Narcóticos Anônimos

Organização internacional, multilingüe e multicultural de pessoas adictas a drogas
Narcóticos Anônimos
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História
Fundação
Quadro profissional
Tipo
Domínio de atividade
País
Organização
Fundador
Website
(en) na.org

Narcóticos Anônimos (português brasileiro) ou Narcóticos Anónimos (português europeu), ou NA é uma organização sem fins lucrativos ou irmandade de pessoas para quem as drogas se tornaram um problema maior".[1] Narcóticos Anônimos foi fundado em 5 de outubro de 1953 na Califórnia, Estados Unidos da América e utiliza um programa baseado no modelo de 12 passos de Acoólicos Anônimos que foi adaptado por Jimmy K., entre outros, para utilização de pessoas com problemas com drogas, ou drogadicção.[2]

Trata-se de uma irmandade que basicamente realiza reuniões regulares onde adictos, ou dependentes de drogas, podem ajudar-se mutuamente a se manterem em "total abstinência de todas as drogas".[1]

O Programa, os membros e a organização

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Como organização, Narcóticos Anônimos é definida por seus princípios: os 12 passos explicam nosso programa de recuperação pessoal; as 12 tradições relatam experiências que podem ajudar os grupos a manterem sua unidade; os 12 conceitos são os princípios que orientam a estrutura de serviço.[3]

Em relação à recuperação das drogas, a terceira tradição de NA diz que o único requisito para ser membro é o "desejo de parar de usar". NA diz que seus grupos realizam reuniões regulares onde seus membros podem ajudar uns aos outros a manter-se limpos.[4]

Esse processo de parar de usar ocorre quando os membros continuam voltando regularmente às reuniões:

Aprendemos com nossa experiência coletiva que aqueles que continuam vindo regularmente às nossas reuniões mantêm-se limpos.
 
IP 01-PB - Quem, o que, como e por quê [1].

NA não cobra matrículas nem taxas, e a participação é gratuita. A irmandade afirma não receber nenhum tipo de contribuição de fora, mantendo-se exclusivamente com as contribuições de seus membros. Nas reuniões, realiza-se uma coleta para o grupo pagar aluguel e comprar suprimentos. Os serviços mundiais de NA são principalmente sustentados com a realização de eventos e venda de livros e folhetos da associação.[5]

De acordo com seu Texto Básico,[4] Narcóticos Anônimos "não tem opinião sobre questões de fora" da irmandade, incluindo assuntos relacionados a política e medicina, bem como não endossa nenhuma outra organização ou instituição. A irmandade não faz promoção. Em vez disso, busca atrair novos membros através da informação ao público e outros serviços. Os grupos de NA fornecem informações sobre o programa e os membros podem levar a mensagem de NA a hospitais e instituições, tais como centros de tratamento e cadeias.[4]

Origem e desenvolvimento

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Narcóticos Anônimos derivou do movimento de Alcoólicos Anônimos no final dos anos 40, com suas primeiras reuniões na área da cidade de Los Angeles, Califórnia, EUA, no início dos anos 50. Por muitos anos, a associação cresceu vagarosamente, espalhando-se de Los Angeles para outras grandes cidades norte-americanas e para a Austrália no final dos anos 70. Uma assembleia de representantes locais foi estabelecida pela primeira vez em 1978. Em 1983 Narcóticos Anônimos publicou seu livro intitulado Texto Básico e as taxas de crescimento, desde então, subiram vertiginosamente.

Grupos se formaram rapidamente no Brasil, Colômbia, Alemanha, Índia, República da Irlanda, Japão, Nova Zelândia e Reino Unido. Nos três anos seguintes à publicação do livro Texto Básico de NA,[6] o número de grupos de Narcóticos Anônimos quase triplicou.

Em 2016, Narcóticos Anônimos estava estabelecido em toda Europa Ocidental, nas Américas, Austrália e Nova Zelândia com grupos e comunidades de NA espalhando-se através do Paquistão, Sri Lanka, Afeganistão, Bangladesh, África, Sudeste da Ásia, Oriente Médio e Europa Oriental. Ao redor do globo, realizava aproximadamente 70.000 reuniões semanais em mais de 132 países.[7]

Em maio de 2018, NA se considerava uma irmandade mundial, multilíngue e multicultural, presente em 144 países e com livros e folhetos informativos disponíveis em 55 línguas, com traduções em andamento para mais 16 línguas.[8]

No Brasil

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Um dos primeiros registros que se tem de Narcóticos Anônimos no Brasil é um artigo do jornal Folha de São Paulo publicado em 1972 que relata a existência de um grupo de Toxicômanos Anônimos (TA). Segundo a revista "A história de NA no Brasil"[9]: "O mais interessante desse artigo é que boa parte do texto consiste da cópia exata de trechos do nosso folheto, o IP No. 1, 'Quem, o quê, como e porquê'"[10]. Mesmo antes disso, pelo menos desde 1971, há relatos de grupos auto-intitulados de Toxicômanos Anônimos (TA).[11]

Em 1978 foi iniciado o grupo Alvorada de TA, na zona Sul de São Paulo, porém importante notar que estes grupos utilizavam literatura de NA e podem ser compreendidos como sendo NA tal como conhecemos hoje.[9]

Entre 1987-1988, servidores do Quadro Mundial de NA registraram que esses grupos TA queriam o consentimento de Narcóticos Anônimos para usar o nome TA, em vez de mudar o nome para NA. Companheiros visitaram grupos de NA em Campinas, cidade próxima a São Paulo, e tentaram ajudar a resolver o conflito com a organização Toxicômanos Anonimos, que estava usando a literatura de NA, mas sem permissão.[12]

Em 1990, os grupos brasileiros uniram-se à irmandade mundial de NA. Existem, hoje, no Brasil, mais de 1 550 grupos de Narcóticos Anônimos espalhados pelo território nacional, proporcionando mais de 4 200 reuniões semanais em 26 estados e 1 distrito federal, divididos em 09 regiões e 125 áreas.

Em 2023 haviam 1529 grupos em todas as Unidades da Federação, realizando 4239 reuniões semanais, uma média de 2,77 reuniões por grupo. [13]

Abordagem

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O programa

O primeiro folheto de NA, conhecido entre os membros como "O Livreto Branco", descreve NA como uma "irmandade" de homens e mulheres, sem fins lucrativos, para quem as drogas se tornaram um problema maior... adictos em recuperação que se reúnem para ajudar uns aos outros a se manterem limpos." A afiliação à Narcóticos Anônimos é aberta a qualquer adicto a drogas, independente do tipo ou combinação de drogas usadas. Não existem restrições sociais, religiosas, econômicas, raciais, étnicas, de nacionalidade, gênero ou status social. A afiliação à Narcóticos Anônimos é inteiramente voluntária. Não existem arquivos sobre a frequência e nem listas de membros seja para uso interno de NA ou para qualquer outro uso. Os membros vivem em suas comunidades e frequentam as reuniões quando lhes convém. Não existem taxas para afiliação. A maioria dos membros contribui regularmente com pequenas somas que ajudam a cobrir as despesas dos grupos, mas as contribuições não são obrigatórias.[1][4]

A base do programa de recuperação de Narcóticos Anônimos é uma série de atividades pessoais conhecida como Doze Passos e princípios para grupos, conhecida como Doze Tradições, todos adaptados de Alcoólicos Anônimos e aprovados pela Irmandade de NA.[14]

Os "passos" incluem a admissão de que existe um problema, a busca de ajuda, auto avaliação, partilha em nível confidencial, reparar danos causados e trabalhar com outros adictos a drogas que queiram se recuperar. O programa dá ênfase no que é chamado "despertar espiritual", ressaltando o seu valor prático e não sua importância filosófica ou metafísica, o que facilitou a tradução do programa, mesmo considerando-se barreiras culturais. NA em si, não é um programa religioso e encoraja cada membro a cultivar um entendimento pessoal, religioso ou não, desse "despertar espiritual."

Narcóticos Anônimos acredita que uma das chaves do seu sucesso seja o valor terapêutico de adictos trabalhando com outros adictos. Nas reuniões, cada membro partilha experiências pessoais com os outros buscando ajuda, não como profissionais, mas como pessoas que tiveram problemas similares e encontraram uma solução. Narcóticos Anônimos não tem terapeutas, não oferece moradia nem clínicas. NA não oferece orientação vocacional, legal, financeira ou serviços médicos. A coisa mais próxima de um "conselheiro de NA" é o padrinho ou madrinha, um membro experiente que oferece ajuda informal a membros mais recentes quando solicitados.

O principal serviço oferecido por Narcóticos Anônimos é a reunião em um grupo de NA. De acordo com as 12 Tradições de NA,[15] cada grupo administra a si próprio, tendo como base princípios comuns a toda a irmandade. Estes princípios estão contidos na literatura de NA. Não existe estrutura de serviço hierárquica em NA. A maioria dos grupos não tem instalações próprias permanentes e alugam espaço para suas reuniões semanais em locais administrados por entidades públicas e organizações civis ou religiosas. As reuniões podem ser "abertas", o que significa que qualquer um pode participar, ou 'fechadas", quando somente pessoas que estão lá para tratar de seu próprio problema com drogas podem participar. As reuniões são conduzidas por membros de NA e outros membros participam partilhando suas próprias experiências na recuperação da adicção às drogas.

O programa de Narcóticos Anônimos usa um conceito de doença da adicção (drogadição) muito simples, baseado na experiência. Narcóticos Anônimos não qualifica seu uso do termo "doença" em qualquer outro senso médico ou terapêutico especializado, NA também não faz qualquer tentativa de persuadir outros de que a sua visão é correta. O que NA sabe é que seus membros descobriram que a aceitação da adicção como doença é algo eficaz para ajudá-los. Em outras palavras, não pretendem realizar diagnósticos nem debater se a adicção é ou não uma doença, deixando isso para a sociedade e para os médicos especialistas, mas afirmam que, em sua experiência prática, acreditar que se trata de uma doença tem ajudado aos seus membros a se manterem abstinentes das drogas. Apesar de não serem termos de uso muito comum, NA utiliza os termos "adicto" e "adicção" principalmente porque são termos que melhor expressam sua visão de que a adicção a drogas é uma doença que afeta o indivíduo em todas as áreas de sua vida e para evitar qualquer confusão inicial, quanto à compreensão da natureza e do propósito de NA, por parte de adictos que buscam ajuda para seu problema com drogas.

Narcóticos Anônimos encoraja seus membros a se manterem abstinentes de qualquer droga, inclusive o álcool, mesmo outras substâncias que não eram de escolha daquela pessoa. Entretanto, o único requisito para se tornar membro de NA é "um desejo de parar de usar" drogas. A experiência de membros de NA tem mostrado que a completa e contínua abstinência é a melhor base para a recuperação e o crescimento pessoal. Porém, Narcóticos Anônimos, como associação, não tem qualquer posição quanto ao uso de cafeína, nicotina ou açúcar. Da mesma forma, o uso de medicação prescrita para tratamento médico ou condições psiquiátricas não é nem encorajada, nem proibida em NA. Embora reconhecendo numerosas questões quanto a essas áreas, NA entende que são assuntos de decisão pessoal e encoraja seus membros a consultar sua própria experiência, a experiência de outros membros e profissionais de saúde qualificados, para tomar decisões sobre estes assuntos.

Seus membros reconhecem que Narcóticos Anônimos é apenas mais uma organização dentre muitas que tratam o problema de adicção a drogas. Seus membros reconhecem que tiveram sucesso significante ao tratar de seus próprios problemas de adicção, mas NA não diz ter um programa para todos adictos, sob todas as circunstâncias, ou que suas visões terapêuticas deveriam ser universalmente adotas. A organização dispõe-se apenas a informar de que se trata e onde pode ser encontrada para aqueles que tiverem interesse.

Ver também

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Referências

  1. a b c d Narcotics Anonymous (março de 2018). «IP#1 PB Quem, o que, como e por quê?» (PDF). Narcotics Anonymous World Services, Inc. Consultado em 26 de fevereiro de 2016 
  2. Evaristo, Beatriz (5 de outubro de 2023). «História Hoje: Narcóticos Anônimos». Agência Brasil. Consultado em 16 de novembro de 2023 
  3. Narcóticos Anônimos (2016). Os Doze conceitos para o serviço de NA (PDF). Chatsworth, California, USA: Narcotics Anonymous World Services, Inc. ISBN 978-1-63380-078-6 
  4. a b c d Narcóticos Anônimos (2015). Narcóticos Anônimos (Texto Básico, Tradução para o Português, Brasil, da Sexta Edição do livro Narcotics Anonymous). Chatsworth, California, USA: Narcotics Anonymous World Services, Inc. ISBN 978-1-63380-037-3 
  5. Narcóticos Anônimos (2012). Importância do Dinheiro: Autossustento em NA (IP #24, Money Matters: Self-Support in NA) (PDF). Van Nuys, CA.: Narcotics Anonymous World Services, Incorporated. ISBN 9781557769350 
  6. NAWS inc, Basic Text (2008) [1983]. Narcotics Anonymous (Hardcover) 6th Edition ed. [S.l.]: NAWS Inc. ISBN 9781557767349 
  7. «Public Relations». www.na.org. Consultado em 26 de fevereiro de 2016 
  8. Narcóticos Anônimos. (2018) Informações sobre NA. https://www.na.org.br/downloads/PB2302_InfoAboutNA.pdf Consultado em 15/11/2023.
  9. a b «A história de NA no Brasil» (PDF). Fórum Zonal Brasileiro, Narcóticos Anônimos, Brasil. Info FZB (2): 4. Dezembro de 2017. Consultado em 16 de novembro de 2023 
  10. Narcóticos Anônimos (2018) [1978]. Quem, o que, como e porque - IP #1, Who, What, How, and Why (PDF). [S.l.]: Narcotics Anonymous World Services, Incorporated. Consultado em 16 de novembro de 2023 
  11. Stone, Bob (1997). My Years with Narcotics Anonymous (PDF). [S.l.]: Hulon Pendleton Publishing. p. 42. ISBN 0-9654591-0-1 
  12. Stone, Bob (1997). My Years with Narcotics Anonymous (PDF). [S.l.]: Hulon Pendleton Publishing. p. 261-266. ISBN 0-9654591-0-1 
  13. Narcóticos Anônimos (2023). «Gerador de estatísticas das reuniões presenciais e virtuais». Narcóticos Anônimos Brasil. Consultado em 15 de novembro de 2023 
  14. Narcóticos Anônimos (1996). «Guia introdutório para Narcóticos Anônimos» (PDF). Narcotics Anonymous World Service Office, Inc. ISBN 1557762651. Consultado em 16 de novembro de 2023 
  15. «As 12 tradições de Narcóticos Anônimos | Narcóticos Anônimos». As 12 tradições de Narcóticos Anônimos. Consultado em 16 de novembro de 2023 
  16. Narcóticos Anônimos (1993). Funciona: como e porquê. Chatsworth, California, USA: Narcotics Anonymous World Services. ISBN 9781557762559 
  17. «Juntos, podemos...» (PDF). The NA Way magazine. 19 (1): 1. Fevereiro de 2002. Consultado em 21 de fevereiro de 2023 

Ligações externas

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