Organização Unitária de Trabalhadores
A Organização Unitária de Trabalhadores (OUT) foi uma organização política de esquerda, antifascista, anticolonialista, que ambicionava a revolução socialista alicerçada no poder popular[2] e na (teórica) "violência revolucionária armada"[3]. Foi fundada em abril 1978[4] na Marinha Grande, Portugal,[5][6][7] na presença de 1400 militantes.[8]
Organização Unitária de Trabalhadores | |
---|---|
Fundação | Abril de 1978 |
Dissolução | 1978 |
Sede | Rua Braancamp, São Mamede, Lisboa,![]() |
Ideologia | Socialismo Revolucionário Comunismo |
Espectro político | Extrema-esquerda |
Sucessor | FUP [1] |
Cores | Vermelho |
Hino | Grândola Vila Morena e A Internacional |
Bandeira do partido | |
![]() |
De relembrar que no princípio da democratização Portuguesa todos os partidos parlamentares tinham nos seus estatutos o caminhar para o Socialismo, com exceção do CDS.[1] Apesar dos diferentes entendimentos de Socialismo e do modo de lá chegar, tal ficou inscrito no preâmbulo da Constituição Portuguesa.
A maioria (relativa) dos seus órgãos eram ocupados por militantes do PRP (FONTE NECESSÁRIA), particularmente após a extinção do PRP em 1981. Integrará com outros partidos a Força de Unidade Popular (FUP) com o objetivo de uma frente eleitoral alargada para as eleições presidenciais e para o parlamento de 1980.[8]
Adotou a A Internacional e a Grândola Vila Morena como hinos.[3]
Os princípios fundamentais incluíam "A defesa intransigente dos interesses dos trabalhadores, da sua organização autónoma, do poder popular, da independência nacional, do internacionalismo proletário, da solidariedade com os trabalhadores e povos dos países em luta contra a exploração, a opressão e o colonialismo" (artigo 3º)
Contra a "repressão e opressão capitalista e imperialista", defendia a "tomada e exercício democrático do poder pelas classes trabalhadoras". O facto de defender a "violência revolucionária armada", como vários partidos na época, não quer dizer que a praticasse.
Defendia uma organização de baixo para cima.
Panfletos como comunicação
editarUm panfleto da OUT de 15-7-78, disponível na Ephemera,[2] ilustra as preocupações dos membros da OUT e o contexto político da época. Reflete sobre orgãos de informação parciais, violência policial, repressão política, e branqueamento de políticos e operacionais do Estado Novo e de organizações terroristas de direita.
No palavreado da época, nota que “praticamente todos os órgãos de informação estão na mão da burguesia” e denunciam o avanço das forças reacionárias:
- o assassinato a tiro pela PSP de José Jorge Morais, estudante e ativista da UDP, numa manifestação; (reportagem 74[9]; depoimentos da época na RTP; funeral)
- “vaga de prisões, espancamentos, assaltos e roubos a sedes e casas de militantes de esquerda por parte da Polícia Judiciária (sucessores da PIDE/DGS)” referente provavelmente às prisões associadas ao PRP-BR;
- “é permitido o regresso do fascista (Américo) Tomás e o descongelamento das suas contas bancárias”;[3]
- “em que uma série de bombistas ligados ao poder se livram impunemente” exemplificando com Mota Freitas, comandante da PSP do Porto que terá recrutado Ramiro Moreira para a organização terrorista de direita MDLP.[10]
Referências
editar- ↑ https://arquivos.rtp.pt/conteudos/assinatura-do-acordo-para-a-frente-de-unidade-popular/
- ↑ OUT (1978) Declaração de princípios - 1º Congresso.
- ↑ a b c OUT (1981) Estatutos
- ↑ «A morte de um agente da PJ e de um dissidente, a constituição da OUT e as FP-25.»
- ↑ «ORGANIZAÇÃO UNITÁRIA DE TRABALHADORES (OUT)»
- ↑ «Portugal & PREC - 'VIVER E MORRER EM NOME DAS FP-25', de António José Vilela - Lisboa 2005 - RARO;»
- ↑ «OUT - Organização Unitária de Trabalhadores»
- ↑ a b Goulart, Pedro. Resistência. [S.l.]: Edições Dinossauro. ISBN 9728165293
- ↑ Cabral Fernandes, Ricardo, e João Biscaia (2022). «10 DE JUNHO DE 1978: QUANDO A PSP DISPAROU A MATAR PARA PROTEGER FASCISTAS». Setenta e quatro
- ↑ Cruz, Valdemar (2017). «A náusea». Expresso