Potencia Tortillera

Potencia Tortillera é um arquivo documentário digitalizado do activismo lésbico de Argentina. É um lugar site onde se sistematiza e guarda a memória do activismo lésbico e sexo-dissidente. Reúne produções gráficas e teóricas, registros de acções e encontros de activismo lésbico de Argentina desde o ano 2011.[1][2][3][4]

O arquivo surgiu como uma iniciativa para recuperar a memória do activismo lésbico, que via suas acções e pensamento invisibilizados ao interior do activismo feminista e permitir a transmissão intergeneracional de materiais e experiências entre ativistas locais.[5][6][7]

História

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O arquivo Potencia Tortillera surgiu em 2011 por iniciativa de cinco activistas lésbicas de Argentina: Valeria Flores, Canela Gavrila, Gabriela Adelstein, Fabi Tron e María Luisa Peralta. A partir do ano 2016 o arquivo adquiriu um carácter mais federal a mãos de ativistas de diferentes regiões do país: Gabi Herczeg, Cecilia Marín, Lu Almada, Ruth Isa, Claudia Contreras, Renata Figueroa e Gabriela Veleizán; quem ficaram a cargo do arquivo.[5][8][9]

O nome "Potencia Tortillera" remete a uma acção de activismo visual levada a cabo pelo grupo de lesbianas ativistas Fugitivas do deserto no marco do XXII Encontro Nacional de Mulheres em Córdoba em 2007.[8] Em 2011 decidiu-se a construção de um arquivo digital em linha como uma aposta geopolítica que contemplasse as condições de precariedade económica que atravessavam as ativistas lésbicas na época. Realizar um arquivo digital em linha é uma maneira de romper com a centralidad dos arquivos institucionais, situados em sua maioria na Cidade Autónoma de Buenos Aires, a capital do país.[8][10]

Laura Gutiérrez assinala que até o aparecimento no ano 2011 do arquivo Potência Tortillera:[6]

"As memórias lésbicas estavam borradas e em traços difusos, ou dentro e à margem de histórias acadêmicas de gênero, estudos femininos, feministas ou gays. Havia poucas histórias sobre o que deveriam ser (e ainda são) os 'marcos' da vida lésbica memória ativista".

Objectivo

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Trata-se de um arquivo coletivo e autogestivo em permanente construção, elaborado com o objectivo de reunir e completar as referências culturais, políticas e históricas do lesbianismo e seu activismo em argentina.[11] Neste sentido, os materiais compilados respondem a diferentes correntes ideológicas ao interior do activismo lésbico, bem como a acções políticas, encontros e intervenções artísticas de diferentes partes do país.[5] O arquivo procura interromper o relato hegemónico do activismo LGBT local, narrado a partir das chamadas "conquistas legislativas", e recuperar memórias orales e acções políticas e culturais dos grupos e ativistas lésbicas.[1][8][12]

O arquivo surge da preocupação ante a perda de transmissão de saberes e experiências entre gerações de ativistas lésbicas, e em pos da construção de memórias sexo-dissidentes. Trata-se de uma resposta à invisibilización sobre as acções lésbicas na história recente do activismo em Argentina e seu consequente empobrecimiento da memória coletiva.[8][6]

Referências

  1. a b Cano, Virginia (2017). «Políticas de archivo y memorias tortilleras: una lectura de los Cuadernos de Existencia Lesbiana y Potencia Tortillera». Boletín Onteaiken 
  2. flores, val (4 de fevereiro de 2008). «Potencia Tortillera: un palimpsesto de la perturbación». Lesbianas Fugitivas 
  3. flores, val (2014). «El sótano de San Telmo. Una barricada proletaria para el deseo lésbico en los 70». Madreselva Editorial: Buenos Aires. 
  4. Clarín.com (26 de setembro de 2011). «Un memorioso registro de la existencia lesbiana». www.clarin.com (em espanhol). Consultado em 7 de outubro de 2024 
  5. a b c Malnis, Cecilia Magdalena (dezembro de 2019). «Cartografía del pensamiento lesbo-feminista. La aldea como forma de acceder al mundo: desde Mendoza hacia una genealogía teórica lesbo-feminista del sur». La ventana. Revista de estudios de género (em espanhol). 6 (50): 260–281. ISSN 1405-9436. Consultado em 7 de outubro de 2024. Cópia arquivada em 30 de agosto de 2021 
  6. a b c Gutiérrez, María Laura (setembro de 2018). «Disputas de la imagen e interferencias lésbicas. De los Cuadernos de Existencia Lesbiana al Archivo Potencia Tortillera». 5to Congreso de Género y Sociedad, Universidad Nacional de Córdoba. Consultado em 7 de outubro de 2024 
  7. Jiménez, Paula (16 de setembro de 2011). «Un cuarto propio». Suplemento Soy. Página 12 
  8. a b c d e Gutiérrez, Laura (Julho de 2019). «Metodologías del desecho. Apuntes para los cruces entre feminismos y estudios visuales» (PDF). Revista Sudamérica. ISSN 2314-1174. Cópia arquivada (PDF) em 30 de agosto de 2021 
  9. Moreno, María. «Fechas marcadas». www.pagina12.com.ar. Consultado em 7 de outubro de 2024 
  10. Peralta, María Luísa (12 de novembro de 2014). «Potencia Tortillera: el deseo de memoria y la construcción permanente como resistencia al aniquilamiento político y cultural.». La Izquierda Diario 
  11. Vespucci, G. (2015). «Identificaciones sexuales politizadas y modos de vidas lésbicos: un análisis sobre cuadernos de existencia lesbiana.». Question: Revista especializada en Periodismo y Comunicación. 
  12. Da Silva Catela, L. y Talbot Wright, E. (Setembro de 2020). «Deconstruyendo el pasado. Sobre la potencia política y las memorias al margen de la comunidad LGBT en Argentina.». Caderno de Letras. Consultado em 7 de outubro de 2024 

Ligações externas

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