O Menino e o Vento

filme de 1967 dirigido por Carlos Hugo Christensen

O Menino e o Vento é um filme de drama brasileiro de 1967, dirigido por Carlos Hugo Christensen. Roteiro do diretor, baseado no conto "O Iniciado do Vento" de Aníbal Machado.[1][2] O diretor conheceu o conto após uma ida a uma livraria de São Paulo, na qual ele se deparou com o livro Poemas em Prosa.[3] Após a ocasião tornou-se amigo do autor o qual denominou "um dos maiores poetas da América Latina", segundo ele os contos de Aníbal possuem "uma concepção essencialmente cinematográfica" e "em todos está presente o grande poeta que era".[3]

O Menino e o Vento
O Menino e o Vento
 Brasil
1967 •  pb •  104 min 
Gênero drama
Direção Carlos Hugo Christensen
Roteiro Carlos Hugo Christensen
Millor Fernandes (diálogos)
Aníbal Machado (conto)
Elenco Ênio Gonçalves
Wilma Rodrigues
Luiz Fernando Ianelli
Idioma português

As gravações ocorreram na cidade de Visconde do Rio Branco, zona da mata mineira, após a ótima recepção do prefeito e da população o diretor Carlos Hugo exibiu o filme ao ar livre, na praça principal.[4]

Para o elenco, Christensen queria trabalhar apenas com atores "novatos", e após a inclusão de Ênio Gonçalves e do ator Luiz Fernando Isnelli, convidou Alba Veronese, que embora tivesse projeção internacional nos meios artísticos não era conhecida do cinema brasileiro.[1] Foram feitos testes com mais de trezentos garotos para o papel, o ator escolhido, Isnelli, recebeu vários elogios pelo seu desempenho com a crítica,[5][6] e chamou atenção nas gravações ao recusar dublê em uma cena que teria que dominar um cavalo.[7]

A recepção foi mista. Recebeu indicação de melhor filme no Festival de Teresópolis e ganhou como melhor diretor.[8][9] Em relação as críticas desfavoráveis, Rogério Costa Rodrigues, do jornal Correio Braziliense o chamou de frustrante, e escreveu que para um tema complexo como o de "O Iniciado no Vento" era necessário certa sensibilidade para ser "captado nas suas exatas dimensões", o que não aconteceu.[10] Em 1967, foi selecionado para representar o Brasil no Festival de Veneza,[11] no entanto, foi rejeitado, pois, de acordo com o diretor do evento, Luigi Chiarini, era "antigo e sem importância" e seria "impossível admitir num festival que pretende abrir suas portas a um cinema jovem, polêmico e dinâmico, um filme cheio de ideias inúteis".[12]

O filme foi exibido na mostra de cinema brasileira no teatro National Film Theather, de Londres, com o patrocínio da Britsh Film Institut, em fevereiro de 1970.[13]

Sinopse

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  • Fonte: Cinemateca Brasileira[14]

José Roberto é um jovem engenheiro que vai de férias à distante vila de Bela Vista, interior de Minas Gerais, local de fortes ventos. Na infância ele sempre se interessara por esse fenômeno e quando conhece Zeca da Curva, fica fascinado com o conhecimento, a paixão e a afinidade do garoto pelos ventos de sua região e os dois se tornam companheiros inseparáveis durante os 28 dias de férias do engenheiro, sempre percorrendo as colinas em busca de ventos cada vez mais fortes. Mas ao voltar para a cidade onde mora, José Roberto fica sabendo que fora acusado do desaparecimento do garoto, que não fora mais visto depois da partida dele, e que era réu num julgamento à revelia. Ele retorna à Bela Vista e fica indignado quando as testemunhas, principalmente Laura, a dona do hotel, e Mário, um primo rico homossexual de Zeca, tentam chantageá-lo para mudarem os depoimentos que aludem a um provável crime de homicídio com motivação sexual que ele teria cometido.

Elenco

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  • Fonte: Cinemateca Brasileira[14]
  • Ênio Gonçalves...José Roberto Nery (engenheiro)
  • Wilma Henriques...Laura (dona do hotel)
  • Luiz Fernando Ianelli...Zeca da Curva
  • Odilon Azevedo...Jorge (escrivão)
  • Germano Filho...advogado de Roberto
  • Oscar Felipe...Mário (primo rico de Zeca)
  • Palmira Barbosa... Maria Amália (mãe de Zeca)
  • Antônio Naddêo... Promotor (advogado de Zeca)
  • Jotta Barroso... funcionário do fórum (abertura do julgamento)
  • Armando Rosas... juiz
  • Antônia Marzullo ... índia (avó de Zeca)
  • Thales Penna... Aparecido Telles (peão da fazenda)
  • Amiris Veronese... passageira do trem (olhando para Roberto)
  • Míriam Pereira... Isaura (Espiga de Milho) (namorada de Zeca)

Prêmios

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  • Prêmio do INC - Instituto Nacional de Cinema, 1967.[2]

Referências

  1. a b «Alba pelos caminhos do Menino e o Vento». A Cigarra: 85. 12 de dezembro de 1966. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  2. a b Cinemateca Acessado em 9-07-14
  3. a b Reis, Moura (11 de março de 1970). «Christensen - Brasileiro adotivo». Filme & Cultura: 26. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  4. Alves, José Maria (18 de abril de 1967). «Sétima arte». O Fluminense: 7. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  5. «Diário do país». Diário de Notícias: 3. 16 de agosto de 1966. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  6. «Luiz Fernando e o vento». Cinelândia: 38. 1967. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  7. Souza, Arthur (1 de abril de 1967). «Luís Fernando - O menino do vento». Manchete: 41. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  8. Zazie (1967). «Mini-respectiva do Festival de Teresópolis». Cinelândia: 24. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  9. Ruas, Carlos (4 de maio de 1967). «Os Melhores». O Fluminense: 2. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  10. Rodrigues, Rogério Costa (19 de outubro de 1967). «O menino e o vento». Correio Braziliense: 2. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  11. Sani, Ítalo C. (Julho de 1967). «O menino e o vento». Filme & Cultura: 33. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  12. Sani, Ítalo C. (16 de setembro de 1967). «Como é alegre Veneza». Manchete: 16. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  13. «Exito em Londres abre novo mercado ao cinema nacional». O Estado de Mato Grosso: 6. 11 de março de 1970. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  14. a b O Menino e o Vento Bases.cinemateca.gov.br. Consultado em 1 de novembro de 2021.