Pupusa
Pupusa (pronúncia em castelhano: pronúncia espanhola: [puˈpusa], derivada do original pupusawa na língua pipil) é um tradicional prato salvadorenho, que consiste numa tortilha espessa com recheio salgado, tipicamente acompanhada pelo "curtido" - uma salada de repolho apimentada. As pupusas também são populares em Honduras, especialmente nas regiões meridionais próximas à fronteira com El Salvador.
Essas tortilhas são feitas à mão com massa de milho nixtamalizada, recheada e cozida num utensílio largo e chato denominado comal. Recheios comuns incluem um ou mais tipos de queijo, torresmos, loroco e feijões.
Etimologia
editarPupusa pode ser uma adaptação de popotlax, por si só uma combinação pipil ou náuatle de popotl (que significa "estufado") e tlaxkalli, que significa tortilla. Assim como pode vir diretamente da palavra pipil, pupusawa.
História
editarAs pupusas foram criadas séculos atrás pelos tribos pipil que habitavam o território atualmente pertencente a El Salvador. Utensílios de cozinha para sua preparação foram escavados em Joya de Cerén, a "Pompeia de El Salvador", sítio de uma aldeia nativa que foi soterrada pelas cinzas de uma erupção vulcânica, e onde alimentos foram preservados na forma na qual estavam sendo cozidos por quase 2 000 anos. Os instrumentos para sua preparação também foram encontrados em outros sítios arqueológicos em El Salvador. As pupusas pré-colombianas eram vegetarianas e em formato de meia-lua, recheadas com flores e brotos, ervas, fungos e sal. Por volta de 1570 a carne foi adicionada aos recheios, como notado pelo monge franciscano Bernardino de Sahagún.[1]
Em 1 de abril de 2005, a Assembleia Legislativa de El Salvador declarou as pupusas o prato nacional e que o segundo domingo de novembro de cada ano dali em diante seria o "Dia Nacional da Pupusa".[2] Uma feira é tipicamente realizada nesse dia na capital San Salvador e em outras cidades maiores. Em 10 de novembro de 2007, durante as celebrações do Dia Nacional da Pupusa, o secretário da Cultura organizou uma feira onde se fez a maior pupusa do mundo, com 3,15 m de diâmetro com 90 kg de massa de milho, 18 kg de queijo e 18 kg de torresmo, tendo alimentado 5 000 pessoas. Cinco ans depois, o recorde foi quebrado com uma pupusa de 4,25 m de diâmetro.[1] O Guinness World Records relaciona a maior pupusa com 4,5 m de diâmetro, produzida em Olocuilta, El Salvador em 8 de novembro de 2015.[3]
Em 25 de setembro de 2011 as pupusas foram intituladas a melhor comida de rua daquele ano em Nova Iorque.[4]Tanto em El Salvador quanto no estrangeiro, as pupusas são tradicionalmente servidas com "curtido" (uma espécie de salada de repolho, análoga ao chucrute alemão e ao kimchi coreano, que vem em variedades suaves e apimentadas) e molho de tomate, tradicionalmente comidas com as mãos.
Controvérsia
editarEl Salvador e Honduras clamam ser o lugar de origem da pupusa. O arqueólogo salvadorenho Roberto Ordóñez atribui a criação da pupusa ao povo pipil em função do significado do nome ('inchado') na língua pipil e os artefatos encontrados em Joya de Cerén que mostram ingredientes e utensílios usados na fabricação de versões mais antigas de pupusas. etimologistas hondurenhos dizem que, sendo a língua pipil tão próxima da náuatle, os nahua que viviam onde hoje se situa Honduras também podem ter criado o prato.[5] A questão da origem das pupusas é relevante por os dois países disputarem os direitos exclusivos à exportação do produto. Em 2003, numa reunião após uma negociação de dois dias, a delegação hondurenha cedeu os direitos a El Salvador.[6]
Variantes e relacionados
editarUma variante da pupusa em El Salvador é a pupusa de arroz. A farinha de arroz é utilizada para fazer a massa, sendo geralmente recheada com carne de porco, queijo, feijão, abobrinha. Outra variação regional é encontrada em Alegría é a pupusa de banano, que utiliza recheio com bananas-da-terra. Pupusas feitas nos Estados Unidos usam massa de milho. Taco Cabana, uma rede de culinária Tex-Mex no Texas, criou um produto denominado "pupusa" sem relação com o prato salvadorenho.[7]
Galeria
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Pupusas revueltas recheadas com carne, feijão e queijo.
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Pupusas e molho de tomate.
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Pupusas para viagem costumam ser embaladas em plástico e depois em papel. (Aqui o papel foi desembalado para mostrar as pupusas)
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Pupusería em Olocuilta.
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Uma pupusería ao ar livre à noite
Economia
editarApesar de seu baixo valor de comercialização, as pupusas representam parte importante da economia salvadorenha. Além das pupusas inteiras, os ingredientes - individualmente considerados - também são exportados. Pupusas congeladas também são encontradas em muitos supermercados que vendem produtos importados para a atender a clientela hispânica em áreas com concentrações de salvadorenhos, tais como Washington, D.C. e Long Island, em Nova Iorque. As vendas de pupusa têm um papel relevante na economia de El Salvador. De acordo com o Ministério da Economia do país, entre os anos de 2001 e 2003, as pupuserías geraram 22 de milhões de dólares. A exportação de ingredientes como o loroco também ajudou no desenvolvimento da economia.[8] Em 2005, 300 000 pessoas viviam da produção de pupusas, sendo a maioria delas de mulheres.
Referências
- ↑ a b «Historia de la Pupusa Salvadorena». redislam.net. Janeiro de 2013
- ↑ «Decreto Día Nacional de las Pupusas — Asamblea Legislativa». www.asamblea.gob.sv (em espanhol). Consultado em 24 de setembro de 2017[ligação inativa]
- ↑ «Largest pupusa». Guinness World Records (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2017
- ↑ Resnick, Perry (26 de setembro de 2011). «The best street food in New York». The Guardian
- ↑ «La Guerra de las Pupusas». losangeles.univision.com. 27 de julho de 2011
- ↑ Gómez, Iván (8 de dezembro de 2003). «Honduras Insists pupusas». Consultado em 12 de novembro de 2017. Arquivado do original em 18 de maio de 2015
- ↑ Peralta, Eyder (27 de julho de 2006). "Bona fide pupusas: Classic or clueless? Here's how to tell", Houston Chronicle Dining Guide, p. 4
- ↑ «Las Pupusas: ícono culinario salvadoreño celebrará su día». El Periodista. 4 de novembro de 2014
Bibliografia
editar- Planet, L.; Staff, Lonely Planet Publications (2012). The World's Best Street Food: Where to Find It and How to Make It. [S.l.]: Lonely Planet Publications. p. 137. ISBN 978-1-74321-664-4. Consultado em 30 de julho de 2016