Pacto de Pedras Altas

O Pacto de Pedras Altas foi o tratado de paz realizado no final da Revolução de 1923 (assinado em 14 de dezembro de 1923), pondo fim ao conflito armado no Rio Grande do Sul.[1] Ele deve seu nome a um castelo então pertencente a Assis Brasil, em Pedras Altas, onde foi assinado.[2]

Assinatura do pacto em 1923, Assis Brasil à direita

A Revolução de 1923 foi o movimento armado ocorrido durante onze meses daquele ano no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, em que lutaram, de um lado, os partidários do governo de Borges de Medeiros (borgistas ou chimangos) e, de outro, os oposicionistas de Assis Brasil (assisistas ou maragatos). A “Ata de Pacificação do Rio Grande do Sul”, com dez cláusulas, anistiou os rebeldes, deu garantias à lisura do processo eleitoral e permitiu a Borges de Medeiros governar até o final de seu mandato, mas vedou a reeleição. Como resultado, a oposição liberal foi institucionalizada e disputou as eleições seguintes na chapa da Aliança Libertadora.[1]

A curto prazo, o acordo não pacificou o Rio Grande do Sul.[1] Novas revoltas estouraram em cada um dos três anos seguintes — em 1924, em 1925 e em 1926.[3] Contrariando suas promessas, o governo de Borges de Medeiros ainda perseguiu e exilou chefes libertadores.[4] Vários dos oposicionistas não se contentaram com os termos, pois queriam a deposição imediata de Borges de Medeiros. Os veteranos da Revolução de 1923 aliaram-se, então, aos militares tenentistas.[5] Todas as três revoltas seguintes foram derrotadas.[6]

A longo prazo, o pacto foi “ um marco na história dos conflitos armados que assolaram o Rio Grande”,[3] iniciando um rearranjo político das elites gaúchas, no qual o Partido Republicano Riograndense (PRR) começou a perder seu monopólio da máquina estadual.[7] O sucessor de Borges de Medeiros, Getúlio Vargas, tomou posse em 1928. Embora membro do PRR, ele incluiu em sua administração membros do Partido Libertador (PL), formado pelos opositores de Borges de Medeiros. O PRR e PL uniram-se na Frente Única Gaúcha.[8]

A proibição à reeleição de governadores no Rio Grande do Sul foi mais tarde eliminada, mas perdurou como tabu na política estadual. Depois de Borges de Medeiros, o eleitorado rio-grandense não reelegeu nenhum governador até Eduardo Leite, na eleição de 2022.[9]

Referências

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  1. a b c Moreira, Regina da Luz (2015). «PACTO DE PEDRAS ALTAS» (PDF). In: CPDOC FGV. Dicionário da Elite Política Republicana (1889-1930). Rio de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil 
  2. «Cenário da Revolução de 1923 e herança de Assis Brasil, castelo em Pedras Altas é vendido». GZH. 5 de março de 2022. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  3. a b Aita, Carmen; Axt, Gunter (orgs.) (1999). Oswaldo Aranha: discursos (1916-1931). Col: Perfis parlamentares gaúchos. Porto Alegre: Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul 
  4. Aragão, Isabel Lopez (2021). Identidade militar-revoltosa e exílio: perseguição, articulação e resistência (1922-1930) (PDF) (Doutorado em História Social). Universidade do Estado do Rio de Janeiro . p. 130-131.
  5. Forno, Rodrigo dal (2017). «A revolta tenentista de 1924 e a participação da Aliança Libertadora no Rio Grande do Sul». Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (153) 
  6. Cabeda, Coralio Bragança Pardo (2008). «Levantes tenentistas (1924-1926): uma abordagem». In: Axt, Gunter (org.). As guerras dos gaúchos: história dos conflitos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Nova Prova 
  7. Adam, Paulo Rogério Friedrichs (2021). «Leonel Rocha e os conflitos agrários no contexto da Revolução de 1923 e da Coluna Prestes no Rio Grande do Sul». História dos movimentos sociais de luta pela terra no sul do Brasil (1940-1980). Passo Fundo: Acervus . p. 40-41.
  8. Cachapuz, Paulo Brandi (2015). «VARGAS, Getúlio» (PDF). In: CPDOC FGV. Dicionário da Elite Política Republicana (1889-1930). Rio de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil . p. 11-13.
  9. Teixeira, Paulo César (23 de janeiro de 2023). «Revolução de 1923: a última guerra civil que separou os gaúchos». GZH. Consultado em 14 de novembro de 2023 

Bibliografia

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  • MAGNOLI Demetrio, Giovana Oliveira, Ricardo Menegotto. Cenário Gaúcho: Representações Históricas e Geográficas. Editora Moderna. SP. 2001. Pag.28