Ponte (Vila Verde)

freguesia do município de Vila Verde, Portugal

Ponte é uma freguesia portuguesa do município de Vila Verde, com 3,22 km² de área[1] e 452 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 140,4 hab./km².

Portugal Portugal Ponte 
  Freguesia  
Ponte de Rodas
Ponte de Rodas
Ponte de Rodas
Símbolos
Brasão de armas de Ponte
Brasão de armas
Localização
Ponte está localizado em: Portugal Continental
Ponte
Localização de Ponte em Portugal
Coordenadas 41° 41′ 12″ N, 8° 23′ 05″ O
Região Norte
Sub-região Cávado
Distrito Braga
Município Vila Verde
Código 031337
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 3,22 km²
População total (2021) 452 hab.
Densidade 140,4 hab./km²
Código postal 4730-400
Outras informações
Orago São Vicente
Sítio http://freguesiadeponte.blogspot.com/
Ponte

Demografia

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A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Ponte[3]
AnoPop.±%
1758 379—    
1864 505+33.2%
1878 493−2.4%
1890 469−4.9%
1900 456−2.8%
1911 495+8.6%
1920 480−3.0%
1930 569+18.5%
1940 565−0.7%
1950 734+29.9%
1960 632−13.9%
1970 556−12.0%
1981 601+8.1%
1991 558−7.2%
2001 561+0.5%
2011 483−13.9%
2021 452−6.4%
Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 92 91 264 114
2011 73 54 256 100
2021 61 48 232 111

História

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A freguesia de Ponte São Vicente tem um passado de 3000 anos difícil de resumir em poucas linhas, nasceu por volta de 900 anos A.C,[5] quando se iniciou a construção da citânia de São Julião. Essa citânia pouco depois da conquista romana foi chefiada por Malceino (cuja estátua foi encontrada por acaso, nos anos 80 do século passado, na construção dum caminho). Nessa época a parte baixa da atual freguesia começou a ser ocupada por pelo menos uma quinta (villae romana).[6]

 
Estátua de Malceino no Museu D. Diogo de Sousa, Braga

No período suevo Séc. VI, a citânia transformou-se em paroquia provavelmente com o nome de Senequino[7] com a construção duma Igreja. Em baixo, a volta da antiga quinta, outras pequenas propriedades nascem pela mão do invasor suevo, transformando-se depois em lugares de Germel e Serém.[8] Em antes de 1089 data do Censual de entre Lima e Ave (censo das paróquias da diocese de Braga, mandado ser feito por D. Pedro, primeiro bispo de Braga depois da reconquista), o lugar da Vila com as duas propriedades periféricas, transformam-se também em paroquia chamada, São Vicente das Ribas do Homem e a citânia chama-se então Santo Adriano do Monte, essa última paróquia desaparece depois no tempo de D. Sancho I[9] juntando-se a paroquia de São Vicente como, lugar de Crasto.

Depois da reconquista, um dos primeiros senhores conhecidos de São Vicente é D. Egas Gomes Pais de Penegate, terá nascido por volta de 1060, e é depois da batalha de Pedroso que ele passa a ser Tenente do que virá a ser o julgado de Bouro, ele é dono da quinta do Lameiro em S. Vicente das Ribas do Homem, quinta que ele dá a sua filha D. Froille Viegas em dote do seu casamento (de conveniência), com D. Fafe Lux de Lanhoso, alferes do Conde de Portugal, D. Henrique de Borgonha (levou em herdança também entre outras as terras de Rendufe, Bouro, Vila Verde, Loureira).[10]

Eles certamente viveram no Paço de Lanhoso (aldeia dos arredores da Povoa de Lanhoso), e foi aí que nasceu D. Egas Fafias, sendo o segundo filho da família ele herdou só a herdança da mãe e não as terras limítrofes paternais de Lanhoso, por isso depois do seu casamento com D. Urraca Mendes de Souza veio viver para a Quinta do Lameiro e tornou-se o primeiro Senhor do Lameiro (embora a família nunca se chamou Lameiro, pelo lado pejorativo da palavra, más Lanhoso, Teixeira e depois um ramo chamou-se Sequeiros).[10]

  Gonçalo Viegas, o mais novo dos filhos de Egas Fafias,[10] torne-se um homem de confiança de D. Afonso Henriques e será, em 1171 alcaide de Lisboa (comandante militar da praça de Lisboa), depois em 1173 Fronteiro (governador militar) da Estremadura[11] e mordomo da infanta D. Teresa[12] em Março de 1175. Enfim entre 1175-1176, ele é nomeado primeiro grão mestre da Ordem de São Bento de Avis,[13] inicialmente chamada milícia de Évora, com o objetivo de defender Évora dos Mouros. Ele morre em combate em 18 de Julho de 1195[14] na batalha de Alarcos (Espanha) contra esses mesmos Mouros. No entanto apesar da sua morte, a quinta do Lameiro de Egas Fafias, honrada por D. Afonso I, ficou ainda durante alguns séculos ligada intimamente a ordem de Avis, porque de pelo menos de 1187 (citada na bula papal, Quo­ties a nobis petítur, de Gregório VIII[15]) até a incorporação dos bens das ordens militares aos bens do estado, em 1834, e a extinção das respetivas comendas,[16][17] o lugar do Lameiro, será a sede da mais antiga comenda da Ordem Militar de Avis, morada dos Comendadores que geriram as terras doadas à Ordem no norte de Portugal (a norte do Douro). Embora essa comenda chamava-se Comenda de Oriz ela estava “hospedada” no Paço de Egas Fafias para depois ocupar umas construções novas anexas, hoje em ruína

Foi com ajuda dos Fafias que uma nova Igreja é construída por volta de 1150 dedicada sempre a S. Vicente, más também a Nossa Senhora da Conceição (daí essa velha ladainha "Entre São Pedro Fins e São Julião está a imagem da Nossa Sra da Conceição"), e é essa Igreja que fica com a propriedade duma parte da antiga quinta romana facto confirmado em 1220 pelas Inquirições de D. Afonso II que indiquem também que a freguesia de São Vicente de Coucieiro, faz parte do julgado de Bouro, terras dos Fafias.[18] Em 1258 nas inquirições de Afonso III a freguesia chamada só de São Vicente já faz parte do julgado de Regalados, e o Senhor de Crasto (antiga paroquia se Santo Adriano) é Pelágio Aires.[19] Foi também nessa altura que foi construída a ponte de Rodas sobre o rio Homem, facto que deve ser ligado a importância da Comenda de Avis, a única a norte do país.

 
Portal da antiga Igreja de São Vicente, no claustro da Sé de Braga

Também um pouco em antes de 1258, o bisneto de Egas Fafias, Estêvão Hermigues Teixeira, saia do lugar do Lameiro para viver numa casa comprada no lugar de Pitães, Caldelas (Amares),[20] em antes de construir um novo paço em São Vicente no lugar hoje homónimo. Este novo paço, é abandonado pouco depois, pelo seu filho mais novo, Rodrigo de Sequeiros, que herdou a quinta do Lameiro que ele rebatizou de Sequeiros, más que casou para Valença[10] (a quinta incluía parte de São Vicente, e quase toda a freguesia de Sequeiros, menos o lugar de Ramalha (ver inquirição de Sequeiros de 1258), e certamente grande parte de Oriz).

 
Inquirição de D. Dinis, da freguesia de São Vicente de Coucieiro (1288).
Também da freguesia de São Vicente de Coucieiro, no lugar que chamam Crasto, achei no rol del Rei que era todo devasso, porque era de lavradores. Eu mando que o será, e que, e entre o mordomo, pelos direitos del Rei, salvo o que for de fidalgos. Também no lugar que chamam Serem, achei que Vicente Eanes e João Durães que se defendem por cousa dum fidalgo que criaram, e achei que o criaram na casa onde mora Vicente Eanes. Porque mando, que o que morar nessa casa é que será honrado, a de João Durães será devassa.

Em 1513 é concedido por D. Manuel I um foral ao julgado de Regalados.

Pelas inquirições de 1758, sabemos que a freguesia de São Vicente de Regalados é povoada por 379 pessoas em 93 casas repartidas por 21 lugares, freguesia rural ela tem 4 azenhas e 2 lagares de tração animal.[21]

Em Abril de 1842, a freguesia de São Vicente de Regalados, passa a chamar-se São Vicente da Ponte de Caldelas.[22]

Com a reforma liberal, por volta de 1844 as terras da Igreja de São Vicente são vendidas assim como a residência do padre da freguesia que ficava no meio das terras. Uma nova residência mais simples sem anexos (palheiro, sequeira, cortes, loja...) é construída no mesmo lugar da Igreja, e o monte maninho fica na posse do município e é aforado por 600 reis por ano, aos moradores de São Vicente.[23] Nessa altura também os lugares do Assento, das Azenhas, do Cão e de Trobiscosa são extintos.

Em 1855, por decreto de 24 de outubro, é a vez do próprio concelho de Regalados de ser extinto, para formar o novo concelho de Vila Verde. Em 1889 nova mudança de nome, para ficar com o nome mais curto de São Vicente da Ponte.[22] Em 1900 é consagrada a nova Igreja de São Vicente depois da velha Igreja medieval ter ardida. Por volta de 1930 as paredes da Igreja velha são destruídas para construir o murro do cemitério.[24] Enfim depois da revolução de Abril, São Vicente da Ponte passa a ser Ponte São Vicente.

 
Igreja de São Vicente
Ponte (Vila Verde)
Mapa de Ponte São Vicente

Património

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Lugares

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  • Barrio, Bouça, Burrela, Cabo, Crasto, Fontaíscos, Fonte Goda, Fontelos, Gandra, Germel, Igreja, Lameiro, Paço, Serém, Vila de Baixo e Vila de Cima, (Assento, Azenhas, Cão e Trobiscosa foram extintos em 1844).

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  5. datação de carbono 14 feita nas escavações da Dra. Ana Bettencourt em, O povoado de São Julião ..., Universidade do Minho Braga 2000.
  6. Inventário Arqueológico do Concelho de Vila Verde p. 46.
  7. Senequino ou Senesquio consta no paroquial suévico do fim do século VI, do concilio de Lugo citada por Almeida Fernandes ver ref. seguinte ou em De Antiquitatibus Conventus Bracaraugustani de Contador de Argote 1738 p.326 que diz ser pouca distante de Braga ver Blog - http://pontesaovicente.blogspot.pt por mais detalhes.
  8. A. de Almeida Fernandes em “Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas”.
  9. Padre Avelino de Jesus da Costa em "O bispo D. Pedro e a organização da diocese de Braga, Volume 2, 1959"
  10. a b c d Nobiliário das Famílias de Portugal, Felgueiras Gayo Vol. IX Teixeiras e Sequeiros.
  11. . Miracula de S. Vicentii de Mestre Estêvão, chantre da catedral de Lisboa, Legendário alcobacense (Lisboa, B . N . , Ale. 420) publicado por Fr. António Brandão, em Monarquia Lusitana, 3.º parte, Lisboa, 1632, fls. 296-300 ou Portugaliae Monumenta Histórica, Scriptores, vol. I, fase. I, Lisboa, 1856, p p . 96-101.
  12. José Mattoso, Ricos-Homens Infanções e Cavaleiros, pp. 232-235.
  13. Miguel Gomes Martins: em, A arte da Guerra em Portugal 1245 a 1367  p.175 ou Maria Cristina Almeida e Cunha, em Estudos sobre a Ordem de Avis (Séc. XII-XV) 2009, Faculdade de Letras Porto p.40.
  14. Anais, Crónicas e Memórias Avulsas de Santa Cruz de Coimbra, Porto, Biblioteca Pública Municipal, 1968 p. 72
  15. Bula Papal de gregorio VIII de 1187, confirmada pela bula de 1201, Maio 17, Latrão – Bula Religiosam vitam, de Inocêncio III:” Specialiter autem possessiones quas habetis in Elbora, Culuchi, Benevente, Sanctaren, Ulixbona, Mafara, Alcanede, Alpedriz, Hooriz...” E pela bula de 1214, Maio 20, Roma – também de Inocêncio III, Quotiens a nobis: “Innocentius episcopus servus servorum Dei. Dilectis magistro et fratribus de Calatrava tam presentibus quam futuris secundum Ordinem Cisterciensium fratrum viventibus, in perpetuum. Quotiens a nobis petitur ............................................................ ......................................... In Portugal in civitate quae vocatur Elbore duos alcazares vetus et novum cum omni haereditate regia et hospitale quod in eadem civitate cum capella Sancti Michaelis ad suscipiendos pauperes, peregrinos, orphanos et captivos evadentes servitutem sarracenicam construxistis cum omnibus pertinentiis suis. Castellum de Culuchio cum pertinentiis suis. Domus de Sanctaren cum hereditate regia de Ortalaguna cum pertinentiis suis. Benamisi cum pertinentiis suis. Juromenia, Albofeira, Cazorobotom, Oriz cum pertinentiis suis...” PORTUGALIAE MONUMENTA MISERICORDIARUM vol. 2 do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, União das Misericórdias Portuguesas, 2003 p.28 BULARIO de la Ordem Militar de Calatrava. Reprodução fac-similada da ed. de Madrid (1761). Barcelona: [s.n.], 1981, p. 36 e p. 42.
  16. A venda dos bens nacionais(1834-43): uma primeira abordagem, em Análise Social, vol.XVI(61-62), 1980-lº-2º,p 88 de Luis Espinha da Silveira, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
  17. Diário do Governo nº64 de 16 de março de 1852
  18. Portugaliae Monumenta Historica, Inquisitiones vol. 1 fas.1e 2 1888 p. 222
  19. Portugaliae Monumenta Historica, Inquisitiones vol. 1 fas. 3 1888 p. 428.
  20. Portugaliae Monumenta Historica, Inquisitiones vol. 1 fas. 3 1888 p. 428, Caldelas
  21. Inquirição de 1758 de São Vicente de Regalados, Torre do Tombo, via internet do Abade João do Amaral e Abreu,
  22. a b Livros Paróquias de Ponte, Arquivo Distrital de Braga - Universidade do Minho
  23. Escritura de emprazamento do monte maninho, escrita entre o 19 e 26 de Dezembro de 1844 com a cópia do auto de medição do monte do 21/03/1844 e do alvará de confirmação do Governador Civil de Braga do 5/06/1844, da Junta de Freguesia, ver documeno no Blog - http://pontesaovicente.blogspot.pt .
  24. Testemunho do Sr. Manuel Soares, antigo presidente da junta de freguesia

Ligações externas

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