Nagasaki bugyō
Os Nagasaki bugyō (長崎奉行) eram os funcionários oficiais do Xogunato Tokugawa do período Edo, no Japão. As nomeações para este cargo proeminente eram atribuídas geralmente aos dáimios fudai, mas este estava entre os cargos de responsabilidade administrativa abertos para aqueles que não eram dáimios.[1] As interpretações clássicas designam esses títulos japoneses como "comissário", "supervisor" ou "governador".
Responsabilidades
editarEste título do bakufu era atribuído a um oficial responsável pela administração do porto de Nagasáqui, e incluía os assentamentos chineses e holandeses situados lá. Este bugyō também era responsável por fiscalizar as atividades comerciais do porto.[2] O número dos homens detentores do título ao mesmo tempo pode variar durante os anos deste período. Em algum momento, um normalmente deveria residir em Nagasáqui e o outro em Edo, num modelo alternativo de residência.[1]
As outras funções dos Nagasaki bugyō eram monitorar as notícias e os desenvolvimentos científicos do Ocidente, à medida que as informações ficavam disponíveis no curso do comércio. Por exemplo, o Museu da Cidade de Nagasáqui preserva as cartas dos opperhoofd holandeses aos Nagasaki bugyō, relacionadas às negociações de vendas de dois anos e o preço de compra de um quadrante astronómico holandês portátil importado para o Japão em 1792, sugerindo que o instrumento era considerado importante pelos japoneses e holandeses. Os detalhes do instrumento, juntamente com alguns desenhos elaborados, foram fornecidos no Kansei Rekisho (Compêndio do Calendário Kansei), que foi concluído por volta de 1844. O compêndio regista os nomes dos fabricantes do instrumento, conforme inscritos no telescópio e na caixa do pêndulo, Gerard Hulst van Keulen e Jan Marten Kleman (1758–1845). Embora aquele instrumento outrora pertencente ao Gabinete Astronómico do governo xogunal esteja perdido, os desenhos do quadrante equipado com um telescópio (Gensho Kansei-kyo zu) foram relatados pelo Observatório Astronómico Nacional do Japão.[3]
Cidade xogunal
editarDurante este período, Nagasáqui era considerada uma "cidade xogunal". O número dessas cidades aumentou de três para onze, durante a administração Tokugawa.[4]
Lista dos bugyō de Nagasáqui
editar- Ogasawara Tamemune (1603–1604)[5]
- Hasegawa Shigeyoshi (1604–1605)[6]
- Hasegawa Fujihiro (1605–1614)[6]
- Hasegawa Fujimasa (1605–1614)[6]
- Takenaka Umene (1626–1631)[7]
- Mizuno Morinobu (1626–1629)
- Takenaka Shigeyoshi (1629–1634)
- Imamura Masanaga (1633–1634)
- Sakakibara Motonao (1634–1640)
- Kamio Motokatsu (1634–1638)
- Ōkōchi Masakatsu (1638–1640)
- Tsuge Masatoki (1640–1642)
- Baba Toshishige (1642–1650)
- Yamazaki Masanobu (1642–1650)
- Kurokawa Masanao (1650–1665)
- Kaijō Masanobu (1651–1660)
- Ushigome Chūzaemon Shigenori (1671–1681).[8]
- Yamaoka Kagesuke (1687–1694)
- Miyagi Masazumi (1687–1696)[9]
- Niwa Nagamori (1699–1702)
- Ōshima Yoshinari (1699–1703)
- Sakuma Nobunari (1703–1713)
- Hisamatsu Sadamochi (1710–1715)
- Ōoka Kiyosuke (1711–1717)
- Ōmori Tokinaga (1732–1734)
- Hagiwara Yoshimasa (1736–1743)
- Matsunami Heizaemon (1744)[10]
- Kondō Jūzō (1747).[11]
- Ōoka Tadayori (1763–1764)
- Kurihara Morisada (1773–1775)[12]
- Kuze Hirotami (1775–1784).[13]
- Tsuge Masakore (1781-17__).[14]
- Tsuchiya Morinao (1783–1784).[15]
- Tsuchiya Masanobu (1784–1785).[16]
- Toda Ujiharu (1784–1786),[17]
- Tsuge Hirotami (1786).[17]
- _________________ (1793).[3]
- Matsudaira Yasuhide (1807–1808)
- Tōyama Kagekuni (1812–1816)
- Matsuyama Naoyoshi (1815–1817)
- Kanezawa Chiaki (1816–1818)
- Tsutsui Masanori (1817–1821)
- Izawa Masayoshi (1842–1845)[18]
- Ido Satohiro (1845–1849).[19]
- Mizuno Tadanori (1853–1854, 1857–1858).[20]
- Arao Narimasa (1854–1859).[21]
- Arao Shigemitsu(1854–1859)
- Takahashi Kazunuki (1862).[22]
- Sugiura Katsukiyo (1863)
- Kyōgoku Takaakira (1863)
- Ōmura Sumihiro (1863)
- Hattori Tsunezumi (1863–1866)
- Asagara Masahiro (1864–1866)
- Kawazu Sukekuni (1867–1868).[23]
Ver também
editarNotas e referências
Notas
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Nagasaki bugyō», especificamente desta versão.
Referências
- ↑ a b Beasley 1955, p. 326.
- ↑ Screech 2006, p. 12.
- ↑ a b Nakamura, Tsuko (2006). «Imported Dutch astronomical instrument (1792)» (PDF) (em inglês). Praga: União Astronómica Internacional. p. 3 [ligação inativa]
- ↑ Cullen 2003, p. 159.
- ↑ Jansen 1992, p. 18.
- ↑ a b c Nussbaum & Roth 2005, p. 292.
- ↑ Turnbull 1998, p. 41.
- ↑ Bodart-Bailey 1999, p. 444.
- ↑ Bodart-Bailey 1999, p. 442.
- ↑ Jannetta 2007, p. 20.
- ↑ Cullen 2003, p. 141.
- ↑ Screech 2006, p. 222.
- ↑ Screech 2006, p. 10.
- ↑ Screech 2006, p. 13.
- ↑ Screech 2006, p. 225.
- ↑ Screech 2006, p. 19.
- ↑ a b Screech 2006, p. 2001.
- ↑ Beasley 1955, p. 333-334.
- ↑ Beasley 1955, p. 332.
- ↑ Beasley 1955, p. 337.
- ↑ Beasley 1955, p. 331.
- ↑ «Handlist of Japanese manuscripts acquired since 1984" (Or.14948)» (PDF) (em inglês). Biblioteca Britânica. p. 4. Consultado em 4 de dezembro de 2021
- ↑ Beasley 1955, p. 334.
Bibliografia
editar- Beasley, William G. (1955). Select Documents on Japanese Foreign Policy, 1853–1868 (em inglês). Londres: Oxford University Press. [reimpresso por RoutledgeCurzon, 2001. ISBN 978-0-19-713508-2
- Beasley, William G. (1972). The Meiji Restoration (em inglês). Redwood City: Stanford University Press. ISBN 0-8047-0815-0
- Toyama, Mikio (1988). Nagasaki bugyō: edo bakufu no mimi to me (Chuko shinsho) (em japonês). Tóquio: Chūō Kōronsha. ISBN 978-4-12-100905-0
- Jansen, Marius (1992). China in the Tokugawa World (em inglês). Cambridge: Harvard University Press. ISBN 9780674117532
- Turnbull, Stephen (1998). The Kakure Kirishitan of Japan: A Study of Their Development, Beliefs and Rituals to the Present Day (em inglês). Surrey: Japan Library. ISBN 9781873410707
- Bodart-Bailey, Beatrice (1999). Kaempfer's Japan: Tokugawa Culture Observed (em inglês). Honolulu: University of Hawaiʻi Press. ISBN 0-8248-2066-5
- Cullen, Louis M. (2003). A History of Japan, 1582–1941: Internal and External Worlds (em inglês). ISBN 0-521-82155-X (livro de pano) – ISBN 0-521-52918-2 (em papel). Cantabrígia: Cambridge University Press
- Nussbaum, Louis-Frédéric; Roth, Käthe (2005). Japan encyclopedia (em inglês). Cantabrígia: Harvard University Press. ISBN 978-0-674-01753-5. OCLC 58053128
- Screech, Timon (2006). Secret Memoirs of the Shoguns: Isaac Titsingh and Japan, 1779–1822 (em inglês). Londres: RoutledgeCurzon. ISBN 978-0-7007-1720-0
- Jannetta, Ann (2007). The Vaccinators: Smallpox, Medical Knowledge, and the 'opening' of Japan (em inglês). Stanford: Stanford University Press. ISBN 9780804779494