Osvaldo Orlando da Costa ou Osvaldão (Passa-Quatro, 27 de abril de 1938Araguaia, 4 de fevereiro de 1974) foi um guerrilheiro brasileiro e um dos principais integrantes da Guerrilha do Araguaia, ocorrida na região Norte do Brasil na década de 1970.

Osvaldo Orlando da Costa
Osvaldão
Nascimento 27 de abril de 1938
Passa-Quatro, MG, Brasil
Morte 4 de fevereiro de 1974 (35 anos)
região do Araguaia, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Ocupação guerrilheiro

Membro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi obrigado a viver na clandestinidade depois do golpe militar de 1964, quando passou a ser procurado por sua militância. Se mudou quando tinha 20 anos para o Rio de Janeiro, para estudar na Escola Técnica Nacional Antes, entrou para o movimento estudantil em 1958 e mais tarde se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCdoB). No ano de 1960 foi convidado a estudar engenharia mecânica, na Universidade de Praga, na Tchecoslováquia, onde se especializou em mineração. Durante os anos que morou em Praga pode conviver com diversos outros estudantes estrangeiros de todo o mundo.[1] [2]

No ano de 1966 Osvaldo Orlando voltou para o Brasil, indo para o Araguaia. No Araguaia era amado pelos ribeirinhos que o consideravam parte da família. Ainda hoje os moradores da região contam que Osvaldão era uma figura mítica, capaz de se tornar invisível e se transformar em pedra, árvore e vento. [3]

Araguaia

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Osvaldão foi o primeiro militante comunista a chegar na região do Araguaia, em 1967, com a missão de implantar uma guerrilha junto com outros companheiros.[4] De acordo com as instruções do Partido, que pregava uma mistura dos militantes com os habitantes da região, estabeleceu-se como garimpeiro, caçador e mariscador. Tornou-se, em pouco tempo, o maior conhecedor da área ocupada pelos guerrilheiros e bastante popular entre os camponeses e agricultores do Bico do Papagaio, a região no sul do Pará onde o PCdoB se estabeleceu.

A partir de 1972, como comandante do Destacamento B, um dos três do movimento guerrilheiro, devido à sua formação militar, adquirida nos tempos em que foi oficial da reserva do CPOR (realizado concomitantemente com o curso de Máquinas e Motores na Escola Técnica Nacional - Estado da Guanabara) e de um posterior treinamento militar na China, ele participou de vários pequenos combates contra as tropas do governo.

Era considerado mítico e imortal pelos moradores do Araguaia, que acreditavam ser capaz de transformar-se em pedra, árvore ou animal.[5] Osvaldão teve um filho enquanto esteve no Araguaia. O garoto se chamava Geovani, era filho de Osvaldo Orlando com a ribeirinha Maria Viana, também conhecida como Maria Castanheira. O garoto foi sequestrado pelo exercito quando tinha apenas quatro anos de idade e nunca mais foi encontrado. Sua mãe Maria Viana, teve um enfarte e acabou falecendo uma semana após o desaparecimento de Geovani. Osvaldão também foi o autor da primeira morte militar durante a guerrilha, quando teve um encontro na mata com uma patrulha do exército em descanso, matou a tiros o cabo Odílio Cruz Rosa que tomava banho no momento do ataque. Pela importância política e simbólica que ele tinha para os ribeirinhos da região, capturar Osvaldo Orlando significava acabar com a guerrilha do Araguaia, sendo inúmeras as investidas do exercito contra ele.

Osvaldão foi morto com um tiro de carabina quando descansava num barranco, em 4 de fevereiro de 1974,[6] nos estágios finais da ofensiva militar que aniquilou a guerrilha, pelo mateiro Arlindo Vieira 'Piauí', um conhecido seu que na época havia virado guia das patrulhas militares. Seu corpo foi pendurado num helicóptero que sobrevoou várias áreas da região a mostrar aos caboclos locais que o 'imortal' guerrilheiro estava morto.[4] Decapitado por um sargento do exército,[7][8] seu corpo foi deixado na mata e nunca encontrado.

Homenagens

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Em dezembro de 2015, foi lançado um documentário sobre Osvaldão.[9] Dirigido por Vandré Fernandes, Ana Petta, André Michiles e Fábio Bardella, o longa teve narração do Rapper Criollo,Leci Brandão, Antonio Pitanga e Flávio Renegado. E aborda toda a trajetória do militante, adotando uma linha temporal clássica, e reúne depoimentos de diversas pessoas que conviveram com Osvaldão, além de possuir arquivos do próprio personagem, do tempo em que viveu na Tchecoslováquia..[10] O longa, de 1 hora e 19 minutos, não foi bem recebido pela crítica, ganhando análises negativas em diversos sites e revistas especializados. O AdoroCInema, o avaliou com nota 2/5, a revista Piauí o definiu como um atestado de inexperiência dos quatro diretores e um filme repleto de retratos ocos.[11]

Ver também

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Referências

  1. Mota, Natalia. «Filme narra a vida de Osvaldão, ícone negro militante». Metro Jornal. Consultado em 5 de outubro de 2019 
  2. «Araguaia: Exército acha homem que enterrou o guerrilheiro Osvaldão». Terra. Consultado em 5 de outubro de 2019 
  3. «Osvaldão, um herói brasileiro». Brasil de Fato. 1 de maio de 2018. Consultado em 14 de outubro de 2019 
  4. a b «Osvaldão foi um dos líderes da guerrilha no Pará». Folha de S.Paulo, ano 81, edição 26502, seção Brasil, página A9. 24 de outubro de 2001. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  5. Joffily, Bernardo - Osvaldão e a Saga do Araguaia
  6. «Um conflito que a censura escondeu por quatro anos». Jornal do Brasil, Ano LXXXVIII, edição 156, seção Política e Governo, página 3/Republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca digital brasileira. 11 de setembro de 1978. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  7. «Vermelho.org» 
  8. «OAB denunciará a violação de direitos humanos no Araguaia». Folha de S.Paulo, ano 59, edição 18922, seção nacional, página 5. 22 de janeiro de 1981. Consultado em 26 de janeiro de 2014 
  9. Osvaldão, acesso em 1º de abril de 2016.
  10. AdoroCinema, Osvaldão: Críticas AdoroCinema, consultado em 5 de outubro de 2019 
  11. «O Clã e Osvaldão – fatos reais». revista piauí. Consultado em 5 de outubro de 2019 

Bibliografia

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