Arabutã (navio)

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O vapor Arabutã (Arabutan) foi o quinto navio mercante brasileiro a ser afundado pelos submarinos do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial, e o quarto a sê-lo após o rompimento das relações diplomáticas com a Alemanha nazista e a Itália fascista, em janeiro de 1942.

Arabutã
 Brasil
Proprietário Pedro Brando, Rio de Janeiro
Operador Lloyd Nacional
Construção 1917, por Union Iron Works, São Francisco (Califórnia)
Lançamento 1917
Porto de registro Rio de Janeiro
Estado Afundado em 7 de março de 1942, pelo U-155
(Adolf Cornelius Piening)
Características gerais
Classe cargueiro
Tonelagem 7 874 ton/7 956 ton[1]
Largura 17,1 m
Maquinário motores de tripla expansão
Comprimento 125 m
Calado 11,58 m (borda livre)
Propulsão turbina a vapor
Velocidade 11 nós
Carga 55

Tinha como comandante Aníbal Alfredo do Prado, quando, em 7 de março de 1942, foi afundado pelo U-155, ao largo do Cabo Hatteras, na costa leste dos Estados Unidos, mesma região onde foram afundados, em fevereiro daquele ano, o Buarque e o Olinda.

O navio

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O cargueiro foi completado em setembro de 1917, nos estaleiros Union Iron Works, em São Francisco, Califórnia. Batizado de War Sword, serviu à empresa britânica Cunard SS Co, até 1919, quando foi vendido à Navigazione Generale Italiana, estabelecida em Genova, e renomeado Caprera.[2]

Em 1º de junho de 1932, o navio encalhou na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, tendo sido declarada sua perda total. Os destroços foram arrematados pela empresa Pedro Luis Correa & Castro; e, no ano seguinte, vendidos a Pedro Brando. Reconstruído nos estaleiros do empresário Henrique Lage, na Ilha do Viana (Rio de Janeiro), retornou à navegação em 1941, sob o nome Arabutã (Arabutan), operado pelo Lloyd Nacional.[2][nota 1]

Tinha um comprimento de 125 metros por 17,1 metros de largura, um calado de 11,58 metros (borda livre), e 7 874 toneladas de arqueação bruta de registro — GRT (ou 7 956 toneladas, segundo outras fontes.[1][3])

Fabricado com um casco de aço, era movido por turbinas a vapor acopladas a motores de expansão tripla, que lhe permitia alcançar a potência de 609 HP, e velocidade máxima de 11 nós.[3]

Afundamento

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Após os torpedeamentos dos navios brasileiros Buarque e o Olinda, os quais navegavam iluminados e com bandeiras pintadas nos costados e hasteadas na popa bem visíveis, como faziam as embarcações de nações neutras, ficou decidido, então, que todos os navios da frota nacional deveriam trafegar às escuras, pintados na cor cinza e sem bandeira de identificação.[4]

Navegando sob estas novas determinações, o Arabutã' partira do Porto de Santos, em 23 de janeiro, com destino aos Estados Unidos com uma carga de algodão. Além do Capitão-de-Longo-Curso Aníbal Alfredo do Prado, estavam a bordo 50 tripulantes. Na volta ao Brasil, trazia um carregamento de carvão, avaliado em quatro mil contos de réis, destinado à Central do Brasil, bem como um sobrevivente do Buarque, atacado em fevereiro,[4] e três marinheiros do navio-tanque Itamarati, pegando carona.[5]

Às 15h10 (21h10 pelo Horário da Europa Central)[nota 2] do sábado, 7 de março de 1942, a cerca da 81 milhas do Cabo Hatteras, na Carolina do Norte, o navio foi alvejado na proa por um torpedo disparado pelo U-155, comandado pelo Capitão-Tenente Adolf Cornelius Piening.[2] Com o impacto, a tripulação correu para os quatro escaleres a bordo. O navio afundou muito rápido, conforme os depoimentos de dois de seus tripulantes, abaixo transcritos:

"O afundamento se processou com grande rapidez. O torpedo alcançou a proa e o navio ergueu-se por certa parte por dois metros para fora da água. Ele conseguiu, entretanto, recuperar sua posição normal, mas foi apenas para começar a submergir. Recebemos imediatamente ordem para ocupar os botes salva-vidas. Quando nos afastamos um pouco, o navio já havia desaparecido." Depoimento do oficial Augusto Gomes.[4]
"Eu me achava de quarto no passadiço de comando no momento em que o torpedo atingiu o navio de proa por bombordo. A tripulação correu logo para os quatro escaleres a bordo. O navio afundou em apenas 20 minutos. O submarino veio à tona e assim se conservou por uns 5 a 8 minutos. Parecia ter uns 65 metros de comprimento. Rodeou os escaleres, e passou a uns 200 metros daquele em que se encontrava o comandante e depois submergiu. Dois minutos mais tarde surgiram aviões da Marinha dos Estados Unidos. Deixaram cair boias, mas não foi possível alcançá-las. O mar estava muito agitado."Depoimento do 3º piloto, José Lobo Medeiros.[4]

Os sobreviventes vagaram no mar por 26 horas, até a chegada do socorro. Uma pessoa morreu: o enfermeiro Manuel Florêncio Coimbra, que dormia em seu camarote no momento do ataque. Ficaram feridos em estado grave o segundo piloto, Sebastião Rogério Andrade, e o marinheiro Wilson Domingos Santos. Os sobreviventes foram resgatados pelo barco da Guarda Costeira dos Estados Unidos, USCG Calypso, e levados a Little Creek, no estado de Delaware.[5]

Assim como procedera nos afundamentos de fevereiro, já tendo sido comprovado o envolvimento de submarinos alemães nos ataques, o governo brasileiro protestou junto à Alemanha, exigindo explicações e reparações pelos danos causados. No entanto, nenhuma resposta lhe foi dada.[4]

Ver também

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  1. Não se pôde precisar se o LLoyd Nacional - que, até setembro de 1942, era uma empresa distinta do Lloyd Brasileiro - comprou ou tão somente arrendou a embarcação.
  2. Considerando que a costa leste dos EUA está a cinco horas a menos do horário do Meridiano de Greenwich, a diferença entre os dois horários é de 6 horas. Pela hora oficial do Brasil (no caso, a do Rio de Janeiro), cujo fuso horário é UTC-3, o afundamento ocorreu às 17:15.

Referências

  1. a b Miramar Ship Index. «Arabutan». Consultado em 12 de dezembro de 2010 [ligação inativa]
  2. a b c Uboat.net. «Arabutan». Consultado em 29 de novembro de 2010 
  3. a b Wrecksite. «Arabutan SS». Consultado em 30 de novembro de 2010 
  4. a b c d e SANDER. Roberto. op.cit., p.68-69.
  5. a b Erik Azevedo (8 de maio de 2010). «Navios mercantes atacados durante Segunda Guerra: O "Buarque e o Arabutan"». Blog Mercante: Navegar é Preciso. Consultado em 13 de novembro de 2010 

Bibliografia

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  • SANDER. Roberto. O Brasil na mira de Hitler: a história do afundamento de navios brasileiros pelos nazistas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.

Ligações externas

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