Nossa Senhora da Graça
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Nossa Senhora da Graça é uma invocação pela qual é conhecida a Virgem Maria na Igreja Católica. Ao contrário de outras invocações, que por norma expressam um dogma ou um episódio da vida de Maria ou aparições marianas, a designação de Senhora da Graça constitui uma invocação popular, associada ao conceito teológico de Graça.
Nossa Senhora da Graça | |
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Nossa Senhora da Graça, escola portuguesa, século XVIII | |
Instituição da festa | 1362 (tradicional, em Portugal) |
Venerada pela | Igreja Católica |
Não deve ser confundida com Nossa Senhora das Graças, invocação muito posterior, relacionada com duas aparições da Virgem Maria a Santa Catarina Labouré em Paris, França, no século XIX.
História
editarInvocação popular, a devoção a Nossa Senhora da Graça não é exclusiva de Portugal. Já em Inglaterra, desde pelo menos 1152, o santuário a Nossa Senhora da Graça de Ipswich [en] era um importante local de romaria.[1] A Madonna de Cambrai, ícone de Nossa Senhora da Graça datado do século XIV,[2] é venerado na cidade de Cambrai, em França, desde o século XIV com procissão anual.[3][4]
Em Portugal, o Convento da Graça em Lisboa, casa-mãe da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, remonta ao início da nacionalidade. Era originalmente conhecido como Convento de Santo Agostinho, tendo recebido a invocação de Nossa Senhora da Graça por patente datada de 3 de Março de 1305, em cumprimento e satisfação de voto que o oitavo geral da Ordem dos Agostinianos, Frei Francisco de Monterubbiano, fizera em Roma diante da imagem de Nossa Senhora do Pópulo, de que muitos conventos fossem consagrados à Mãe de Deus. Parece, porém, que não havia imagem do orago na Igreja, porque se atribui a sua origem apenas ao reinado de D. Pedro I.[5]
Reza a lenda que na manhã de 14 de Agosto de 1362, véspera da festa da Assunção de Maria, alguns pescadores de Cascais, lançando as suas redes ao mar, prometeram a Nossa Senhora oferecer-lhe todo o peixe que recolhessem naquele lanço, querendo assim mostrar-se reconhecidos à Virgem Santíssima pela boa fortuna com que naquela temporada tinham sido favorecidos. Quando recolheram as redes, notaram que vinham muito pesadas; a pesca tinha sido abundantíssima. Mas cresceu ainda mais o seu júbilo quando encontrarm entalada na malha de uma das redes, uma imagenzinha de Nossa Senhora com o Menino nos braços. Vinha tão perfeita, que logo se alvoroçou a fé de todos com lembrarem-se que o mar quisera respeitar a sua Estrela, não lhe desmerecendo sequer o colorido. Prostrados em terra, renderam os pescadores homenagem àquela linda imagenzinha que as redes lhes haviam trazido, e que as ondas pareciam haver lhes dado. Tomaram como graça do céu tão inesperado presente e àquela Senhora começaram logo a chamar Nossa Senhora da Graça.[6][5]
Valendo-se miraculosamente da boca de uma criancinha de peito, filha de um dos pescadores, que dormitava nos braços da mãe, a própria Virgem terá expressado a sua vontade sobre o que fazer com a imagem: "Esta Senhora quer que a levem ao Mosteiro de seus frades." A imagem foi conduzida a Lisboa, ao Convento da Graça, no dia seguinte.[5] Os frades colocaram-na no altar-mor da sua igreja. O culto irradiou a partir desse local para todo o país, constituindo no tempo atual orago em templos de todas as regiões de Portugal e do mundo lusófono.[carece de fontes]
Referências
- ↑ "The Shrine of Our Lady of Grace of Ipswich", St. Mary at the Els
- ↑ Roten, S.M., Johann. "Our Lady of Grace", International Marian Research Institute, University of Dayton
- ↑ Byzantium, Faith and Power (1261–1557), 2004, Evans, Helen C. (ed.), Metropolitan Museum of Art/Yale University Press, pp. 582–588 ISBN 1-58839-114-0
- ↑ Dauvegis, Jean (1991). La Vie des Cambrésiens. Cambrai: Les amis du Cambrésis, p. 196
- ↑ a b c Sampayo Ribeiro, Mário de (1939). «A Igreja e o Convento de Nossa Senhora da Graça, de Lisboa». Olisipo: Boletim do Grupo «Amigos de Lisboa». II (5): 49-55. Consultado em 30 de abril de 2023
- ↑ Pimentel, Alberto (1899). História do Culto de Nossa Senhora em Portugal. Lisboa: Livraria Editora Guimarães, Libânio & Cia. pp. 79–80