Perrébia (em grego antigo: Περραιβία, ῄ) é o nome antigo[1][2] de uma região do centro da Grécia. Os perrébios foram um antigo povo grego[3] que viveu no norte da Tessália.[4] A Perrébia era limitada ao norte pelo reino da Macedônia e ao sudeste e sudoeste com as tétrades (distritos)  tessálios de Histiaótis e Pelasgiótis.

Atual cidade de Elassona, Grécia, na região da antiga Perrébia.

Segundo as fontes antigas, seus habitantes, que viviam perto do Monte Olimpo e do vale de Tempe, se apoderaram de Histiaótis[5]. O rio Titarésio, um afluente do Peneu, banhava seu território[6]. Segundo Estrabão, eles mantiveram constantes lutas com os mitológicos lápitas, a quem conseguiram expulsar da Perrébia para as montanhas de Atamânia e Pindo[7].

Eles participaram da Guerra de Tróia liderados por Guneu (líder dos enianos e perrébios nesta guerra)[8] e também lutaram na Batalha das Termópilas. Sua capital era Falanna, e sua cidade mais importante, ou pólis, era Oloóson, hoje Elassona.

Os perrébios são descritos como uma etnia por Heródoto.[9] Segundo Tucídides, estariam sob controle dos tessálios, pelo menos a partir do século V a.C.[10] Uma passagem de Aristóteles faz alusão a uma antiga guerra entre perrébios e tessálios, que terminou com a submissão dos perrébios pela força das armas[11]. No entanto, os perrébios não foram absorvidos pelos tessálios, porque pertenciam à Anfictiônia de Delfos e porque Heródoto os menciona separados dos tessálios entre os povos que eram favoráveis aos persas.[12].

Filipe II da Macedônia libertou os perrébios da Tessália e submeteu-os ao controle macedônio, sob o qual permaneceram até a conquista romana em 196 a.C. Em uma inscrição de 338-337 a.C., menciona-se que eles se juntaram à Liga de Corinto como uma entidade separada[13].

As cidades perrébias rendiam culto conjuntamente a Apolo em Oloóson[14].

Referências

  1. Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, IV , 78.
  2. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, XV, 57.
  3. Hornblower, S.; Spawforth, A. (eds.) The Oxford Classical Dictionary, 2003, p. 1142. ISBN 0-19-860641-9
  4. Peck, Harry T. Harpers Dictionary of Classical Antiquities (1898)
  5. Estrabão, Geografia, IX , 5, 17.
  6. Estrabão , Geografia, IX , 5, 20.
  7. Estrabão , Geografia, IX , 5, 22.
  8. Homero, Ilíada, II, 748.
  9. "Juntemos ainda a esse número as tropas levantadas na Europa, das quais não posso falar senão por conjectura. Os gregos da Trácia e das ilhas vizinhas forneceram cento e vinte navios, com um total de vinte e quatro mil homens. Quanto às tropas de terra fornecidas pelos Trácios, Peônios, Eordos, Botieus, Calcídios, Brígios, Piérios, Macedônios, Perrebos, Enianos, Dólopes, Magnésios, Aqueus e todos os povos que habitam o litoral da Trácia, montavam elas, ao que penso, a trezentos mil homens. A essas devemos acrescentar as tropas asiáticas, perfazendo um total de dois milhões seiscentos e quarenta e um mil seiscentos e dez homens." Heródoto, Histórias, VII, 185, 2.
  10. "De fato, ele completou a jornada até Fársalos no mesmo dia em que partiu de Melíteia, e acampou às margens do rio Apídanos; de lá prosseguiu para Fácion e dali para Perrébia. Naquele ponto sua escolta tessália partiu de volta e os perrébios, que são súditos dos tessálios, levaram Brasidas até Díon, nos domínios de Perdicas, uma povoação macedônia no sopé do monte Olimpos diante da Tessália." Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, IV , 78, 6.
  11. "Também na Tessália os primeiros levantes de escravos ocorreram porque os tessálios ainda estavam em guerra contra seus vizinhos - os aqueus, os perrébios e os magnésios." Aristóteles, Política, 1269b.
  12. " Os povos que se lhe haviam submetido, enviando-lhe terra e água, eram os Tessálios, os Dólopes, os Enianos, os Perrebos, os Lócrios, os Magnetas, os Mélios, os Aqueus da Fitiótida, os Tebanos e o resto dos Beócios, exceto os Téspios e os Plateus. Os Gregos que haviam movido guerra aos bárbaros ligaram-se entre si por um juramento concebido nestes termos: “Aqueles, entre os Gregos, que se entregarem aos Persas sem serem a isso forçados pela necessidade, pagarão ao deus de Delfos, depois de normalizada a situação, a décima parte de seus bens”. Heródoto, Histórias, VII, 132, 1.
  13. Inscriptiones Graecae, II2 236b.11
  14. Epigraphicum Graecum Supplementum 29 , 546

Bibliografia

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  • Graninger, Denver. Cult and koinon in Hellenistic Thessaly. Leiden: E. J. Brill, 2011.
  • Buckler, John. Philip II and the sacred war. Leiden: E. J. Brill, 1989.
  • Errington, Robert Malcolm. A History of Macedonia. Berkeley and Los Angeles: University of California Press, 1990.

Ligações externas

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