Forte de São João Batista das Berlengas
O Forte de São João Baptista das Berlengas, Forte da Berlenga ou Fortaleza das Berlengas, localiza-se na ilha de Berlenga Grande, no arquipélago das Berlengas, integrando o conjunto defensivo de Peniche, na região Oeste portuguesa.[1]
Tipo | |
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Fundação | |
Estatuto patrimonial |
Monumento Nacional (d) |
Localização |
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Coordenadas |
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Forte de São João Baptista das Berlengas | |
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Forte de São João Baptista das Berlengas, Portugal. | |
Informações gerais | |
Construção | 1600s |
Promotor | João IV de Portugal |
Aberto ao público | ![]() |
Património de Portugal | |
DGPC | 70299 |
SIPA | 4062 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | São Pedro |
Coordenadas | 39° 24′ 40″ N, 9° 30′ 36″ O |
Localização em mapa dinâmico |
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O Forte de São João Baptista está classificado como Monumento Nacional desde 1938.[2][3]
História
editarAntecedentes
editarA ocupação humana da Berlenga Grande (única habitável) remonta à Antiguidade, sendo assinalada como ilha de Saturno pelos geógrafos romanos[4]. Posteriormente foi visitada por navegadores muçulmanos, viquingues, corsários franceses e Ingleses.[4]
Em 1513, com o apoio da rainha D. Leonor, monges da Ordem de São Jerónimo aí se estabeleceram com o propósito de oferecer auxílio à navegação e às vítimas dos frequentes naufrágios naquela costa atlântica, assolada por corsários. Fundaram o Mosteiro da Misericórdia da Berlenga no local onde em 1953 foi construído um restaurante. No entanto, a escassez de alimentos, as doenças e os constantes assaltos de piratas e corsários marroquinos, argelinos, ingleses e franceses, tornaram impossível a vida de retiro dos frades, muitas vezes incomunicáveis devido à inclemência do mar.
O forte seiscentista
editarNo contexto da Guerra da Restauração, sob o governo de D. João IV (1640-1656), o Conselho de Guerra determinou a demolição das ruínas do mosteiro abandonado e a utilização de suas pedras na construção de uma fortificação para a defesa daquele ponto estratégico do litoral. Embora se ignore a data em que as obras foram iniciadas, já em 1655, quando ainda em construção, resistiu com sucesso ao seu primeiro assalto, ao ser bombardeada por três embarcações de bandeira turca.[5]
Em 1666, no contexto da tentativa de rapto da princesa francesa Maria Francisca Isabel de Saboia, noiva de Afonso VI (1656-67), uma esquadra espanhola integrada por 15 embarcações intentou a conquista do forte, defendido por um efetivo de pouco mais de duas dezenas de soldados sob o comando do Cabo António Avelar Pessoa.[5] Numa operação combinada de bombardeio naval e desembarque terrestre os atacantes perderam, em apenas dois dias, 400 soldados em terra e 100 nos navios (contra um morto e quatro feridos pelos defensores), sendo afundada a nau Covadonga e sériamente avariadas outras duas, afundadas no regresso a Cádiz.[5] Traída por um desertor, sem mais munição e mantimentos, a praça finalmente rendeu-se perdendo nove das peças da sua artilharia capturadas pelos invasores.
No tempo da Guerra Peninsular, foi utilizada como base de apoio pelas forças inglesas[4], numa campanha de guerrilha na qual colaborou ativamente a população de Peniche.
Posteriormente sofreu obras de restauração, com a reedificação da Capela no seu interior.
Durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), a fortaleza encontrava-se em mãos dos partidários de Miguel I de Portugal (1828-1834). Com deficiência de artilharia, entretanto, não resistiram diante do assalto dos liberais que a utilizaram como base para o assalto à cidadela de Peniche, reduto dos miguelistas[5].
Sem maior valor militar, diante da evolução dos meios bélicos no século XIX, foi desartilhada (1847) e abandonada passando a ser utilizada como base de apoio para a pesca comercial.
Do século XX aos nossos dias
editarEm meados do século XX foi parcialmente restaurada e aberta ao turismo adaptada como pousada pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Actualmente funciona apenas como pousada para turismo, sob a gestão da Associação dos Amigos das Berlengas, associação criada em 1975, visando a defesa do mesmo de "saques" realizados entre 1973 e 1974[5][6].
Características
editarO forte de planta no formato de um polígono heptagonal irregular (orgânica). No terrapleno, pelo lado voltado para a ilha, apresenta a edificação principal com dois pavimentos, com doze compartimentos onde funcionavam as dependências de serviço (Casa do Comando, Quartéis de Tropas, Armazéns, Cozinha e outros) e mais oito compartimentos inscritos no interior das muralhas. Um corredor sem iluminação dá acesso internamente aos vários pontos da estrutura. Voltadas para o mar rasgam-se onze canhoneiras.
Bibliografia
editar- Portugal. Ministério das Obras Públicas. «Forte da Berlenga», n.º 74 de Monumentos : Boletim da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1953.
Referências
- ↑ Ficha na base de dados SIPA
- ↑ Ministério da Educação Nacional - Direcção Geral do Ensino Superior e das Belas Artes (22 de Março de 1938). «Decreto 28536, de 22 de Março» (PDF). Diário do Governo. Consultado em 26 de janeiro de 2025
- ↑ Ficha na base de dados da DGPC
- ↑ a b c «Reserva Natural das Berlengas». Instituto da Conservação da Natureza e Florestas. 2022. Consultado em 26 de janeiro de 2025
- ↑ a b c d e Carteiro, Raquel Diogo (19 de Dezembro de 2017). «Forte de São João Baptista da Berlenga : um plano de gestão integrada». Repositório da Universidade de Lisboa. Consultado em 26 de janeiro de 2025
- ↑ Memórias Para Todos (19 de Setembro de 2022). Memória da Reserva da Biosfera - Berlenga. João Hugobaldo