fundador(es) | George Merck |
Website oficial | https: |
"Desde 1891, nossos cientistas ajudam a encontrar novas formas para tratar e prevenir doenças, desde o descobrimento da vitamina B1, a primeira vacina contra o sarampo, os medicamentos para a gripe e os antiácidos até as primeiras estatinas para tratar o colesterol alto", reporta a empresa sem seu sítio, na seção Nossa História.[2]
Sua sede fica em Kenilworth, Nova Jersey.
No Brasil, a empresa está presente desde 1952, sendo a sede localizada em São Paulo e com fábricas em Campinas e Cruzeiro, no estado de São Paulo, e em Montes Claros, Minas Gerais.[2]
Origens
editarA Merck & Co. tem suas origens em sua antiga matriz alemã, o Grupo Merck, que foi fundado pela família Merck em 1668, quando Friedrich Jacob Merck comprou uma farmácia em Darmstadt.[3] [4] Em 1827, o Grupo Merck evoluiu de uma farmácia para uma empresa fabricante de medicamentos com a fabricação comercial de morfina.[5] A Merck aperfeiçoou o processo químico de derivação da morfina do ópio e, mais tarde, introduziu a cocaína, usada para tratar problemas de sinusite e para ser adicionada a bebidas para aumentar os níveis de energia.[6]
Em 1887, Theodore Weicker, nascido na Alemanha e funcionário de longa data da Merck, foi para os Estados Unidos para representar o Grupo Merck[7] . Em 1891, com US$ 200.000 recebidos de E. Merck, Weicker fundou a Merck & Co. com sede na parte baixa de Manhattan. Naquele ano, George Merck, o filho de 23 anos do então diretor da E. Merck (e neto do fundador), juntou-se a Weicker, em Nova York.[8][3][4] A Merck & Co. funcionou de 1891 a 1917 como a subsidiária norte-americana do Grupo Merck.[4]
Nacionalização
editarDepois que os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial, a Merck & Co., em razão de suas conexões com a Alemanha, foi expropriada, com base no Trading with the Enemy Act (Lei de Comércio com o Inimigo) de 1917.[9] O governo dos EUA confiscou 80% das ações de propriedade da matriz alemã e as vendeu.[10] Em 1919, George F. Merck (chefe do ramo americano da família Merck), em associação com Goldman Sachs e Lehman Brothers, comprou a empresa de volta, em um leilão do governo dos Estados Unidos, por US$ 3,5 milhões. Todavia a Merck & Co. continuou a ser uma empresa separada de sua antiga matriz alemã,[11][12] detendo os direitos de marca registrada "Merck" nos Estados Unidos e no Canadá, enquanto sua antiga matriz detém os direitos no resto do mundo. O direito de usar o nome "Merck" foi objeto de litígio entre as duas empresas em 2016.[13][14][15][16]
Em 1925, George W. Merck sucedeu seu pai, George F. Merck, como presidente. Em 1927, a corporação se fundiu com a Powers-Weightman-Rosengarten Company, uma fabricante de quinino da Filadélfia. George Merck permaneceu como presidente, e Frederic Rosengarten tornou-se presidente do conselho de administração.[17][18] Em 1929, a H. K. Mulford Company fundiu-se com a Sharp and Dohme, Inc. e trouxe a tecnologia de vacinas, incluindo a imunização de cavalos da cavalaria, durante a Primeira Guerra Mundial, e a entrega de uma antitoxina contra difteria para a Merck & Co.
Em 1943, a estreptomicina foi descoberta durante um programa de pesquisa financiado pela Merck no laboratório de Selman Waksman, na Universidade Rutgers. O antibiótico foi a base do primeiro tratamento eficaz da tuberculose. Na época de sua descoberta, os sanatórios para o isolamento de pessoas infectadas com tuberculose eram uma característica onipresente das cidades dos países desenvolvidos, sendo que 50% morriam em até 5 anos após a internação hospitalar.[19][20] Embora o acordo da Merck com a Rutgers lhe desse direitos exclusivos sobre a estreptomicina, a empresa renegociou esse acordo, a pedido de Waksman, devolvendo os direitos à universidade em troca de royalties. A universidade então estabeleceu licenças não exclusivas com sete empresas para assegurar o suprimento do antibiótico[21].
Produtos
editarA empresa desenvolve medicamentos, vacinas, terapias biológicas e produtos para a saúde animal. Em 2020, a empresa tinha 6 medicamentos ou produtos de sucesso, cada um com mais de US $ 1 bilhão em receita: Keytruda (pembrolizumabe), um anticorpo humanizado usado em imunoterapia contra o câncer que teve US $ 14,3 bilhões em receita em 2020; Januvia (sitagliptina), um medicamento antidiabético usado para tratar o diabetes tipo 2 que teve $ 5,3 bilhões em receita em 2020; Gardasil, uma vacina contra o HPV que teve receita de US $ 3,9 bilhões em 2020; Varivax, uma vacina contra varicela usada para proteger contra a deonça que teve US $ 1,9 bilhão em receitas em 2020; Bridion (Sugammadex), um medicamento bloqueador neuromuscular que teve US $ 1,2 bilhão em receita em 2020; e Pneumovax 23, uma vacina pneumocócica polissacarídica que teve receita de US $ 1,1 bilhão em 2020. Outros produtos importantes da empresa incluem Isentress (raltegravir), um medicamento anti-retroviral usado para tratar HIV-AIDS que teve $ 857 milhões em receita em2020; Simponi (golimumab), um anticorpo monoclonal humano usado como uma droga imunossupressora que teve uma receita de US $ 838 milhões em 2020; RotaTeq, uma vacina contra rotavírus que teve US $ 797 milhões em receita em 2020; e Lynparza (olaparib), um medicamento para o tratamento de manutenção do câncer de ovário avançado com mutação BRCA em adultos que gerou $ 725 milhões em receita de 2020 para a empresa.[22]
Medicamento contra covid-19
editarEm 1 de outubro de 2021, a Merck (MSD) anunciou que o medicamento molnupiravir teria tido resultados positivos contra a covid-19 em testes iniciais. Segundo a empresa, ensaios clínicos preliminares feitos com 775 pessoas haviam mostrado que o tratamento com o antiviral havia reduzido o risco de hospitalização e morte por covid-19 em cerca de 50% para pacientes de alto risco diagnosticados recentemente.[23][24]
Dias depois, a Fiocruz anunciou que no Brasil, sete centros, em cinco estados, participariam dos testes de Fase 3 do medicamento.[25]
Em 4 de novembro, o governo do Reino Unido anunciou a aprovação da droga para tratamento de pacientes de covid-19.[26][27][28]
Referências
- ↑ Joseph 2016.
- ↑ a b «MSD | Nossa História». www.msd.com.br. Consultado em 4 de novembro de 2021
- ↑ a b «Key Facts About Merck». The New York Times. Associated Press. 3 de novembro de 2005
- ↑ a b c Voinea, Cosmina Lelia; Kranenburg, Hans Van (14 de julho de 2017). Nonmarket Strategic Management. [S.l.]: Taylor & Francis. ISBN 978-1-317-42173-3
- ↑ «The history of heroin: From King Tut to cough remedy». The Palm Beach Post. 28 de junho de 2018
- ↑ «Opioid epidemic shares chilling similarities with past drug crises». Stat. Associated Press. 29 de outubro de 2017
- ↑ Lillard, Benjamin (1908). Practical Druggist and Pharmaceutical Review of Reviews (em inglês). New York: Lillard & Company. 375 páginas
- ↑ Wilkins, Mira (1989). The History of Foreign Investment in the United States to 1914. [S.l.]: Harvard University Press. ISBN 9780674396661
- ↑ Colditz, Graham A. (2015). The SAGE Encyclopedia of Cancer and Society (em inglês) 2nd ed. Los Angeles, CA: SAGE Publications. 758 páginas. ISBN 978-1-4833-4574-1
- ↑ Hawthorne, Fran (2003). The Merck Druggernaut: The Inside Story of a Pharmaceutical Giant (em inglês). Hoboken, NJ: John Wiley & Sons. 23 páginas. ISBN 0-471-22878-8
- ↑ «This month in 1917: A tale of two Mercks». PM Live. 14 de abril de 2014
- ↑ «With Merck & Co. Offering, Goldman Sachs Emerges from the Shadow of World War I». Goldman Sachs
- ↑ «Legal Wrangle Pits Merck vs. Merck». genengnews.com. 15 de janeiro de 2016
- ↑ Bulik, Beth Snyder (1º de junho de 2020). «In another round of Merck vs. Merck, Germany-based Merck KGaA notches a win in the U.K.». Fierce Pharma
- ↑ Dauer, Ulrike. «Germany's Merck KGaA Wins Battle Over Name in U.K.». The Wall Street Journal
- ↑ «Fight over Merck name sees German firm win in British court». Reuters. 15 de janeiro de 2016
- ↑ «Our History: 1925». Rahway, New Jersey: Merck & Co., Inc. 1891
- ↑ «F. Rosengarten of Merck Co. Dies: Retired Chairman of Makers of Pharmaceuticals Headed Hospital in Philadelphia» (PDF). The New York Times. 30 de outubro de 1955. p. 88
- ↑ Kingston W (julho de 2004). «Streptomycin, Schatz v. Waksman, and the balance of credit for discovery». J Hist Med Allied Sci. 59 (3): 441–62. PMID 15270337. doi:10.1093/jhmas/jrh091
- ↑ Antibacterial Agents. Chemistry, Mode of Action, Mechanisms of Resistance, and Clinical Applications. Anderson RJ, Groundwater PJ, Todd A, Worsely AJ. Wiley (2012). ISBN 9780470972458 See Preface material.
- ↑ Tansey, E.M.; Reynolds, L.A., eds. (2000). Post-Penicillin Antibiotics: From Acceptance to Resistance?. A Witness Seminar held at the Wellcome Institute for the History of Medicine, London. London: Wellcome Trust. ISBN 978-184129-012-6
- ↑ «Inline XBRL Viewer». www.sec.gov. Consultado em 4 de novembro de 2021
- ↑ «MSD diz que sua pílula contra Covid-19 reduz em 50% risco de internação e morte». CNN Brasil. Consultado em 4 de novembro de 2021
- ↑ «Comprimido contra Covid da MSD: o que se sabe sobre o medicamento». G1. Consultado em 4 de novembro de 2021
- ↑ «Covid-19: Fiocruz participará de estudo de Fase 3 do Molnupiravir». Agência Fiocruz de Notícias. 6 de outubro de 2021. Consultado em 4 de novembro de 2021
- ↑ «First oral antiviral for COVID-19, Lagevrio (molnupiravir), approved by MHRA». GOV.UK (em inglês). Consultado em 4 de novembro de 2021
- ↑ «Merck and Ridgeback's Molnupiravir, an Oral COVID-19 Antiviral Medicine, Receives First Authorization in the World». Merck.com (em inglês). Consultado em 4 de novembro de 2021
- ↑ «Como o antirretroviral oral molnupiravir pode mudar o tratamento contra Covid-19». CNN Brasil. Consultado em 4 de novembro de 2021
Bibliografia
editar- Joseph, Ugesh A. (2016). «Merck». The 'Made in Germany' Champion Brands: Nation Branding, Innovation and World Export Leadership. Londres e Nova Iorque: Routledge