Quitandeira
Quitandeira, também chamada de zungueira, é uma vendedora ambulante típica de Angola,[1] tendo-se disseminado pela diáspora durante a escravatura, sendo conhecida no Brasil pelos nomes de quitandeiros, camelôs, marreteiros, ambulantes, etc..
Quitandeiras em atividade, em 2017. | |
Tipo | Profissão |
Campos de trabalho | Venda ambulante |
É comum serem vistas em Luanda, capital de Angola, vestindo panos garridos e de kinda à cabeça com vários tipos de fruta como os cajus, mangas, maboques, pitangas e goiabas, tendo um papel extremamente importante no comércio de géneros de primeira necessidade.[2]
O termo quitandeira, deriva de kitanda, uma palavra que em quimbundo significa mercado ou feira.[2]
Origens
editarAs quitandeiras são as vendedoras das quitandas, um local de venda tipicamente africano comum aos povos ambundos, encontrando-se espalhadas pela região centro-ocidental de África.[3]
Ainda hoje são vistas a trajar panos vistosos, cercadas por todo o tipo de bens alimentícios como ovos, galinhas, patos, frutas, batatas e dendém, agachadas sobre os calcanhares a fazer a sua venda ou a fritar peixe, bolos, a preparar petiscos, etc. No passado eram de vital importância para o comércio, especialmente para o tráfico de escravos, pois abasteciam as cidades litorais, portos e os navios negreiros.[3]
As quitandeiras estavam organizadas e dividiam-se conforme as especialidades: umas vendiam apenas comida pronta, enquanto outras peixe e assim por diante, existindo inclusive kitandeiras dedicadas especificamente a "produtos da terra", como liamba, tabaco, pemba (argila branca usada em rituais religiosos) e amuletos.[3]
Esta forma organizativa pode ser comparada às actuais cooperativas, em que as quitandeiras prestavam auxílio às menos afortunadas e às colegas na altura do parto. Estas "cooperativas" funcionavam por ramo de negócio, como as quitandeiras que vendiam tabaco (acua-macanha), batata-doce (acua-bonze), gengibre e cola (um fruto com efeitos estimulantes consumido em todo o continente africano). As cores dos panos e adereços também diferenciavam a origem étnica, e a qualidade do tecido diferenciavam as quitandeiras proprietárias (mucua) das suas funcionárias (mubadi).[3]
Na Angola dos dias de hoje, a quitandeira passou também a ser conhecida por "zungueira",[4] um termo que é uma deturpação do termo quimbundo "zunga", resultado da forma verbal "cuzunga", que significa circular ou rodear.
Referências
- ↑ «Historiador ressalta influência do kimbundo na poesia de Neto». ANGOP. 15 de setembro de 2011. Consultado em 19 de agosto de 2013
- ↑ a b Schuma Schumaher, Érico Vital Brazil (2006). Mulheres negras Do Brasil. [S.l.]: Rede de Desenvolvimento Humano. p. 61. 496 páginas. ISBN 9788574582252. Consultado em 20 de agosto de 2011
- ↑ a b c d Selma Pantoja (9 de dezembro de 2008). «Da kitanda à quitanda». revistadehistoria.com.br. Consultado em 20 de agosto de 2011. Arquivado do original em 9 de março de 2012
- ↑ «Ser zungueira em Angola,é uma alternativa à fome num país de poucos empregos e de muitas desigualdades». Circulo Angolano Intelectual. Consultado em 19 de agosto de 2013[ligação inativa]