Josué Pinharanda Gomes

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Josué Pinharanda Gomes (Quadrazais, Riba-Côa, 16 de Julho de 1939Loures, 27 de Julho de 2019[1]), historiador e filósofo, foi um dos mais ilustres pensadores e investigadores da Cultura Portuguesa Contemporânea.[2]

Josué Pinharanda Gomes
Nascimento 16 de julho de 1939
Sabugal
Morte 27 de julho de 2019
Loures
Cidadania Portugal
Alma mater

Fez parte do «Movimento da Cultura Portuguesa» que ficou mais conhecido pelo nome do seu órgão, a revista 57 (1957-1962), sendo, por isso, mais comum a designação de «Grupo ou Movimento de 57».[3]

Biografia

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Filho dum seu homónimo Jesué Pinharanda Gomes e Luísa Rodrigues Bicheira,[4] viveu a infância em Quadrazais, passou a adolescência na cidade da Guarda, frequentando inicialmente a Escola do Gaiato e mais tarde o Colégio de São José.[5]

Sentiu a vocação de escritor desde muito cedo, por forte influência de Nuno de Montemor.[5]

No Liceu Francês, em Lisboa, frequenta cursos de latim e de grego, e passa a escrever prefácios e posfácios a par de traduções de Aristóteles, Descartes, Heidegger, José de Maistre, Platão, Porfírio e Tomás Morus.[5]

Organiza edições, reedições e antologias de autores votados ao esquecimento, colabora em obras colectivas e tem participado em centenas de congressos e colóquios dedicados a temas religiosos e filosóficos.

Era membro da Academia Luso-Brasileira de Letras, Academia Luso-Brasileira de Filosofia, do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira (sócio-fundador), da Sociedade de Língua Portuguesa, da Academia Internacional da Cultura Portuguesa, da Academia Portuguesa de História, e sócio fundador do Instituto de Filosofia e Estudos Interdisciplinares da Universidade do Rio de Janeiro e do Instituto D. João de Castro.[6]

Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade da Beira Interior, na Covilhã.[1]

Obteve igualmente, por parte da Câmara de Loures, a Medalha Municipal de Mérito Cultural.[6]

Faz parte da Comissão de História da Causa da Canonização do Beato Nuno de Santa Maria mais conhecido por Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável. Passava, ultimamente, muito do seu tempo na Biblioteca Nacional, numa incansável leitura de pesquisa de documentos canónicos desde o tempo de D. Duarte I de Portugal. O objectivo foi pedir a canonização do Beato através dos documentos por si compilados no livro «A espiritualidade de Nuno de Santa Maria».[5]

Residia desde 1971 em Santo António dos Cavaleiros.[6]

Em 2022, a Biblioteca Nacional de Portugal, da qual Pinharanda Gomes foi assíduo frequentador, dedica-lhe uma mostra celebrativa, intitulada «Pinharanda Gomes: historiador do pensamento português», comissariada por Miguel Real, Renato Epifânio e Fabrizio Boscaglia.[7]

Autor de valiosos trabalhos sobre Filosofia, Teologia, Pensamento Português, Etnografia, Filosofia Hebraico-Portuguesa e História.

A obra historiográfica de Pinharanda Gomes caracteriza-se pela seriedade intelectual, pelo rigor hermenêutico, pela lúcida compreensão reflexiva de obras, autores e correntes, pela clareza expositiva e qualidade literária, que fazem dela um marco essencial nos estudos contemporâneos da nossa história filosófica.[1]

  • Raul Leal: iniciação no seu conhecimento. (1962).
  • Nuno Montemor, testemunhos dos seus Contemporâneos (1964).
  • Francisco Costa: poesia, verdade e vida. (1964).
  • O cancioneiro de Quadrazais. (1964).
  • Exercício da Morte (1964).
  • Peregrinação do Absoluto (1965).
  • Filologia e filosofia: Domingos Tarrozo, teórico da língua portuguesa. (1965).
  • Filologia e Filosofia (1966).
  • Filologia e filosofia: temas de filologia e filosofia portuguesas (1966).
  • Introdução à História da Filosofia Portuguesa (1967).
  • Da Quaresma à festa das flores em Quadrazais. (1967).
  • Práticas de Etnografia (1968).
  • Pensamento Português. 7 vols. (1969-1993).
  • Dicionário de Escritores do Distrito da Guarda (1969).
  • Subsídios para a Bibliografia do Distrito da Guarda (1970).
  • Liberdade de pensamento e autonomia de Portugal: a controvérsia da filosofia portuguesa. (1971).
  • O discurso de Fedro n’«O Banquete» de Platão. (1972).
  • O pensamento filosófico de Silvestre de Morais, (1869-1936), (1972).
  • Pensamento e movimento: (prolegómenos a uma ascese filosófica) (1974).
  • Teodiceia portuguesa contemporânea: estudo e antologia. (1974).
  • Cunha Seixas (1975)
  • Gnose e liberdade: notas à obra do Visconde de Figaniére. Novelista luso-brasileiro, erudito, filósofo e personalista. (1976).
  • Memória de Riba Côa e de Beira Serra I, II e III (1977, 1978, 1979).
  • Pensamento português: vol. 4. ( 1979).
  • O Carmo em Loures: Camarate: Frielas: Santo António dos Cavaleiros. (1979).
  • Piedade eclesial, piedade popular. (1980).
  • História da Diocese da Guarda. (1981).
  • História da filosofia portuguesa. 2 vols. (1981).
  • Jacques Maritain e o pensamento político português. (1982).
  • A tensão positivismo – tomismo em Alfredo Pimenta. (1982).
  • O povo e a religião no Termo de Loures. (1982).
  • Memórias de Riba Coa e da Beira Serra: a imprensa da Guarda (subsídios). (1983).
  • Memória Histórica do convento de Nossa Senhora da Esperança de Belmonte. (1983).
  • Caminhos portugueses de Teresa de Ávila. (1983).
  • A tradução portuguesa do “Curso de Filosofia” do Cardeal Mercier : (Viseu, 1904). (1983).
  • Os congressos católicos em Portugal: subsídios para a história da cultura católica portuguesa contemporânea, 1870-1980. (1984).
  • Bernardino de Santa Rosa, a Física Simbólica e a “Renascença Portuguesa”. (1984).
  • João Lourenço Insuelas (1884-1950): patrologista bracarense. (1984).
  • O arcebispo de Évora Dom Teotónio de Bragança: escritos pastorais. (1984).
  • A renascença portuguesa: Teixeira Rêgo. (1984).
  • Camões segundo Leonardo Coimbra. (1984).
  • A teologia de Leonardo Coimbra. (1985).
  • João de Santo Tomás na filosofia do séc. XVII. (1985).
  • Formas de pensamento filosófico em Portugal (1850-1950). (1986).
  • D. Manuel de Albuquerque, presbítero egitaniense, Dom Prior de Guimarães e doutrinador do renascimento católico. (1986).
  • Dicionário de Filosofia Portuguesa. (1987).
  • Joaquim Alves Mateus: orador político e sagrado. (1987).
  • Política e acção social cristãs em Portugal (1830-1980).
  • A vida de Manuel Mendes da Conceição Santos na Guarda. (1905-1916). (1987).
  • A Guarda Ilustrada, Breve Panorama dos Escritores do Distrito da Guarda. (1988).
  • O servo de Jesus Alberto Diniz da Fonseca (1884-1962), (1988).
  • Hipólito Raposo: seminarista na Guarda (1902-1904). (1988).
  • Teses antropológicas e estéticas de Flávio Gonçalves (1929-1987). (1989).
  • O Gallaz do Carmelo: heroísmo e santidade. (1989).
  • Os Tojais e a Casa do Gaiato: monografia histórica. (1990).
  • A grande refrega sobre o patriotismo de D. Frei Bartolomeu dos Mártires. (1990).
  • As duas cidades. (1990).
  • Leonardo Coimbra na Póvoa de Varzim (1912-1914). Elementos de biografia e de cronologia. (1990).
  • A recepção de encíclica Rerum Novarum em Portugal. 1891-1900. (1991).
  • História da filosofia portuguesa: a filosofia arábico-portuguesa. (1991).
  • Francisco Costa, um escritor integral. (1992).
  • Entre filosofia e teologia. (1992).
  • Dom Manuel Martins Manso. Bispo do Funchal e da Guarda. (1996).
  • D. Manuel Mendes da Conceição Santos: Vice-Reitor do Seminário da Guarda (1905-1916) e Bispo de Portalegre (1916-1920), (1996).
  • Caminhos portugueses de Santa Teresinha do Menino Jesus. (1997).
  • Confrarias, Misericórdias, Ordens Terceiras, Obras Pias e outras associações de fiéis em Portugal nos séculos XIX e XX. Bibliografia institucional e contributo. (1997).
  • S. Teresinha do Menino Jesus na devoção portuguesa. (1998).
  • A casa do Gaiato de Lisboa e o Palácio dos Arcebispos em Santo Antão do Tojal. (1998).
  • Associações de fiéis em Portugal nos séculos XVIII-XX. Contributo de bibliografia institucional. (1998).
  • Padre José Geraldes Freire: em louvor de nossa Senhora. (1998).
  • Santo Frei Pedro da Guarda. (1999).
  • A cidade nova. Reflexões sobre religião e sociedade. (1999).
  • A regra primitiva dos cavaleiros templários. (1999).
  • Imagens do Carmelo Lusitano. Estudos sobre história e espiritualidade Carmelitas. (2000).
  • Aspectos da filosofia católica em Portugal na segunda metade do século XX. (2000).
  • Os últimos dias de franciscanos e clarissas na Guarda. (2000).
  • As “confissões” de Santo Agostinho em português. (2000).
  • Laudes no 4º centenário da morte de D. Fr. Amador Arrais, O. Carm ou Fr. Amador do Carmo. (2000).
  • O pensamento filosófico católico em Portugal na 2.ª metade do século XX. (2000).
  • A Educação Feminina na Guarda. Os dois Colégios de Nossa Senhora de Lurdes. (2001).
  • Meditações lusíadas. (2001).
  • Memórias da Guarda. (2001).
  • Livros didácticos portugueses de grego : (sécs. XVIII-XX). (2001).
  • As “Confissões” de Santo Agostinho em português. Revisão e actualização. (2001).
  • Cultos portugueses do divino Espírito Santo. Contributo bibliográfico. (2001).
  • Alfredo Pimenta director do “Districto da Guarda” (1913-1915). ( 2001).
  • A Guarda culta: imagens de literatura, música, poesia e religião. (2002).
  • Criptónimos e pseudónimos de escritores. Contributo. (2002).
  • Caminhos de Lourdes: seguidos de Lourdes em Portugal. (2002).
  • Génese e percurso da Cartuxa de Évora. (2002).
  • A Livraria da Cartuxa de Laveiras (Oeiras). (2002).
  • O episcopado portuense (1536-1550) de D. Fr. Baltasar Limpo. (2002).
  • O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo: breve iniciação histórico-teológica. (2002).
  • Guarda culta. (2003).
  • Teses de educação e ensino de Guilherme Braga da Cruz. (2003).
  • Amador Arraiz: mestre do espírito. (2004).
  • Eva e Ave, ou lembrança da Imaculada Conceição. (2004).[1]
  • A Ordem da Cartuxa em Portugal. (2004).[8]
  • Os Conimbricenses. (2005)
  • uma leitura das profecias atribuídas a São Malaquias. (2005).
  • Imagens de literatura e de filosofia. (2006).
  • Agostinho da Silva: história e profecia. (2009).
  • História da filosofia portuguesa. (2009).
  • A filosofia hebraico-portuguesa. (2009).[9]

Referências

Ligações externas

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