Plano Agricultura de Baixo Carbono
O Plano Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC), ou, conforme seu nome técnico completo, Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, foi uma política pública brasileira vigente para o período de 2010 e 2020, que tinha por objetivo ações de mitigação e adaptação climática para o setor agropecuário. Coordenado pela Casa Civil da Presidência da República, pelo Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), contava com a participação ativa e representatividade da sociedade civil. O Plano ABC foi aprovado em maio de 2011.[1]
A Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), aprovada por meio da Lei 12.187/2009, já estabelecia compromissos do Brasil com a redução da emissão de gases do efeito estufa. O Decreto 7.390/2010 regulamentou a PNMC e trouxe, em seu artigo 3º, inciso IV, a previsão de um "Plano para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura"[2]. Tal previsão legal foi concretizada com o Plano ABC.
O Plano ABC previa ações em 6 frentes, consideradas também processos tecnológicos, com metas específicas para mitigação de emissões de carbono, conforme a tabela reproduzida a seguir[1]:
Processo tecnológico | Compromisso
(aumento de área/uso) |
Potencial de Mitigação
(milhões Mg CO2 eq) |
---|---|---|
Recuperação de Pastagens Degradadas | 15,0 milhões ha | 83 a 104 |
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta | 4,0 milhões ha | 18 a 22 |
Sistema Plantio Direto | 8,0 milhões ha | 16 a 20 |
Fixação Biológica de Nitrogênio | 5,5 milhões ha | 10 |
Florestas Plantadas | 3,0 milhões ha | - |
Tratamento de Dejetos Animais | 4,4 milhões m3 | 6,9 |
Total | 133,9 a 162,9 |
As estimativas de redução das emissões de GEE para cada processo levam em consideração o histórico de emissões de cada atividade, e por isso são indicados maiores potenciais de mitigação na recuperação de pastagens degradadas e integração lavoura-floresta-pecuária.[3]
Foram estabelecidos ainda sete programas:
- Recuperação de Pastagens Degradadas;
- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs);
- Sistema Plantio Direto (SPD);
- Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN);
- Florestas Plantadas;
- Tratamento de Dejetos Animais;
- Adaptação às Mudanças Climáticas.
Para cada programa foram previstas ações, financiamentos, capacitações e pesquisas. Havia uma linha de crédito específica para o programa, aprovada através da Resolução 3.896/2010 do Banco Central do Brasil.[4] Entre os anos-safra de 2010-2011 e 2018-2019, o programa disponibilizou um total de R$ 27,67 bilhões na linha de crédito que objetivava financiar a agricultura de baixo carbono.
Em avaliação realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o programa ABC mostrou-se pouco eficaz para o recuperação de paisagens degradadas, e com recursos concentrados em algumas regiões e atividades agropecuárias específicas (particularmente soja, milho e pecuária bovina). Também foi identificado que não houve capacitação técnica dos produtores.[5]
O Plano ABC foi sucedido pelo Plano ABC+, que deve vigorar para o período entre 2020 e 2030.
Referências
editar- ↑ a b Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2012). «Plano setorial de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas para a consolidação de uma economia de baixa emissão de carbono na agricultura» (PDF). Ministério da Agricultura. Consultado em 25 de outubro de 2024
- ↑ Brasil. «Decreto n. 7390». www.planalto.gov.br. Consultado em 25 de outubro de 2024
- ↑ Lovato, Luiz Gustavo; Schultz, Glauco; Revillion, Jean Philippe Palma (14 de agosto de 2020). «Crédito agrícola para a mitigação das mudanças climáticas: uma análise do Programa ABC». Revista em Agronegócio e Meio Ambiente (3): 897–913. ISSN 2176-9168. doi:10.17765/2176-9168.2020v13n3p897-913. Consultado em 2 de novembro de 2024
- ↑ Banco Central do Brasil (17 de agosto de 2010). «Resolução nº 3.896» (PDF). Banco Central do Brasil. Consultado em 25 de outubro de 2024
- ↑ Conceição, Júnia Cristina Péres Rodrigues da (2022). «Principais conquistas do plano ABC e desafios do plano ABC+» (PDF). Consultado em 25 de outubro de 2024