Lista de subgêneros do visual kei

(Redirecionado de Nagoya kei)

Esta é uma lista de subgêneros notáveis do visual kei, um movimento musical japonês caracterizado pelo destaque a estética e expressão artística utilizando visuais elaborados, extravagantes e muitas vezes aparência andrógina. A maioria das vertentes do visual kei começou a surgir no auge do movimento nos anos 1990.[1][2]

Ao longo dos anos, diversos subgêneros foram nomeados e discutidos. É incomum que os próprias artistas se encaixem neles, de maneira geral são criados após uma forma de expressão comum surgir e então são categorizadas pela mídia e fãs.[3] Sendo assim, a definição exata deles e as bandas que se encaixam pode ser algo relativo. Além disso, os músicos podem lançar determinado trabalho (como um single, álbum ou uma turnê) com a temática de um subgênero, e não utilizá-la nos próximos, ou podem se encaixar em certo subgênero em determinada época da sua carreira.[4][5]

Angura kei

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Kagrra, adotava o conceito de unir aspectos do Japão clássico com o rock.[6]

Angura kei (黒服系? lit. "estilo underground") ou Wafuu kei (和風系? lit. "estilo japonês") é o subgênero onde as bandas se inspiram na cultura tradicional japonesa. Vestimentas como kimono, instrumentos como taiko e temas do folclore tradicionais do Japão são incorporados em abundância, em conjunto com as características do visual kei: a maquiagem e a extravagância.[7] O movimento Angura não se limita apenas ao visual kei e existe desde os anos 1960 nos teatros japoneses. Ele é contrário a invasão cultural americana e ocidentalização do Japão que começou após a Segunda Guerra Mundial.[3]

Kagrra, é a banda mais notada como representante do Angura kei.[8][3] Kiryu foi descrita como representante da segunda geração da vertente.[9] Outros artistas incluem Inugami Circus-Dan, ZigZag, Onmyo-za e D.[3][7]

Eroguro kei

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Ero guro é uma forma de arte e expressão japonesa definida por algo que é erótico (ero) e grotesco (guro) ao mesmo tempo, abordando temas como violência, perversão sexual e decadência.[10] Levada até o visual kei, bandas que são consensualmente incluídas no subgênero são a precursora cali≠gari, Merry e The Gallo.[3][11] Os primeiros anos do Dir en grey também recebem a categorização, levando em conta que em 1999, o videoclipe de "Zan" foi apresentado no programa de televisão Music Station e fez a emissora receber muitas reclamações da audiência chocada com seu conteúdo violento.[12][1]

Iryou kei

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Um cosplayer em Harajuku veste-se de forma semelhante ao Iryou kei.

No Iryou kei (医療系?), os artistas empregam uma atmosfera hospitalar, fazendo uso elementos como bandagens, tapa-olhos, curativos, jalecos e uniformes de médicos e enfermeiros manchados com tinta vermelha para simbolizar sangue. Frequentemente, o estilo é criado de maneira grotesca e agressiva.[13] As duas bandas mais representativas desse subgênero são La'Mule e LuLu.[5][14]

Kote kei

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Kote kei (コテ系?) ou kotevi kei (コテヴィ系?) é o estilo com a aparência mais elaborada e chamativa. É considerado a subcategoria do visual kei clássico e oldschool.[15][16][17][18] Nele, além das bandas clássicas de visual kei, principalmente em seus primeiros anos de carreira, há exemplos mais tardios como Phantasmagoria[19] e Madeth Gray'll.[20][21]

No kote kei, há uma polarização de estilos: o branco "shiro kei" (白系? lit. "estilo branco") e o preto "kuro kei" (黒系? lit. "estilo preto").[8] Por exemplo, Luna Sea e L'Arc~en~Ciel foram descritos como o "branco" e Kuroyume como o "preto"; enquanto os primeiros anos do Kuroyume foram marcados pela sonoridade pesada, agressiva e visuais sombrios, Luna Sea e L'Arc~en~Ciel combinavam um visual mais sofisticado e suave com post-punk e linhas mais melodiosas.[10][15][22][23]

Kurofuku kei

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Cosplayers na ponte Jingubashi utilizando roupas pretas.

Kurofuku (黒服?) significa roupas pretas em japonês. O subgênero Kurofuku kei é dado a bandas que utilizam vestimentas e maquiagem predominantemente na cor preta.[13] Comparado com outras bandas visual kei, geralmente a maquiagem é menos excessiva e as roupas são mais simples.[1][10] Visivelmente, traz influência do gótico e seus rítmos musicais.[10] De modo geral, é dado a bandas dos primeiros anos do movimento como como Rouage, Buck-Tick e Zi:Kill.[24]

Luna Sea vem realizando shows tematizados de Kurofuku Gentei Gig, onde o código de vestimenta é roupas pretas.[25]

Loud kei

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O Loud rock (ラウドロック?) é um subgênero derivado do heavy metal e hardcore punk exclusivo do Japão, que abrange bandas que tocam músicas com características pesadas, altas e barulhentas, como grupos de nu metal, metalcore, deathcore e screamo na classificação de fora do país.[26][27][28] A designação Loud kei (ラウド系?) ou V-Kei Loud Rock (V系ラウドロック?) serve para bandas visual kei que se encaixam no gênero, como Lynch, Nocturnal Bloodlust e Deviloof.[29][30]

Menhera kei

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Em japonês, o termo menhera (メンヘラ?) refere-se a alguém com transtornos mentais. A categorização menhera kei é dada a bandas (geralmente estabelecidas na década de 2010) que abordam claramente transtornos mentais e questões de saúde mental, como automutilação, ideação suicida e yandere. A partir da década de 2010, esse subgênero se tornou tendência na cena visual kei; bandas que carregam essa temática começaram a se destacar entre os seguidores do movimento, de acordo com a revista Rock and Read.[31] O grupo R-Shitei foi considerado pioneiro do subgênero[32][31] e o portal Real Sound destacou o Amai Bouryoku por abordar esses temas de forma bem-humorada.[31] Outras bandas exemplares são The Raid, 0.1g no Gosan e Xaa-Xaa.

Nagoya kei

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Na região de Nagoya e da prefeitura de Aichi, bandas independentes que davam mais ênfase a música e possuíam um estilo mais sombrio, pesado e gótico do que as bandas visual kei comuns, começaram a surgir no início dos anos 1990. Ainda que algumas tenham ido a Tóquio para expandir suas carreiras, devido as raízes formadas nessa região surgiu o Nagoya Kei (名古屋系?), considerando o mais importante subgênero do visual kei.[33] O Nagoya Kei é inspirado principalmente pelo rock gótico, death metal e post-punk. Arranjos complexos de guitarra complexos e sons pesados de baixo frequentemente fazem parte da suas músicas, que incluem letras soturnas. Os músicos costumam dar mais ênfase a música do que ao visual, ainda que suas apresentações teatrais chamem atenção por serem grotescas e melancólicas, com a presença de cruzes, caixões, bandagens, etc.[33][34][35] Uma de suas obras mais importantes é o álbum de Kuroyume Nakigara O..., que influenciou o visual kei como um todo.[36] Outros trabalhos emblemáticos incluem Taiyō no Toriko de Fanatic Crisis, o álbum de estreia auto-intitulado de Rouage, e o single "Watashi ga Kieru" (私が消える?) de Laputa.[35][20]

Silver~Rose (formado em 1989) e Kuroyume (formado em 1991) são considerados vanguardistas do gênero e descritos como "os dois grandes de Nagoya" da época. O objetivo de Kuroyume era ser contra o mainstream.[36] Com Laputa (formado em 1993),[37] os três são creditados como "criadores do estilo Nagoya kei inicial".[38] Rouage, Fanatic Crisis e Merry Go Round também contribuíram significativamente para a propagação da vertente. Após o fim do Silver~Rose e mudança de estilo do Kuroyume, Laputa e Rouage foram considerados "os dois gigantes de Nagoya" subsequentes, que ajudaram o subgênero a crescer ao lado do auge do visual kei nos anos 90.[34][35] É dito que a segunda geração começou a surgir no meio dos anos 90, mais especificamente entre 1996 e 1997, com bandas como Lamiel e Kein. Quando as duas se separaram em 2000, alguns de seus membros formaram o Deadman.[35][20]

Durante o surgimento da segunda geração, muitas bandas clássicas de Nagoya moveram em direção a sons distintos. Keito Ozaki do Real Sound listou que Kuroyume se tornou punk rock, Laputa incorporou o som digital, Fanatic Crisis foi ao pop e Merry Go Round se tornou ainda mais "maníaco, eroguro e underground".[34] Portanto, alguns consideram que o verdadeiro Nagoya kei desapareceu junto com o declínio do visual kei nos anos 2000.[35] Caso contrário, é relatado que a terceira geração começou em 2003 e segue até hoje. Lynch é descrita como uma das mais populares da terceira geração, porém seu frontman Hazuki não a considera uma banda de Nagoya kei.[39] Outras bandas representativas da terceira geração são Unsraw e Deathgaze.[5] Arlequin (formada em 2013) se auto-intitula "próxima geração do Nagoya Kei", apesar de serem de Tóquio.[34]

Os grupos desta região tinham uma proximidade notável entre si.[10][33] Músicos eram influenciados uns pelos outros e iam de uma banda a outra. Após o fim do Silver~Rose, Kaiki e Rika entraram no Rouage[35] e Kouichi no Laputa, após o guitarrista anterior do Laputa entrar pro Merry Go Round.[40] Reo do Lynch, que fez parte das bandas Kein, Lustair e Gullet, contou ao portal JaME World:

"Nagoya tem uma população menor do que Tóquio ou Osaka, então a cena musical é realmente condensada. Como estamos ativos em Nagoya, conhecemos quase todas as bandas e o alcance de nossas atividades é pequeno, por isso temos relações mais fortes com seniores, júniores e colegas do que os outros."[39]

A casa de shows Nagoya Music Farm é chamada de "terra sagrada do Nagoya kei", pois muitas bandas do estilo tocam lá frequentemente.[35]

Soft kei

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Soft kei (ソフビ系 sofubi kei?, lit. "estilo suave") é caracterizado por ter uma estética mais branda que o visual kei original, com roupas mais suaves e maquiagem leve. Surgiu em um período crucial entre 1994 e 1996, quando o fenômeno otokonoko estava se tornando popular no Japão ao mesmo tempo que artistas visual kei famosos, como Kuroyume e Luna Sea, estavam trocando a aparência exuberante original por um estilo mais casual e sutil. Tais bandas alcançaram enorme sucesso comercial graças a abordagem mais acessível.[15]

Sophia foi considerada a banda pioneira do Soft kei, enquanto outros artistas exemplares incluem Siam Shade, Janne Da Arc e Glay.[10][41] Pode ser considerado o subgênero oposto do Kote kei.[5]

Oshare kei

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No oshare kei (お洒落系?) ou osare kei (オサレ系? lit. "estilo fashion") os artistas possuem uma temática alegre, fashion, fofa e otimista, refletida em suas letras e atmosfera. As vestimentas e acessórios se apresentam mais brilhantes, coloridas e vibrantes do que o visual kei original já faz, porém implementados de forma a passar uma imagem mais positiva. Eles comumente tocam pop rock e pop punk e ás vezes hard rock.[2][42] Emergiu no meio de bandas independentes da segunda geração, mais especificamente entre 2002 e 2004, quando o kote kei estava começando a perder fama.[5]

Baroque é considerada a pioneira do gênero, seguida por Kra, Charlotte e An Cafe. Estes dois últimos se tornaram notavelmente populares no exterior. Outras bandas famosas são LM.C, SuG e Megamasso.[43]

Koteosa kei

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Emergido por volta de 2005, Koteosa kei é definido como uma fusão entre o Oshare e o Kote kei e como parte da evolução do Oshare kei. As bandas que são categorizadas nesse subgênero são as mesmas incluídas no Oshare kei, fazendo com que as duas vertentes sejam muito semelhantes.[10][8][5]

Ouji kei

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Megan Pfeifle, da Universidade George Mason, descreveu o Ouji kei ou Kodona kei como estilo "príncipe" ou "menininho". Foi especificado pela revista Gothic & Lolita Bible como a "versão para garotos da moda lolita vitoriana". O termo foi cunhado pelo vocalista Ryutaro Arimura do Plastic Tree, sendo um de seus representantes.[2]

Tanbi kei

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Versailles no Chile em 2010.

Também chamada de Elegant Gothic Aristocratic ou apenas Aristocratic, essa vertente é dada a bandas que utilizam um estilo trazido da nobreza europeia e dos estilos vitoriano, barroco, e rococó. São utilizados de forma excessivamente extravagante, com roupas detalhadas e elaboradas, maquiagem forte e acessórios que combinem com o tema.[21] Malice Mizer é amplamente reconhecida como a fundadora do subgênero.[44][13] Outros artistas que se encaixam são Versailles (e seus integrantes Kamijo e Hizaki em suas carreiras solo), Lareine e Kaya.

Referências

  1. a b c Bunny Bissoux (11 de junho de 2015). «The story of visual kei». Time Out. Consultado em 20 de agosto de 2017 
  2. a b c Pfeifle, Megan (4 de junho de 2011). «Introducing Globalizing Visual Kei: A Web Series». JaME World. Japanese Music Entertainment. Consultado em 20 de agosto de 2017 
  3. a b c d e Jez (25 de março de 2020). «Subgêneros do Visual Kei: Eroguro e Angura». Consultado em 11 de junho de 2024 
  4. Jez (19 de junho de 2019). «O que é Visual Kei (e porque você não deve tentar classificá-lo)». Consultado em 10 de junho de 2024 
  5. a b c d e f «O público visual kei brasileiro e suas possibilidades de segmento de mercado de moda» (PDF). 2011 
  6. «Kagrra,». JaME. Consultado em 9 de novembro de 2022 
  7. a b «Angura Kei Fashion: All You Need To Know». Kawaii Vibe (em inglês). Consultado em 8 de novembro de 2022 
  8. a b c «J-rock e suas vertentes: conheça mais sobre o rock and roll japonês». Cifra Club. Consultado em 10 de junho de 2024 
  9. «Kiryu to go on indefinite hiatus». vk.gy (ブイケージ). Consultado em 3 de agosto de 2023 
  10. a b c d e f g C. Mota, Talita (2009). «J-Rockers, K-Poppers, C-Poppers - Comunicação, mídia, cultura e jovens» (PDF). UNESP. Consultado em 20 de junho de 2021 
  11. «Entrevista com o Merry». JaME. 17 de dezembro de 2006. Consultado em 9 de novembro de 2022 
  12. «DIR EN GREY». JaME. 5 de junho de 2014. Consultado em 27 de agosto de 2022 
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  17. «Interview | Dio Distraught Overlord : Plongée dans le Kote Kei». www.verdammnis.com (em francês). Consultado em 8 de novembro de 2022 
  18. «La'veil MizeriA全肯定。90年代オールドスクールコテ系、その血を受け継ぐ者たち。». Gallery of Visual Shock (em japonês). Consultado em 9 de novembro de 2022 
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