O Banquete dos Deuses: Conversa Sobre a Origem e a Cultura Brasileira
O Banquete dos Deuses: Conversa Sobre a Origem e a Cultura Brasileira é uma obra de Daniel Munduruku publicada no ano 2000 pela editora Angra e com a 2ª edição publicada em 2021 pela editora Global.[1]
O Banquete dos Deuses: conversa sobre a origem e a cultura brasileira | |
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Autor(es) | Daniel Munduruku |
País | Brasil |
Assunto | Educação |
Gênero | Ensaio |
Linha temporal | Século XX-XXI |
Localização espacial | Brasil |
Ilustrador | Guilherme Vianna (primeira edição) / Maurício Negro; Luciano Tasso (segunda edição) |
Editora | Editora Angra (primeira edição) / Global Editora (Atualmente) |
Formato | Brochura |
Lançamento | 2000 (1a. edição) / 2021 (2a. edição) |
Páginas | 104 páginas |
ISBN | 978-85-260-1397-1 |
Obra
editarEste livro compila uma coleção de artigos escritos pelo autor Daniel Munduruku, cuja principal preocupação é a necessidade de uma educação libertadora. Como educador, ele enfatiza a importância de uma educação que prepara para a vida e respeita a cultura indígena, sem distorcê-la. Daniel argumenta que essa cultura é uma parte intrínseca do nosso cotidiano e que todos nós somos influenciados por ela, como se fôssemos o próprio alimento no banquete dos deuses.[2]
O trabalho de Munduruku oferece um valioso subsídio para o aprofundamento do entendimento das contribuições culturais das sociedades indígenas, explorando suas formas de percepção dos ciclos vitais, entre outras temáticas que abordam a identidade do próprio autor. Os pais são encorajados a ler este livro junto com seus filhos, como uma maneira de compartilhar com eles a compreensão dos povos indígenas diretamente da voz de um de seus representantes. Além disso, os professores, especialmente aqueles do ensino fundamental, encontrarão neste trabalho material valioso para o desenvolvimento de temas interdisciplinares, tais como Ética e Pluralidade Cultural.[3]
Daniel Munduruku
editarO autor de "O Banquete dos Deuses" nasceu em Belém do Pará e é filho do povo indígena Munduruku. Com uma trajetória acadêmica diversificada, graduou-se em Filosofia e possui licenciatura em História e Psicologia. Além disso, fez parte do programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na Universidade de São Paulo (USP). Com uma experiência profissional abrangente, atuou como professor por uma década e também como educador social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo. Além disso, sua influência se estende internacionalmente, tendo participado de conferências na Europa e ministrado oficinas culturais para crianças.[4][5]
O autor recebeu reconhecimento por suas obras anteriores, incluindo "Histórias de Índio", "Coisas de Índio" e "As Serpentes que Roubaram a Noite", agraciadas com a Menção de Livro Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Seu livro "Meu Avô Apolinário" foi selecionado pela UNESCO para receber uma Menção Honrosa no Prêmio Literatura para Crianças e Jovens, na categoria de tolerância. Além de seu trabalho como escritor, o autor destaca-se por sua participação ativa em palestras e seminários, nos quais enfoca o papel fundamental da cultura indígena na formação da sociedade brasileira.[4]
Importância para a cultura indígena
editarAs sociedades tradicionais são filhas da memória e a memória é a base do equilíbrio das tradições. A memória liga os fatos entre si e proporciona a compreensão do todo. Para compreender a sociedade tradicional indígena é preciso entender o papel da memória na organização da trama da vida.[6]
O Banquete dos Deuses aborda os aspectos fundamentais de um processo educacional, sob a perspectiva de um educador pertencente ao povo indígena Munduruku. Daniel Munduruku inicia seu livro discutindo o valor da consciência da ancestralidade como elemento crucial para o equilíbrio e a identidade. Ele argumenta que a felicidade está intrinsecamente ligada à identidade, que por sua vez não se completa sem conexões históricas e continuidades culturais. O autor traz à tona a complexa questão dos valores na educação, destacando a mistura e confusão de papéis prevalentes na escola, na família e em suas relações mútuas. Sob a perspectiva do índio discriminado, Munduruku explora e exemplifica o preconceito da civilização ocidental em relação ao diferente, evidenciando as representações do índio na cultura brasileira que contribuem para visões negativas no discurso educacional, inclusive nos livros didáticos.[7][8]
Ao apresentar ao leitor uma análise crítica dupla - a do índio e a do cidadão que ele é - o texto de Munduruku proporciona reflexões sobre comportamentos e concepções, permitindo uma compreensão clara das urgências da educação contemporânea. Ele discorre sobre o papel da memória na organização da vida, como a memória ancestral confere significado e sentido às regras, e como a natureza pode ensinar a disciplina essencial para a vida. O autor explora a reverência pela terra entre os povos indígenas e os princípios de organização que essa reverência inspira, como a visão da terra como mãe e a gratidão essencial à mãe terra. Munduruku propõe a metáfora do "banquete dos deuses", onde o comportamento harmonioso e co-criativo do homem com seu meio e com seus pares gera a energia que mantém os deuses vivos e interessados na humanidade e em seu planeta.[7][9]
Este livro é significativo, especialmente porque o educador que o produz traz a perspectiva de um grupo minoritário, sendo capaz de criticar legitimamente alguns princípios que têm regido a política nacional de educação. Com clareza e simplicidade, "O Banquete dos Deuses" provoca reflexões sobre preconceitos arraigados na cultura e sobre posturas hegemônicas destrutivas dentro do sistema educacional.[3][10]
Referências
- ↑ «Pesquisa de ISBN». https://www.cblservicos.org.br. Consultado em 16 de abril de 2024
- ↑ «Sinopse». Grupo Editorial Global. Consultado em 6 de abril de 2024
- ↑ a b «Sinopse». UOL. Consultado em 6 de abril de 2024
- ↑ a b «Autor Daniel Mundukuru». Grupo Editorial Global. Consultado em 6 de abril de 2024
- ↑ Itaú Cultural. «Enciclopédia ItaúCultural». Enciclopédia ItaúCultural. Consultado em 16 de abril de 2024
- ↑ Munduruku, Daniel (2009). O banquete dos deuses: conversa sobre a origem e a cultura brasileira 2a edição ed. São Paulo: Global editora. p. 32. ISBN 9788526013971
- ↑ a b Giglio, Zula Garcia (30 de dezembro de 2006). «O Banquete dos Deuses: conversa sobre a origem da cultura brasileira». Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura (1). 119 páginas. ISSN 2178-3284. doi:10.20396/resgate.v9i10.8645575. Consultado em 16 de abril de 2024
- ↑ de Moraes, Wallace dos Santos (2020). «Crítica à Estadolatria: contribuições da filosofia anarquista à perspectiva antirracista e decolonial». Teoliterária (21): 54–78. ISSN 2236-9937. Consultado em 16 de abril de 2024
- ↑ Fonseca, Lívia Gimenes Dias da (9 de janeiro de 2017). «Despatriarcalizar e decolonizar o estado brasileiro : um olhar pelas políticas públicas para mulheres indígenas». doi:10.26512/2016.03.T.22132. Consultado em 16 de abril de 2024
- ↑ Munduruku, Daniel (2009). «Educação indígena: do corpo, da mente e do espírito» (PDF). Revista Múltiplas Leituras. 2 (1): p. 21-29. Consultado em 16 de abril de 2024