Ponte do Pocinho
A Ponte Rodo-Ferroviária do Pocinho, também conhecida por Ponte do Pocinho, é uma infraestrutura rodo-ferroviária da Linha do Sabor, que cruza o Rio Douro no Concelho de Vila Nova de Foz Côa, em Portugal; encontra-se encerrada ao serviço, para ambos os tipos de tráfego.
Ponte do Pocinho | |
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Arquitetura e construção | |
Mantida por | Abatida ao serviço |
Início da construção | Novembro de 1903 |
Data de abertura | 4 de Julho de 1909 |
Data de encerramento | 1 de Agosto de 1988 |
Dimensões | |
Comprimento total | 262 m |
Largura | 8 m |
Geografia | |
Via | Linha do Sabor (encerrada) Estrada Real n.º 9 (encerrada) |
Cruza | Rio Douro |
Localização | Junto à localidade do Pocinho, entre os Concelhos de Vila Nova de Foz Côa e Torre de Moncorvo, em Portugal |
Coordenadas |
Descrição
editarA ponte localiza-se junto à estação do Pocinho, no início da Linha do Sabor.
Apresenta dois tabuleiros sobrepostos: o superior tem aproximadamente 262 m de comprimento e 8 m de largura, e transportava uma via férrea em bitola métrica, enquanto que o inferior era para uso rodoviário.[1] Os tabuleiros assentam sobre sobre quatro pilares de pedra, formando três vãos de 54 m no centro e dois de 45 m na periferia.[1]
O contrato de Fevereiro de 1902 estabelecia que a ponte do Pocinho deveria ser metálica, com pilares de alvenaria, e transportar a Estrada Real 9 e o Caminho de Ferro do Pocinho a Miranda.[2] O pavimento superior deveria ter uma quota superior a cinco metros em relação ao nível dos carris na Estação do Pocinho, tendo as vias entre a ponte e a estação um raio de curva não inferior a duzentos metros.[2] O ponto mais fundo do rio teria de ficar ao nível do centro de um dos vãos, não podendo este ser superior a cinquenta metros, e o banzo superior das vigas deveria ser construído de forma a ficar com uma altura superior a dois metros sobre o nível máximo das cheias.[2]
História
editarPlaneamento, construção e inauguração
editarA construção de uma ponte neste local, com dois tabuleiros sobrepostos, foi prevista pelo Plano da Rêde Complementar ao Norte do Mondego, datado de 15 de Fevereiro de 1900; no entanto, o primeiro concurso, realizado em 30 de Julho de 1901, não teve quaisquer resultados.[3] Assim, em 5 de Dezembro de 1901, foi publicado um decreto, estabelecendo as bases para um novo concurso e respectivo caderno de encargos, que foi apresentado pelo conselho de administração da companhia dos Caminhos de Ferro do Estado no dia 27 de Dezembro, e aprovado pelo estado português em 7 de Fevereiro do ano seguinte; além da ponte em si, o concurso também abrangia a construção de uma ligação ferroviária à Estação do Pocinho, e de avenidas de acesso à Estrada Real 9.[2]
No entanto, este concurso, terminado no dia 30 de Maio, também não obteve resultados, pelo que o estado autorizou, em 1 de Dezembro, a Administração dos Caminhos de Ferro do Estado a celebrar um contrato com a Empresa Industrial Portugueza para a construção da ponte.[3] Assim, em 25 de Maio de 1903, foi apresentado por Estevão Torres, engenheiro chefe dos armazéns gerais, o projecto para a ponte, apresentando um tabuleiro superior já preparado para uma futura transformação em bitola ibérica.[1] No entanto, e apesar deste projecto ter sido aprovado pelo Conselho Superior de Obras Públicas e Minas, vários problemas no planeamento da Linha, nomeadamente na secção de via larga entre o Pocinho e Carviçais, atrasaram este processo, pelo que, em 1 de Agosto do mesmo ano, o estado voltou a intimar a operadora ferroviária para a consignação de um contrato para a construção da ponte, e determinou que as obras deviam iniciar-se imediatamente.[4] Em Setembro, o contrato já tinha sido celebrado,[5] tendo as obras de construção principiado em Novembro de 1903[6]; o estado determinou, num decreto de 11 de Novembro, que o tabuleiro superior devia ser reforçado, devido ao facto de se prever que aquele troço da Linha do Sabor seria utilizado para transportar mercadorias de pesos consideráveis, como minérios e mármores.[7]
Foi inaugurada em 4 de Julho de 1909.[6] Neste período, a ligação rodoviária que passava no tabuleiro inferior era a Estrada Real n.º 9.[1]
O troço entre o Pocinho e Carviçais da Linha do Sabor, aonde esta infra-estrutura se integrava, abriu à exploração a 17 de Setembro de 1911.[8]
Declínio e encerramento
editarA Linha do Sabor encerrou à exploração em 1 de Agosto de 1988.
Em 2009, as autarquias de Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa solicitaram ao Ministério da Cultura que esta ponte fosse classificada como património, devido à sua importância como parte da Ecopista do Sabor.[6]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (371): 196. 1 de Junho de 1903. Consultado em 12 de Agosto de 2014
- ↑ a b c d «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (341): 68, 69. 1 de Março de 1902. Consultado em 12 de Agosto de 2014
- ↑ a b VARGAS, Manuel Francisco de (16 de Março de 1903). «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (366): 5, 6. Consultado em 12 de Agosto de 2014
- ↑ VIEIRA, Conde de Paçô (16 de Agosto de 1903). «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (376): 5. Consultado em 12 de Agosto de 2014
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (378): 10. 16 de Setembro de 1903. Consultado em 12 de Agosto de 2014
- ↑ a b c PINTO, Francisco (7 de Janeiro de 2009). «Câmaras pedem classificação da ponte do Pocinho». Jornal de Notícias. Consultado em 16 de Janeiro de 2023
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (382). 16 de Novembro de 1903. p. 377. Consultado em 4 de Julho de 2012
- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1652): 528-530. 16 de Outubro de 1956. Consultado em 12 de Agosto de 2014
Ligações externas
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