Nova Atlântida

livro de Francis Bacon

Nova Atlântida é um romance utópico incompleto de Francis Bacon, publicado inicialmente, em julho de 1626, poucos meses após a morte de autor, como um apêndice de "Sylva sylvarum". Nessa obra, o autor expressa suas aspirações e ideais para a humanidade, expondo sua visão do futuro, que inclui evolução do conhecimento humano.

Nova Atlântida
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Autor Francis Bacon
Tema utopia
Gênero ficção filosófica, fantasia, utopian fiction, ficção científica
Data de publicação 1627

O romance descreve a criação de uma terra utópica onde "generosidade e iluminação, dignidade e esplendor, piedade e espírito público" são as qualidades comumente defendidas pelos habitantes da mítica Bensalem. Um dos centros dessa utopia é a "Casa de Salomão", uma moderna universidade de pesquisa em ciências aplicadas e puras.

Enredo

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O romance retrata Bensalém, uma ilha mítica que foi descoberta pela tripulação de um navio europeu depois que eles se perderam no Oceano Pacífico em algum lugar a oeste do Peru. O romance descreve a evolução gradual da ilha, seus costumes e sua instituição científica patrocinada pelo estado, a "Casa de Salomão", que seria "o próprio olho deste reino."

Muitos aspectos da sociedade e da história da ilha são descritos, como um desenvolvida a partir do cristianismo, pois uma cópia da Bíblia e uma carta do Apóstolo São Bartolomeu teria chegado ali milagrosamente, poucos anos depois de Ascensão de Jesus.

Na ilha:

  • seria celebrada, anualmente, uma festa cultural em homenagem à instituição familiar, denominada como: "Festa da Família";
  • existiria um colégio de sábios, denominado como: "a Casa de Salomão", que seria o próprio "olho do reino", para a qual o "Deus do céu e da terra concedeu a graça de conhecer as obras da Criação e os segredos delas", bem como "para discernir entre milagres divinos, obras da natureza, obras de arte e imposturas e ilusões de todos os tipos".

Os habitantes de Bensalem foram descritos como tendo um alto caráter moral e honestidade, pois nenhum oficial aceita qualquer pagamento de indivíduos. O povo também foi descrito como casto e piedoso.

No último terço do livro, o Chefe da Casa do Salomão leva um dos visitantes europeus para apresentar toda a formação científica da Casa do Salomão, onde são realizados experimentos utilizando o "método baconiano" para compreender e conquistar a natureza, e para aplicar os conhecimentos recolhidos para a melhoria da sociedade. Desse modo, são apresentados:

  1. o objetivo da fundação, que seria: "o conhecimento das causas e movimentos secretos das coisas; e a ampliação dos limites do império humano, para a efetivação de todas as coisas possíveis”;
  2. os preparativos que os integrantes fazem para realizar os seus trabalhos;
  3. as várias funções que são atribuídas aos bolsistas; e
  4. as ordenanças e ritos que eles observam.

Desse modo, o autor descreveu sua visão do futuro para o desenvolvimento do do conhecimento humano. O plano e a organização de seu colégio ideal, a "Casa de Salomão", previa a como deveriam funcionar as universidades de pesquisa moderna tanto em ciência aplicada quanto em ciência pura.

Os integrantes da "Casa de Salomão", que eram divididos em vários grupos:

  • os "mercadores de luz", que eram doze integrantes navegavam para países estrangeiros utilizando nomes ocultos, que traziam os livros e resumos, e padrões de experimentos feitos em outros lugares;
  • os “triadores", que eram três integrantes que faziam uma triagem dos experimentos descritos nos livros trazidos pelos mercadores;
  • os "misteriosos", que eram três integrantes que compilavam os experimentos das artes mecânicas, das ciências liberais e de práticas que não eram trazidas para as artes;
  • os "pioneiros", que eram três integrantes que tentavam novos experimentos;
  • os "compiladores", que eram três integrantes que faziam desenhos dos experimentos em títulos e tabelas, para dar melhor luz para o desenho de observações e axiomas a partir deles;
  • os "benfeitores", que eram três integrantes que examinavam os experimentos realizados para extrair deles coisas úteis e práticas para a vida e o conhecimento do homem, tanto para obras quanto para demonstração simples de causas, meios naturais, adivinhações e a descoberta fácil e clara das virtudes e partes dos corpos;
  • os "lâmpadas", que eram três integrantes que direcionavam os novos experimentos, a partir de uma luz mais elevada, para que fossem mais penetrantes na natureza do que os anteriores;
  • os "inoculadores", que eram três integrantes que executam os experimentos concebidos pelos "lâmpadas" e os relatavam;
  • os "intérpretes da natureza", que eram três integrantes que elevavam as descobertas por experimentos a observações, axiomas e aforismos maiores.

Ao descrever as ordenanças e ritos observados pelos cientistas da "Casa de Salomão", o líder disse:

Temos certos hinos e serviços, que dizemos diariamente, do Senhor e graças a Deus por Suas obras maravilhosas; e algumas formas de oração, implorando Sua ajuda e bênção para a iluminação de nossos labores e para torná-los em usos bons e sagrados.

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Etimologia

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O nome "Bensalém" é oriundo da composição de duas palavras hebraicas : "ben" (בן) - "filho" e "salpem" ou "shalem" (שלם) - "inteiro" ou "completo".

Desse modo, o nome pode ser interpretado como significando "O Filho da Totalidade".

Ver também

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Fontes

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  • Langman, A. P. (2006). "Beyond, both the old world and the new: Authority and knowledge in the works of Francis Bacon". Unpublished PhD Thesis. pp. 27–34.;
  • J. Weinberger, "Science and Rule in Bacon's Utopia: An Introduction to the Reading of the New Atlantis" The American Political Science Review, Vol. 70, No. 3 (Set. 1976), pp. 865–885 (875);
  • David Renaker, "Miracle of Engineering: The Conversion of Bensalem in Francis Bacon's New Atlantis", Studies in Philology, Vol. 87, No. 2 (Spring, 1990), pp. 181–193 (193);
  • Francis Bacon, "New Atlantis and The Great Instauration", Jerry Weinberger, ed., (Wheeling, IL: Crofts Classics, 1989), xxv–xxvi, xxxi.
  • Bacon, Francis (2008). Vickers, Brian (ed.). The Major Works. Oxford University Press. p. 457;
  • Harvey Wheeler, "Francis Bacon's Case of the Post-Nati: (1608); Foundations of Anglo-American Constitutionalism; An Application of Critical Constitutional Theory", Ward, 1998;
  • Howard B. White, "Peace Among the Willows: The Political Philosophy of Francis Bacon", The Hague Martinus Nijhoff, 1968;
  • Harvey Wheeler, "Francis Bacon’s "Verulamium": the Common Law Template of The Modern in English Science and Culture", 1999;
  • Frances Yates, (essay) "Bacon's Magic, in Frances Yates, Ideas and Ideals in the North European Renaissance", Londres: Routledge & Kegan Paul, 1984;
  • Hepworth Dixon, William (1861). "Personal history of Lord Bacon: From unpublished papers". J. Murray. pp. 35;
  • CHARTER OF THE LONDON AND BRISTOL COMPANY. EARL OF NORTHHAMPTON AND ASSOCIATES., em inglês, acesso em 17/10/2021;
  • Alfred Dodd, "Francis Bacon's Personal Life Story", Volume 2 – The Age of James, England: Rider & Co., 1949, 1986. pages 157 – 158, 425, 502 – 503, 518 – 532;
  • Francis Bacon’s Life A Brief Historical Sketch by Peter Dawkins, em inglês, acesso em 17/10/2021;
  • The Letters of Thomas Jefferson: 1743-1826 BACON, LOCKE, AND NEWTON, em inglês, acesso em 17/10/2021;
  • Hepworth Dixon, William (January 2003). "Personal History of Lord Bacon from Unpublished Papers". p. 200.

Ligações externas

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