Mutagénese sítio-dirigida

mutagênico sitio dirigido
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Mutagénese sítio-dirigida ou mutagénese sítio-específica é uma metodologia de biologia molecular usada para realizar alterações específicas e intencionais na sequência de ADN. Essa metodologia possui aplicações na pesquisa básica, para investigar a estrutura e atividade biológica de genes, moléculas de ARN e proteínas; e também na pesquisa aplicada, como parte do processo a engenharia e design de proteínas.

Mecanismo básico

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O processo de mutagênese sítio-dirigida requer um primer de ADN, o qual pode ser um oligonucleotídeo sintetizado em laboratório, que não só contenha a mutação desejada como também seja complementar à região circundante da fita molde do gene de interesse. Através dessa complementariedade, o primer pode ser usado para produzir cópias do gene de interesse através da reação da ADN polimerase. A sequência obtida é então introduzida em um vetor, que é clonado em células hospedeiras. Por fim, os mutantes que contiverem a mutação desejada são selecionados através de sequenciamento de ADN.

A mutagênese sítio-dirigida é restrita a pequenas mutações, como alterações em uma única base nitrogenada (mutação pontual), múltiplas bases, além de inserções e deleções.

Abordagens

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Existem diversas abordagens para a realização da mutagênese sítio-dirigida, sendo algumas mais preferidas devido ao seu menor custo.

Método de Kunkel

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Esse método, desenvolvido por Thomas Kunkel em 1985[1] permite a produção de mutações através do anelamento entre o oligonucleotídeo contendo a mutação e uma fita molde de DNA fita-simples contendo uracila (dU-ssDNA).[2] Esse método, apesar de rápido e barato, possui eficiência variável, podendo variar de >50% para mutações únicas a >30% para mutações duplas, isto é, duas mutações no mesmo oligonucleotídeo.

Nesse método, um plasmídeo contendo a região do gene de interesse é clonado em uma linhagem de E. coli deficiente nas enzimas de reparo dUTP-difosfatase e uracila-DNA glicosilase. Sem essas enzimas, cuja função é proteger o genoma bacteriano da de-aminação espontânea de citosina à uracila, a célula acaba com excesso de dUTP e alta probabilidade de incorporar erroneamente uracilas no lugar de timinas.

Após a clonagem da região de interesse na E. coli, a sequência de DNA fita-simples contendo uracila (dU-ssDNA) é extraida e então utilizada como fita molde para a mutagênese. A fita heteroduplex resultante do anelamento e extensão contém então a fita parental contendo uracilas, e a fita com a mutação de interesse. Ao inseri-la em uma linhagem de E. coli com as duas enzimas de reparo funcionais, a fita parental é degradada, restando majoritariamente DNA contendo a mutação de interesse.

Mutagênese em cassete

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Na mutagênese em cassete, um oligonucleotídeo de dupla-fita sintético (conhecido como cassete gênico) contendo a mutação de interesse entre dois sítios de restrição é usado para substituir um fragmento no DNA alvo.[3] Esse método, que não depende da extensão de um primer de DNA, é capaz de gerar mutantes com alta eficiência, porém é restrito à presença de sítios de restrição adequados no entorno da região de interesse.

Mutagênese por PCR sítio-dirigida

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Nesse protocolo, a reação em cadeia da polimerase é utilizada para estender a região entre dois sítios de restrição e simultaneamente gerar uma cópia com a mutação de interesse.

CRISPR

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Desenvolvida em 2012, a tecnologia CRISPR/Cas faz uso do sistema enzimático quimérico CRISPR-Cas, que consiste em uma fita guia contendo a mutação (baseada no locus CRISPR) e a enzima Cas9 que cliva o DNA alvo no local indicado.[4] Devido à grande facilidade e especificidade dessa tecnologia, ferramentas similares porém menos específicas, como TALEN, ZNF e Gene cutter BRCA1, foram rapidamente suplantadas na área de edição genômica.

Síntese de genes

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Devido à queda nos custos da síntese artificial de oligonucleotídeos, em alguns casos é possível realizar a síntese de um gene por completo, permitindo a inserção de múltiplas mutações no mesmo gene ou mesmo o completo redesign do mesmo, alterando por exemplo seus códons e otimizando-os para um organismo em particular.

Referências

  1. Kunkel, T A (janeiro de 1985). «Rapid and efficient site-specific mutagenesis without phenotypic selection.». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês) (2): 488–492. ISSN 0027-8424. PMC PMC397064  Verifique |pmc= (ajuda). PMID 3881765. doi:10.1073/pnas.82.2.488. Consultado em 23 de janeiro de 2023 
  2. Liu, Bin; Long, Shuang; Liu, Jianghai (25 de maio de 2020). «Improving the mutagenesis efficiency of the Kunkel method by codon optimization and annealing temperature adjustment». New Biotechnology (em inglês): 46–53. ISSN 1871-6784. doi:10.1016/j.nbt.2019.11.004. Consultado em 23 de janeiro de 2023 
  3. Arkin, M. (1 de janeiro de 2001). Brenner, Sydney; Miller, Jefferey H., eds. «In vitro Mutagenesis». New York: Academic Press (em inglês): 1010–1014. ISBN 978-0-12-227080-2. doi:10.1006/rwgn.2001.0714. Consultado em 23 de janeiro de 2023 
  4. «Tecnologia CRISPR-Cas para edição genômica. - Portal Embrapa». www.embrapa.br. Consultado em 23 de janeiro de 2023