Planejamento em seção

Planejamento em Seção é uma forma de desenvolver o projeto de arquitetura, baseado em um estudo da vista em seção do projeto, e não apenas da planta. O nome tem a origem em uma articulo publicado pelo arquiteto de origem canadense Wells Coates, que publicou um artigo em agosto de 1937 na revista Architectural Review, sob o título "Planning in Section"[1].

A técnica se utiliza principalmente dentro do projeto habitacional[2]. Derivado desta forma projetual, existem hoje diversos modelos, alguns com patente registrada, os quais tem recebido diversos nomes como duplex[3], semi-duplex, sistema 3-2[4], skip-stop, scissors, multi-andares em helicoide[5], entre outros[6]. Um dos edifícios mais conhecidos é a Unité d'Habitation de Marseille (Marselha, 1945-52), de Le Corbusier, mas anteriormente existiam já importantes estudos dirigidos pelo grupo de arquitetos do Construtivismo Soviético, sendo o edificio construído mais conhecido o da Narkomfin (Moscou, 1929), coordenado por Moiséi Ginzburg, tendo desenvolvido previamente um complexo estudo sobre eficiência e superfícies[7]. Oscar Niemeyer realizou uma proposta dentro do ambicioso projeto do Conjunto JK (Belo Horizonte 1952-84), introduzindo o modelo do semi-duplex[8]. Mario Pani, apos varias experiencias com a técnica, como o Conjunto Urbano Presidente Miguel Alemán (Cidade de México, 1949), desenvolveu um complexo exemplar de apartamentos na Av. Reforma (Cidade do México, 1956).

A técnica tem recebido outros nomes como "sectional design"[9], porém atualmente em inglês é conhecido também sob o nome alternate floor. Após da década de 1960, a técnica foi colocada em prática em conjuntos habitacionais de grande escala, alguns destes famosos, como o Conjunto Urbano Nonoalco Tlatelolco (Cidade do México) com 80.000 habitantes ou complexo Le Mirail (Toulouse), projetado inicialmente para 100.000.

Os Smithsons utilizaram a técnica, inserindo conceitos de caráter antropológicos e sociológicos, reconhecendo os corredores gerados com esta técnica como lugares de encontro social, aos quais chamavam de "ruas no ceu"[1]. O conhecido Conjunto Robin Hood Gardens (Londres, 1972) utilizava um sistema de organização em vertical de tres andares e um corredor, onde, segundo os autores do projeto, seria promovida uma vida entre vizinhos, sendo que concentrava múltiplas entradas sobre um mesmo corredor.

Referências

  1. Hafiz Elgohary, Farouk (1966). BEGINNING OF THE MODERN MOVEMENT IN ENGLAND. London: University of London Thesis for Ph.D in Architecture. p. 229 
  2. Fernández, Alejandro Pérez-Duarte (1 de janeiro de 2012). «O 'planejamento em seção' nos modelos habitacionais coletivos do Movimento Moderno: um caso na Cidade do México». Risco: Revista de Pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (Online). 0 (15): 38–50. ISSN 1984-4506. doi:10.11606/issn.1984-4506.v0i15p38-50 
  3. Sacks, Charles H. (1944). «Patente Duplex invertido». Registro patentes dos EUA. Consultado em 20 de maio de 2018 
  4. Mark., Swenarton,; Dirk., Van den Heuvel, (2014). Architecture and the Welfare State. Hoboken: Taylor and Francis. ISBN 9781317661900. OCLC 890981703 
  5. Multistory building structure, 22 de dezembro de 1949, consultado em 21 de maio de 2018 
  6. Pérez-Duarte, Fernández Alejandro (16 de dezembro de 2012). «Privacidad vs eficiencia. El desdoblamiento de la superficie interior en los edificios de habitación colectiva en el Movimiento Moderno». ARQUISUR (em espanhol). 1 (2): 20–35. ISSN 2250-4206 
  7. Vega, Daniel Movilla; Alonso, Carmen Espegel (18 de novembro de 2013). «HACIA LA NUEVA SOCIEDAD COMUNISTA: LA CASA DE TRANSICIÓN DEL NARKOMFIN, EPÍLOGO DE UNA INVESTIGACIÓN / Towards the new communist society: the transition House of Narkomfin, a research epilogue». Proyecto, Progreso, Arquitectura (em espanhol). 0 (9): 26–49. ISSN 2173-1616. doi:10.12795/ppa.2013.i9.02 
  8. Perez Duarte, Alejandro F. (Setembro 2016). «Niemeyer e o modelo do semi-duplex». Arquitextos. Consultado em 20 de maio de 2018 
  9. Glendinning M., and Muthesius, S., Miles Glendinning and e Stefan Muthesius (1994). Tower Block: Modern Housing in England, Scotland, Wales and Northern Ireland.,. New Haven/London: Yale University Press. p. 92