Notas do Subterrâneo

contos do subsolo

Notas do Subterrâneo (BR) (também traduzido como Memórias do Subsolo ou Notas do Subsolo) ou Cadernos do Subterrâneo (PT)[1] (em russo pré-reforma ortográfica: Записки изъ подполья e pós-reforma ortográfica: Записки из подполья, com transliteração: Zapíski iz pódpol'ia) é um curto romance de Fiódor Dostoiévski, publicado em 1864.

Записки из подполья
Cadernos do Subterrâneo [PT]
Notas do Subterrâneo
Memórias do Subsolo
Notas do Subsolo
 [BR]
Notas do Subterrâneo
Capa de edição de 1866
com ortografia pré reforma
Idioma Russo
País Russia
Gênero Novela
Editora Época
Editor Mikhail Dostoiévski e Fiódor Dostoiévski
Formato Revista
Lançamento 1864
Edição brasileira
Tradução Axel de Leskoschek
Editora José Olympio
Lançamento 1961

Para Walter Kaufmann, esta obra faz de Dostoiévski o principal precursor do existencialismo.[2] Apresenta-se como um excerto das memórias de um empregado civil aposentado que vive em São Petersburgo. O livro, com cerca de 150 páginas (a depender da edição) é dividido em duas partes, a primeira intitulada "O Subterrâneo", contém 11 capítulos, e a segunda parte "A Propósito da Neve Derretida", possui 10 capítulos.

O personagem anônimo (chamado geralmente de Homem subterrâneo) é caracterizado como um homem amargo e isolado. O mesmo encena na primeira parte do romance um grande monólogo com a intenção de "comover" de alguma forma seu leitor. A autopercepção do leitor das Notas é descrita pelo autor como de suma importância no exercício da leitura, pois o discurso do narrador é "moldado" por seu receptor, dessa forma o seu monólogo é, na verdade, uma evocação sistemática de discursos alheios que são parodiados de forma zombeteira e crítica.

O personagem chega a dizer que é um homem mau, ou age como tal, mas que pode ser agradado e visto como uma pessoa de bem. Essa incapacidade de se livrar do peso moral o aflige, ao que o mesmo diz que os homens sanguinários eram cultos e inteligentes (reforçando as ideias de Raskolnikov em Crime e Castigo), e que ele mesmo gostaria muito de encontrar um motivo para dar sentido a sua vida, como os chamados "homens de ação". Ele conclui que "o melhor é não fazer nada".

Na segunda parte, nomeada de "A propósito da neve molhada", há três episódios que relatam de uma forma concreta como o anti-herói é encurralado socialmente pelos discursos e ações de uma sociedade. Essa narrativa é exposta sistematicamente com uma visão da consciência do protagonista, num dos melhores exemplos do recurso literário fluxo de consciência.

Grafia do título da obra

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Atualmente a grafia em russo do título da obra Notas do Subterrâneo é Записки из подполья.[3][4] Na época, entretanto, da publicação das primeiras edições - como a edição original da revista Época de 1964[5] e outras posteriores, como a própria Polnoe sobranie sochinenii v 30 tomakh - o título correto era Записки изъ подполья.[6] Houve, portanto, supressão do Ъ, sinal forte usado no final da preposição из. A supressão ocorreu devido a reformas linguísticas de 1918, dentro da revolução bolchevique.[7][8] A diferença de grafia é portanto apenas uma questão da forma ortográfica correta de se escrever na língua russa. Hoje, devido as reformas ortográficas, só é correto o uso do título Записки из подполья, sem o sinal forte Ъ.[9]

Crítica, recepção e influências

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O Homem subterrâneo tornou-se uma influência para diversas personagens criadas em trabalhos posteriores. Alguns exemplos disso são Nikolai Levin, personagem do romance Anna Karenina, de Leo Tolstoi, a personagem Mersault, do romance O Estrangeiro, de Albert Camus; Gregor Samsa, personagem do romance A Metamorfose, de Franz Kafka; e Moses Herzog, personagem do romance Herzog, de Saul Bellow.[10]

O livro também influenciou fortemente o filme Taxi Driver (1976).[11][10][12] Sobre isso, seu diretor Martin Scorcese disse: "[...]Eu fiz muita leitura ao longo dos anos, e passei uma vida no cinema em certo sentido, assistindo muitos filmes. Mas um dos primeiros livros que eu li e causaram um forte impacto em mim, que eu realmente quis fazer (filmar) ou fazer versões - ou outras versões de outras obras deste autor - é Notas do Subsolo de Dostoiévski. Então, essa é a coisa mais próxima que eu cheguei a fazer.[...]".[12]

Referências

Bibliografia citada

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Obras completas
  • Dostoiévski, Fiódor (1972–1980). Polnoe sobranie sochinenii v 30 tomakh (komplekt iz 33 knig). Leningrad: Institutom russkoy literatury (Pushkinskim domom) Akademii nauk SSSR. ISBN 978-9662842340 

* (Ф. М. Достоевский. Полное собрание сочинений в 30 томах (комплект из 33 книг). Институтом русской литературы (Пушкинским домом) Академии наук СССР).

** (F.M. Dostoevsky, Obras Completas em 30 volumes (um conjunto de 33 livros) pelo Instituto de Literatura Russa (Casa Pushkin) da Academia de Ciências da URSS).

Artigos
Sítios virtuais

Ligações externas

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