Muhacir

Os Muhacir são estimados milhões de muçulmanos otomanos e os seus descendentes nascidos após o início da dissolução do Império Otomano. Os muhacirs são principalmente turcos, mas também albaneses, bosníacos, circassianos, tártaros da Crimeia, pomaques, muçulmanos Torbesh, muçulmanos gregos, muçulmanos sérvios, [1] muçulmanos georgianos, [2] e ciganos muçulmanos [3] que emigraram e viveram na Trácia Oriental e Anatólia do final do século XVIII ao final do século XX, período em que escaparam à perseguição contínua nas suas terras natais.

É possível que um terço da população atual da Turquia possa ter ascendência (total ou parcial) destes migrantes turcos e doutros muçulmanos. [4]
Estimativas de 5 a 7 milhões de migrantes muçulmanos oriundos dos Bálcãs ( Bulgária 1,15 milhão a 1,5 milhão; Grécia 1,2 milhão; Roménia 400.000; antiga Jugoslávia 800.000), Rússia (500.000), Cáucaso (900.000, dos quais dois terços permaneceram, o restante indo para a Jordânia e Chipre ) e Síria (500.000, como resultado da Guerra Civil Síria) chegaram à Anatólia Otomana e Turquia moderna entre 1783 e 2016 num grande influxo, dos quais 4 milhões chegaram em 1924, 1,3 milhão de 1934 a 1945 e mais de 1,2 milhão antes da explosão da Guerra Civil Síria.
O fluxo migratório durante finais do século XIX e começo do século XX, foi causado pela perda quase total do território otomano que ocorreu durante a Guerra dos Balcãs de 1912-13 e a Primeira Guerra Mundial. [5] Estes Muhacirs, ou refugiados, viram no Império Otomano, e mais tarde na República da Turquia, a " pátria " protectora.[6] Muitos muhacirs refugiaram-se na Anatólia a fim de escapar à perseguição generalizada aos muçulmanos otomanos que se tornou lugar-comum nos últimos anos do Império Otomano.
Subsequentemente, com o estabelecimento da República da Turquia em 1923, um grande afluxo de turcos, bem como doutros muçulmanos, dos Balcãs, do Mar Negro, do Cáucaso, das ilhas do Mar Egeu, de Chipre, do Sanjak de Alexandretta (İskenderun), do Médio Oriente e da União Soviética continuou a chegar à região, estabelecendo-se na região da Anatólia urbana do noroeste. [7] [8] Durante o genocídio circassiano, entre 800.000 e 1.5 milhões de circassianos muçulmanos [9] foram sistematicamente assassinados em massa, submetidos a limpeza étnica e expulsos da sua terra natal, a Circássia, pelos Russos, após a Guerra Russo-Circassiana (1763–1864). [10] [11] Em 1923, em excesso de 500.000 muçulmanos étnicos de várias nacionalidades, chegaram da Grécia como parte da troca populacional entre a Grécia e a Turquia (a troca populacional não foi baseada na etnia, mas sim na Crença religiosa). Após 1925, a Turquia continuou a aceitar muçulmanos de língua turca como imigrantes e não desencorajou a emigração de membros de minorias não turcas, de crença islâmica. Acima de 90% de todos este imigrantes chegaram dos países dos Balcãs. Entre 1934 e 1945, 229.870 refugiados e imigrantes chegaram à Turquia. [12]
Desde a década de 1930 a 2016, a migração acrescentou dois milhões de muçulmanos à Turquia. A maioria destes imigrantes eram turcos dos Balcãs que enfrentavam assédio e discriminação nos territórios com comunidades maioritariamente Cristãs onde viviam.[7] Novas vagas de turcos étnicos e outros muçulmanos, expulsos da Bulgária e da Jugoslávia entre 1951 e 1953 foram seguidas com destino à Turquia por Madrid s um êxodo da Bulgária em 1983-89, elevando o total de imigrantes para quase dez milhões de pessoas. [5]
Mais recentemente, Turcos Merquécios migraram para a Turquia originários de estados da União Soviética (particularmente da Ucrânia, após a anexação da Crimeia pela Federação Russa em 2014), e muitos turcomanos iraquianos e turcomanos sírios refugiaram-se na Turquia devido à recente Guerra do Iraque (2003-2011) e à Guerra Civil Síria (2011-presente). Desde a Guerra Civil Síria mais de 3,7 milhões de sírios migraram para a Turquia, mas a classificação dos refugiados sírios como Muhacirs foi descrita como controversa e com conotação política. [13] [14]
Referências
- ↑ Pekesen, Berna (7 March 2012). «Expulsion and Emigration of the Muslims from the Balkans» Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ Sanikidze, George (1 de abril de 2018). «Muslim Communities of Georgia: Old Problems and New Challenges». Islamophobia Studies Journal. 4 (2): 247–265. ISSN 2325-8381. doi:10.13169/islastudj.4.2.0247
- ↑ «Unutulan Mübadil Romanlar: 'Toprağın kovduğu insanlar'» [Forgotten Exchanged Novels: 'People driven out by the land'] (em turco). 7 February 2021. Consultado em 1 January 2022. Arquivado do original em 31 December 2021 Verifique data em:
|acessodata=, |arquivodata=, |data=
(ajuda) - ↑ Bosma, Lucassen & Oostindie 2012, p. 17: "In total, many millions of Turks (or, more precisely, Muslim immigrants, including some from the Caucasus) were involved in this ‘repatriation’ – sometimes more than once in a lifetime – the last stage of which may have been the immigration of seven hundred thousand Turks from Bulgaria between 1940 and 1990. Most of these immigrants settled in urban north-western Anatolia. Today between a third and a quarter of the Republic’s population are descendants of these Muslim immigrants, known as Muhacir or Göçmen"
- ↑ a b Karpat 2004, 612.
- ↑ Armstrong 2012, 134.
- ↑ a b Çaǧaptay 2006, 82.
- ↑ Bosma, Lucassen & Oostindie 2012, 17.
- ↑ King, Charles (2008). The Ghost of Freedom: A History of the Caucasus. New York City: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-517775-6 Verifique o valor de
|url-access=registration
(ajuda) - ↑ Richmond 2013, p. back cover.
- ↑ Yemelianova, Galina (April 2014). «Islam, nationalism and state in the Muslim Caucasus». Caucasus Survey. 1 (2): 3. doi:10.1080/23761199.2014.11417291 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ Çaǧaptay 2006, p. 18–24.
- ↑ odatv4.com (5 August 2019). «Suriyeli göçmenler muhacir kavramına uyuyor mu». www.odatv4.com (em inglês). Consultado em 30 de janeiro de 2023 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ «Bülent Şahin Erdeğer | "Muhacir" mi "kaçak" mı? Suriyeli göçmenler neyimiz olur?». Independent Türkçe (em turco). 30 de julho de 2019. Consultado em 30 de janeiro de 2023