Perreyiinae
Perreyiinae é uma das linhagens de vespas-serras mais conhecidas no Brasil, sendo uma subfamília dentro de Pergidae da ordem de insetos Hymenoptera, dentro do grupo de vespas informalmente agrupado em "Symphyta"[1].
As vespas adultas são relativamente robustas, e habitam áreas florestadas contendo exemplares ou talhões de Eucalyptus; suas larvas alimentam-se normalmente de diversas espécies de Eucalyptus, geralmente sobre a parte externa das folhas, apesar de que existem espécies que preferem alimentar-se dos botões, e algumas são minadoras das folhas (isto é, alimentam-se internamente).
Biologia Geral
editarUma característica marcante das larvas de alguns grupos de espécies, motivo pelo qual são bem conhecidas, é o hábito de agruparem-se sobre o solo, alimentando-se no último ínstar larval de folhas caídas e em decomposição[2]. Estas massas de larvas locomovem-se de forma concertada, adquirindo a aparência de uma grande lesma escura, o que é compreendido como uma estratégia de assustar e evitar seus predadores naturais. No Brasil, estas massas de larvas levam o nome de mata-porcos, por serem ocasionalmente ingeridas por estes animais ou mesmo pelo gado, causando envenenamento que pode ser fatal. Por exemplo, na espécie de mata-porcos Perreyia flavipes Konow, 1899, as massas de larvas são avistadas como um tipo lesma escura sobre o chão, que pode fingir-se de morta quando importunada (uma forma orquestrada de comportamento de tanatose). Pouco sabe-se da biologia das vespas adultas, por serem muito arredias e viverem apenas poucos dias. Os casos são mais frequentemente observados entre Maio e Agosto, período que coincide com a maior atividade destas espécies de vespas, geralmente nos horários de maior umidade do solo como de manhã ou ao final da tarde.
O envenenamento ocasionado pelas larvas "mata-porcos" deriva de uma toxina que estas produzem pelas suas glândulas cutâneas, Os animais intoxicados apresentam fraqueza, prostração, movimentos constantes laterais da cabeça e orelhas, tremores musculares espontâneos, episódios de hiperexcitabilidade e agressividade, hipersensibilidade sensorial, podendo morrer em poucos dias desde o início dos sintomas. Os animais que sobrevivem ao envenenamento podem apresentar aspecto pálido e fotofobia. Casos de intoxicação de animais de abate pelas larvas mata-porcos são recorrentes em diferentes partes do mundo, como na Dinamarca (com ovelhas), na Austrália (com bovinos e suínos), no Brasil e no Uruguai. Por vezes, os danos causados por estas larvas são significativos ao ponto de justificar a supressão de eucaliptos da zona pastoril e arredores.
O principal componente tóxico parece ser um heptapeptídeo denominado de pergidina, que apresenta um resíduo fosfoseril, e aparentando notável estabilidade contra perda de atividade por conta de sua configuração molecular e caráter lipofílico.
Diversidade
editarAtualmente, são reconhecidos cerca de 16 gêneros de Perreyiinae abrangendo mais de 90 espécies descritas.
Referência
editar- ↑ BLANK, STEPHAN M.; TAEGER, ANDREAS; LISTON, ANDREW D.; SMITH, DAVID R.; RASNITSYN, ALEXANDR P.; SHINOHARA, AKIHIKO; HEIDEMAA, MIKK; VIITASAARI, MATTI (8 de outubro de 2009). «Studies toward a World Catalog of Symphyta (Hymenoptera)». Zootaxa (1). ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.2254.1.1. Consultado em 6 de fevereiro de 2025
- ↑ Boevé, Jean-Luc; Domínguez, Diego F.; Smith, David R. (25 de junho de 2018). «Sawflies from northern Ecuador and a checklist for the country (Hymenoptera: Argidae, Orussidae, Pergidae, Tenthredinidae, Xiphydriidae)». Journal of Hymenoptera Research: 1–24. ISSN 1314-2607. doi:10.3897/jhr.64.24408. Consultado em 6 de fevereiro de 2025