O Olhar da Serpente
O Olhar da Serpente é uma telenovela portuguesa, produzida e exibida pela SIC no horário nobre da emissora, entre 28 de setembro de 2002 e 25 de abril de 2003, totalizando 150 episódios. Foi escrita por Francisco Nicholson,[1] com base num trabalho de Felícia Cabrita,[2] e com colaboração de Lúcia Feitosa, Vera Sacramento e Sara Rodrigues.[3] A história centra-se na personagem de Maria dos Prazeres, intepretada pela actriz Helena Laureano,[4] e baseada em factos reais.[2] A telenovela conta igualmente com a presença de Virgílio Castelo, Cristiana Oliveira, Marco Delgado e Vítor Norte noutros papéis principais.[3]
O Olhar da Serpente | |||||||
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Informação geral | |||||||
Formato | Telenovela | ||||||
Duração | ± 30 min. | ||||||
Criador(es) | Felícia Cabrita Francisco Nicholson | ||||||
Elenco | Helena Laureano Virgílio Castelo Cristiana Oliveira Rui Mendes Marco Delgado Vítor Norte e ver mais | ||||||
País de origem | Portugal | ||||||
Idioma original | português | ||||||
Episódios | 150 | ||||||
Produção | |||||||
Produtor(es) | Rosa Guerra SIC ENDEMOL | ||||||
Tema de abertura | "Corpo Fatal", D'Arrasar | ||||||
Exibição | |||||||
Emissora original | SIC | ||||||
Formato de exibição | 4:3 576i SDTV | ||||||
Transmissão original | 28 de setembro de 2002 – 25 de abril de 2003 | ||||||
Cronologia | |||||||
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Produção
editarA telenovela foi produzida por Francisco Nicholson,[5] que além de actor também se destacou como guionista de um grande número de programas para a televisão, como a primeira telenovela portuguesa, Vila Faia.[2] O guião da telenovela O Olhar da Serpente teve a sua origem num trabalho de investigação da jornalista Felícia Cabrita,[6] baseado no caso de corrupção conhecido como São Bento Gate, que teve grande impacto em Portugal na década de 1980.[2] De acordo com Francisco Nicholson, a personagem principal, Maria dos Prazeres, foi inspirada na figura real de Maria da Graça, tendo sido desenvolvida de forma a ser «uma mulher com que nos podemos cruzar num aeroporto, numa casa de chá, numa loja, e que nos pode dar referência de alguém em que nos iremos rever, ou rever alguém que conhecemos».[2] Na telenovela também são abordados vários problemas e situações reais, como a toxidependência e a violência doméstica, no sentido de «abrir caminho e pôr as pessoas a falarem das coisas que ainda não estão muito à vontade para falar mas que entram aí pelos olhos dentro de todos».[2] Esta não foi a primeira vez em que abordou o assunto das drogas, uma vez que a personagem Nando, interpretada por António Feio na telenovela Origens, era um toxicodependente, situação que provocou polémica, uma vez que «falar-se da dependência da droga era então um tabu».[2] Outros temas tratados em O Olhar da Serpente incluem o conflito entre os pobres e os ricos, os jogos de poder, a cobiça e o encontro entre famílias, com «um pai à procura de um filho».[2]
O enredo da telenovela foi escrito com a colaboração de Lúcia Feitosa, Vera sacramento e Sara Rodrigues,[3] e da escritora Sara Rodi, na função de ghostwriter[7] A realização ficou a cargo de Álvaro Fugulin e Nuno Vieira, e a telenovela foi produzida pela SIC e pela companhia holandesa Endemol.[3] Foi transmitida entre 2002 e 2003, no canal SIC.[3] É considerada como um exemplo da forma como a cadeia de televisão estava a apostar nas produções nacionais nesse período, que incluiu igualmente as telenovelas Ganância, em 2001 e Fúria de Viver, em 2002, experiência que porém teve pouco sucesso de audiências.[8][9] Contou com a participação de alguns grandes nomes da televisão nacional, como Rita Alagão,[10] Carla Pires,[11] José Fidalgo[12] e António Rama.[13]
A campanha publicitária à novela, lançada em Agosto de 2002 pela SIC, gerou considerável polémica devido ao seu formato.[14] O anúncio foi concebido de forma a ser muito semelhante aos avisos que a Polícia Judiciária emitia na televisão, e alegava que Maria dos Prazeres Costa Moreira era procurada pelos crimes de burla agravada e considerada muito perigosa, apresentando uma fotografia da pessoa em causa, que na realidade era da actriz Helena Laureano, que interpreta a personagem.[14] Indicava também um número de telefone para o qual os telespectadores poderiam ligar para comunicar informações sobre a suposta criminosa.[14] A empresa lançou também um anúncio semelhante nas páginas de classificados do jornal Correio da Manhã.[14] Devido ao formato utilizado, muitos espectadores acreditaram que os anúncios eram reais e telefonaram para o número indicado, que na realidade pertencia à SIC, e para a Polícia Judiciária, que devido à natureza das denúncias chegou a investigar o caso.[14] A situação foi criticada pelo advogado Domingos Cruz, que considerou que os anúncios deveriam ser melhor identificados como tal, «para não incorrerem num engano do consumidor».[14]
Parte da telenovela foi filmada em Paris, junto da comunidade portuguesa, tendo sido apontada como um exemplo das tendências que as empresas de comunicação social estavam a seguir na altura, no sentido de dar uma maior visibilidade às populações portuguesas no estrangeiro.[15]
Sinopse
editarO enredo da telenovela centra-se na personagem de Maria dos Prazeres que é considerada como uma mulher fatal, de personalidade complexa, dividida entre o bem e o mal, não hesitando em praticar acções altruístas ou egoístas.[3] A personagem é capaz de exercer uma forte influência nas outras pessoas através da sua sensualidade, poder que é conhecido como Olhar da Serpente.[3] Maria dos Prazeres utiliza as suas faculdades para seduzir e controlar homens abastados, de forma a roubar-lhes todas as suas posses, criado um ambiente de inveja e de destruição.[3] Porém, aqui surge uma faceta mais altruísta da sua personalidade, uma vez que a maior parte do produto dos seus roubos é entregue a pessoas carenciadas.[3] A telenovela acompanha a história desta personagem, desde o seu nascimento modesto até à sua ascensão a uma elevada categoria social, terminando com a sua queda.[3]
Maria dos Prazeres nasce numa aldeia de pescadores, onde desde nova descobre os seus poderes de sedução.[3] Estabelece-se depois em Paris, onde seduz um conceituado político francês.[3] Durante as suas viagens de avião, em classe executiva, estabelece novas ligações, incluindo Pimenta Marques, que a introduz ao Conde Tomé, que exerce como cônsul e é uma das figuras mais abastadas no país, e que se torna numa das suas vítimas.[3] Liga-se igualmente a outras personagens, como Luciano, que está envolvido em várias operações fraudulentas, André e Isaura, Madurães, Adelaide e Zulmira.[3] Porém, a sua principal relação é com o arquitecto Albuquerque, um homem bem sucedido que é conhecido como um playboy.[3] O enredo também envolve dois detectives privados, Rego e Manuel,[3] e uma outra personagem, Paulo, que vem para Portugal para procurar um filho que teve em comum com Maria dos Prazeres.[16]
Elenco
editar- Helena Laureano - Maria dos Prazeres Costa Moreira
- Virgílio Castelo - Rui Albuquerque Botelho
- Cristiana Oliveira - Celeste Carvalho Pinto
- Rui Mendes - Conde Tomé Vieira de Vasconcelos
- Marco Delgado - Luciano Costa Moreira
- Vítor Norte - Manuel da Silva Bastos
- Mafalda Drummond - Micas
- Romi Soares - Irene Sampaio Ferreira
- Rosa Castro André - Adelaide Matos Ribeiro
- Cucha Carvalheiro - Amélia Costa Moreira
- Grace Mendes - Luísa Vaz Costa
- Francisco Nicholson (†) - Alberto Oliveira Serôdio
- António Rama (†) - Pedro Almeida de Madurães
- Alice Pires - Alberta Duarte Silva
- Patrícia Tavares - Lili
- Luís Vicente - António Araújo Rêgo
- Linda Silva (†) - Arménia Marques
- Rui Paulo - António Costa Moreira
- Cláudia Cadima - Guilhermina Vasconcelos
- Rita Alagão - Leontina
- Carla Pires - Teresinha Sousa de Jesus
- Sinde Filipe - ???
- Sofia Nicholson - Sara Marques Serôdio
- Ana Bastos - Cláudia Cabrita Alves
- Paulo Rocha - Demétrio
- Nádia Santos - Ana Lourenço Rego
- José Fidalgo - António Moreira Dias
- Sandra Celas - Rosarinho
- Valéria Carvalho - Mara Fagundes Feitosa
- Joana Bastos - Lina
Participação especial
editar- Leonor Seixas - Maria dos Prazeres Costa Moreira (jovem)
- Cristóvão Campos - Paulo Pereira Fonseca (jovem)
- Robin Santos - Luciano Costa Moreira (jovem)
- João Madureira - António Costa Moreira (jovem)
- Sara Salgado - Adelaide (criança)
Audiência e adaptação a livro
editarA estreia de O Olhar da Serpente a 28 de Setembro (Sábado) foi vista por 1.711.700 espectadores. Em termos médios esta novela registou uma audiência de 6.6% e 24.6% de share. O último episódio dessa novela foi para o ar no dia 25 de Abril de 2003 às 03h35. Teve 0.5% de audiência média e 26.2% de share.[17]
A telenovela foi considerada uma sucesso moderado,[9] pelo que Sara Rodi e por Felícia Cabrita foram convidadas a adaptar a história para um livro, que também teve êxito.[18]
Curiosidades
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- Devido ao insucesso que teve a novela foi arrastada para horários tardios.[19]
- A telenovela foi em 2007 repetida nas madrugadas da SIC.
- Esta telenovela foi gravada em Vila Chã freguesia de Vila do Conde, Lisboa e Paris.
- Em 2010, esta novela foi repetida, à tarde, no canal RTP África.
- A música do genérico chama-se "Corpo Fatal" e foi interpretada pela boysband D'Arrasar.
- A telenovela tem também um livro com o mesmo nome, editado em 2003.
- A telenovela contou com a participação especial de João Perry, Luís Lucas, Sinde Filipe e Laurent Filipe.
Referências
- ↑ «Morreu Francisco Nicholson». Delas. Global Media Group. 12 de Abril de 2016. Consultado em 29 de Setembro de 2021
- ↑ a b c d e f g h FURTADO, Dulce (30 de Setembro de 2002). «Uma telenovela portuguesa, com certeza». Público. Consultado em 29 de Setembro de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p «Olhar da Serpente (2002-2003) - Sinopse». Sociedade Independente de Comunicação. 28 de Setembro de 2002. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ «Helena Laureano em exclusivo: " Voltar às novelas é o meu objectivo"». A caixa que já foi mágica. 25 de Setembro de 2012. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ «Francisco Nicholson (1938-2016): Autor da primeira telenovela portuguesa» (PDF). Revista Autores (47). Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores. Maio de 2016. p. 26. Consultado em 6 de Dezembro de 2021 – via Issuu
- ↑ «Felícia Cabrita». i Online. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ «"Sempre tive a cabeça povoada de histórias"». Diário do Alentejo. 2 de Julho de 2021. Consultado em 29 de Setembro de 2021
- ↑ FERREIRA, Raquel Marques Carriço (Outubro de 2010). «Destaque para as telenovelas nacionais». A Experiência da audiência das Telenovelas em Portugal: Um modelo a partir da teoria fundamentada em dados (PDF) (Tese de Doutoramento). Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. p. 16. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ a b CUNHA, Isabel Ferin; BURNAY, Catarina Duff (2006). Ficção televisiva em Portugal: 2000-2005 (Tese). Universidade da Beira Interior. p. 5. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ «Entrevista a Rita Alagão». Boletim Municipal de Santo Condestável. ANo XVI (50). Lisboa: Junta de Freguesia de Santo Condestável. Junho de 2010. p. 4. Consultado em 6 de Dezembro de 2021 – via Issuu
- ↑ «Carla Pires». Portal do Fado. 7 de Março de 2019. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ ARAÚJO, Filomena (19 de Janeiro de 2011). «SIC segura Joana Santos e José Fidalgo por três anos». Diário de Notícias. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ LUSA (1 de Julho de 2013). «Morreu o actor António Rama». Público. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ a b c d e f «SIC lança confusão com anúncio de novela». Correio da Manhã. 27 de Agosto de 2002. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ PINHO, Filipa (2012). «A importância da RTP Internacional para a emigração: Entrevista com Manuel Antunes da Cunha». Observatório da Emigação. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ «O Olhar da Serpente». Programas TV. Rádio Televisão Portuguesa. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ «O Olhar da Serpente». novelassic.blogs.sapo.pt. Consultado em 4 de dezembro de 2021
- ↑ MENDONÇA, Bernardo (8 de Maio de 2016). «Os fantasmas que escrevem os livros dos famosos». Expresso. Consultado em 6 de Dezembro de 2021
- ↑ «O Olhar da Serpente :: Novelas Portuguesas». novelasportuguesas.webnode.pt. Consultado em 12 de outubro de 2021