Os Excluídos do Reino
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Setembro de 2012) |
Os excluídos do reino (2000), é o título do livro de Geraldo Pieroni, historiador, professor do Departamento de História da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). É estudo de processos inquisitoriais que culminaram com a pena de degredo proveniente de Portugal e destinada ao Brasil nos séculos XVI e XVII. O livro trata dos excluídos do reino português durante o período da colonização brasileira. Pieroni destaca o papel do Santo Ofício e dos degredados inquisitoriais banidos no Brasil.
Após dez anos de pesquisa, durante os quais o autor teve acesso a cerca de 26 mil documentos - entre eles os manuscritos em português arcaico do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, o autor apresenta sua versão sobre os degredados portugueses, condenados pela Igreja Católica por crimes banais. Segundo ele, a maioria dos degredados para o Brasil foi condenada pela Santa Inquisição e as autoridades portuguesas se valiam disso para promover a exclusão social: "(...) era uma forma de harmonização social, de livrar-se dos maus elementos, dos indesejáveis. De um lado, limpar a sociedade. Do outro, significava também povoamento das colônias, já que a população de Portugal era muito pequena".
Entre as descobertas de Pieroni consta que mais de 50% das pessoas degredadas para o Brasil eram mulheres, acusadas, quase sempre, por feitiçaria, blasfêmia e bigamia. A explicação para o degredo das mulheres era de que elas não tinham força física para o trabalho nos remos dos navios galés para onde, geralmente, iam os homens condenados.
Trechos
editar- "Em 1535, com a intenção de povoar as terras brasileiras, João III, "O rei Colonizador", ordenou que daquele momento em diante os condenados a degredo para a ilha de São Tomé seriam enviados para o degredo no Brasil. E decretou, em 6 de maio de 1536 "(...) que os jovens vadios de Lisboa que percorrem o Ribeira roubando carteiras e cometendo outros delitos (...) se incorressem nas mesmas faltas e fossem novamente presos, seriam degredados para o Brasil e para nenhuma outra parte".
O trecho seguinte revela que um outro documento, de 1549, ordenou a transferência do degredo da ilha do Príncipe para o Brasil, que se tornou, então, a "possessão d'além-mar preferida por Portugal para o envio de criminosos metropolitanos". O documento declara que "(...) não partiria nenhum navio de Lisboa para o Brasil sem que antes o governador da Casa do Civil tomasse conhecimento, a fim de comunicar (quais seriam) os degredados que cada navio deveria levar".
O autor contesta a versão de que o Brasil teria sido colonizado por criminosos. Segundo suas pesquisas, os motivos religiosos são pelo menos três vezes mais freqüentes do que os crimes como roubo ou assassinato: "O período auge do degredo foi o século XVII e a maioria dos criminosos eram os cristãos novos", registra Pieroni.
Bibliografia
editar- Os excluídos do Reino: A Inquisição portuguesa e os degredados para o Brasil-colônia, Geraldo Pieroni, 308 p., Editora Universidade de Brasília (UnB), 2000.