Pardela-de-óculos
Procellaria conspicillata, comummente conhecida como pardela-de-óculos[3][4], é uma ave procelariforme que se reproduz apenas na Ilha Inacessível, no arquipélago de Tristão da Cunha.[5] Era classificada como criticamente em perigo pela IUCN, mas em 2018 teve seu status atualizado para vulnerável.[6]
Pardela-de-óculos | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
Vulnerável (IUCN 3.1) | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Procellaria conspicillata (Gould, 1844)[1] | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||
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Taxonomia
editarA espécie integra o gênero Procellaria, e por sua vez é membro da família Procellariidae e da ordem Procellariiformes.[7] Como membro dos Procellariiformes, compartilha certas características de identificação. Primeiro, possui passagens nasais que se ligam ao bico superior, chamadas naricórnios.[8][9]
Em 2004, a BirdLife International separou a pardela-de-óculos do pardelão-de-queixo-branco, que havia sido considerado coespecífico ou mesmo uma morfologia de cor.[10]
Descrição
editarÉ uma ave de grande porte, com aproximadamente 55 cm (22 in) de comprimento.[11] Pesa entre 1,01-1,3 kg.[5] Possui faixas brancas ao redor dos olhos e o bico é amarelo. Seu período de vida médio é de 26,4 anos.[11]
Etimologia
editarQuanto ao nome científico desta espécie:
- O nome genérico, Procellaria[12], provém do latim científico, e resulta da derivação do étimo latino clássico prŏcella[13], que significa «tempestade» ou «tumulto», por associação desta espécie aos climas tempestuosos.
- O epíteto específico, conspicillata, também provém do latim clássico, tratando-se mais concretamente de uma declinação do étimo latino conspicillatus, adjectivo que significa «vigia» ou «observador».[14] Quanto ao nome comum, «pardela-de-óculos», o substantivo «pardela»[15] constitui uma alusão à coloração pardacenta característica do grupo de aves em que se insere esta espécie.
Comportamento
editarA ave se alimenta de cefalópodes, peixes e crustáceos.[11]
A espécie procria anualmente.[11] Os avos são colocados em túneis cavados, que servem como ninho. Tais túneis são construídos em solos encharcados ao longo de drenagens e riachos.[5]
Alcance e habitat
editarÉ pelágico e, durante a época de não reprodução, a maior parte da espécie é encontrada na costa sul do Brasil. Também varia de leste a oeste da costa sul da África, e acredita-se que tenha sido encontrada em todo o sul do Oceano Índico no século XIX.[11]
A espécie tem uma faixa de ocorrência de 9 670 000 km2 (3 700 000 sq mi) e uma população estimada entre 31.000 e 45 000.[11]
Durante a época de reprodução, habita a Ilha Inacessível, do grupo Tristão da Cunha. No passado, provavelmente também se reproduzia na Ilha de Amsterdã.[11]
Conservação
editarEm 2000, a União Internacional para a Conservação da Natureza a considerou uma "espécie em perigo crítico".[6] Um estudo subsequente deu esperança cautelosa de uma recuperação contínua da população, superando seu ponto mais baixo de apenas algumas dezenas de pares na década de 1930.[16] Na verdade, parece que os números das espécies foram subestimados mais recentemente, já que um censo preciso é difícil diante do terreno acidentado de sua ilha natal. Consequentemente, o status de conservação desta espécie foi rebaixado para "vulnerável" na Lista Vermelha da IUCN de 2007.[11] A avaliação de 2009 manteve seu status de vulnerável.[11]
É ameaçado pela pesca com palangre, que mata centenas de pássaros todos os anos à medida que se enredam nas linhas de pesca e se afogam. Outras ameaças vêm de porcos selvagens, do rato-preto e de outras espécies de ratos.[11]
Referências
- ↑ «Procellaria conspicillata». Táxeus. 2021. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ «Procellaria conspicillata Gould, 1844». Integrated Taxonomy Information System. 2021. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ Paixão, Paulo (2021). Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo (PDF). Bruxelas, Bélgica: A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 145. 334 páginas. ISBN 978-989-33-2134-8. ISSN 1830-7809
- ↑ Infopédia. «pardela-de-óculos | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». www.infopedia.pt. Consultado em 18 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c Bugoni, Leandro; Neves, Tatiana; Rossi-Wongtschowski, Carmen Lúcia (2006). «Aves oceânicas e suas interações com a pesca na Região Sudeste-Sul do Brasil» (PDF). Marinha do Brasil. ISBN 85-98729-18-3. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ a b «Procellaria conspicillata». BirdLife International. 2021. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ «Spectacled Petrel: Procellaria conspicillata». Agreement on the Conservation of Albatrosses and Petrels. 2021. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ Double, M. C. (2003)
- ↑ Ehrlich, Paul R. (1988)
- ↑ Brooke, M. (2004)
- ↑ a b c d e f g h i j BirdLife International (2009)
- ↑ «Procellaria». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2024
- ↑ Olivetti, Olivetti Media Communication-Enrico. «prŏcella | ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». online-latin-dictionary.com (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2024
- ↑ «conspicillatus». WordSense Dictionary (em inglês). Consultado em 22 de outubro de 2024
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 22 de outubro de 2024
- ↑ Ryan et al. (2006)
Bibliografia
editar- BirdLife International (2009). «Spectacled Petrel - BirdLife Species Factsheet». Data Zone. Consultado em 17 de julho de 2009
- Brooke, M. (2004). «Procellariidae». Albatrosses And Petrels Across The World. Oxford, UK: Oxford University Press. ISBN 0-19-850125-0
- Double, M. C. (2003). «Procellariiformes (Tubenosed Seabirds)». In: Hutchins, Michael; Jackson, Jerome A.; Bock, Walter J.; Olendorf, Donna. Grzimek's Animal Life Encyclopedia. 8 Birds I Tinamous and Ratites to Hoatzins. Joseph E. Trumpey, Chief Scientific Illustrator 2nd ed. Farmington Hills, MI: Gale Group. pp. 107–111. ISBN 0-7876-5784-0
- Ehrlich, Paul R.; Dobkin, David, S.; Wheye, Darryl (1988). The Birders Handbook First ed. New York, NY: Simon & Schuster. pp. 29–31. ISBN 0-671-65989-8
- Gotch, A. F. (1995) [1979]. «Albatrosses, Fulmars, Shearwaters, and Petrels». Latin Names Explained A Guide to the Scientific Classifications of Reptiles, Birds & Mammals. New York, NY: Facts on File. p. 192. ISBN 0-8160-3377-3
- Ryan, Peter G.; Dorse, Clifford; Hilton, Geoff M. (2006). «The conservation status of the spectacled petrel Procellaria conspicillata». Biological Conservation. 131 (4): 575–583. doi:10.1016/J.biocon.2006.03.004
- BirdLife International (2005). Procellaria conspicillata (em inglês). IUCN 2006. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2006. Página visitada em 16 de Outubro.