Racada (em árabe: رقادة; romaniz.: Rakkada, Raqqada) foi a segunda capital do Emirado Aglábida de 876 ou 877 a 909. Atualmente é um sítio arqueológico situado a menos de 10 km a sudoeste de Cairuão, Tunísia. No local da antiga cidade, que teria sido destruída na segunda metade do século X, encontra-se atualmente o Museu Nacional de Arte Islâmica, inaugurado em 1986.

Racada
Raqqâda, Rakkada
رقادة
Localização atual
Racada está localizado em: Tunísia
Racada
Localização de Racada na Tunísia atual
Coordenadas 35° 35′ 33″ N, 10° 03′ 10″ L
País  Tunísia
Província Cairuão
Cidade mais próxima Cairuão
Dados históricos
Fundação 867 ou 876 (1 148 anos)
Abandono 2ª metade do século X
Era Idade Média
Estado Emirado Aglábida
Cronologia
Capital aglábida 876 ou 877 — 909
Notas
Escavações década de 1960
Estado de conservação vestígios

História e descrição

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Segundo a tradição, o emir alglábida Ibraim II (r. 875–902), que sofria de insónias persistentes, foi aconselhado pelo seu médico particular Ixaque ibne Onrane a caminhar pelo campo até encontrar um local onde lhe desse o sono. O local encontrado foi Racada, que foi fundada em 876 por Ibraim II, que a dotou de de uma mesquita e vários palácios, os mais célebres chamados Alcácer Alfate (Qasr al-Fath, Palácio da Conquista), Alcácer Assã (Qasr as Sahn, Palácio da Corte), Alcácer de Baguedade (Qasr Bagdad, Palácio de Baguedade), Alcácer Almoquetar (Qasr al Mokhtar, Palácio "Escolhido") e Alcácer Albar (Qasr al Bahr, Palácio do Mar). A cidade era bem abastecida de água e estava rodeada por uma muralha com sete portas, a mais famosa delas chamada Babal Cairuão (Bab al Kairouan, Porta de Cairuão).[1]

Em Racada foi também fundada uma fábrica de têxteis (Dar Attaraz) e de papel para fornecer a "Casa da Sabedoria e das Ciências" (Baite Alicma, Bayt al-Ḥikma). A técnica de fabrico de papel tinha sido transmitida aos Árabes pelos Chineses no século VIII e chegou à Europa através de Palermo, que no século IX era uma possessão aglábida.[1] Em 909, Abedalá Almadi Bilá (r. 909–934), fundador do dinastia dos Fatímidas, instala-se em Racada, depois de ter residido em Cairuão. No mesmo ano proclamou-se califa e pouco depois escolheu como sua capital a cidade costeira de Mádia, fundada por ele.[2] Em 748 a capital fatímida voltou a transferir-se, desta vez para Mançoria, fundada nessa altura junto a Cairuão.

A 7 de julho de 969, as tropas do quarto califa fatímida Almuiz Aldim Alá (r. 953–975) entram em Fostate, a então capital do Egito. O califa funda o Cairo para lá instalar a sua nova capital. Almuiz teria mandado arrasar Racada depois disso.[3] Depois de 1960, foi construído no local da antiga Racada um palácio presidencial, no meio de alguns vestígios ainda visíveis. Desde 1986 que esse palácio alberga o Museu Nacional de Arte Islâmica de Racada.[4]

Durante duas campanhas de escavação levadas a cabo nos anos 1960 no sítio dos antigos palácios foram descobertos numerosos fragmentos de cerâmica com vidrado, peças de olaria e azulejos com reflexos metálicos decorados com motivos florais e vegetais (folhas de parra estilizadas), bem como taças delicadamente decoradas, nomeadamente uma datada da segunda metade do século IX com a imagem de uma ave.[5]

Notas e referências

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  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Raqqada», especificamente desta versão.
  1. a b «Le musée national d'art islamique de Raqqâda». www.kairouan.org (em francês). Consultado em 27 de outubro de 2013. Cópia arquivada em 22 de março de 2012 
  2. Saint-Prot, Charles (2008), Islam, l'avenir de la tradition : entre révolution et occidentalisation. Essai (em francês), Paris: Le Rocher, p. 195 
  3. Sourdel, Janine; Sourdel, Dominique (2004), «Raqqâda», ISBN 9782130545361, Paris: Presses universitaires de France, Dictionnaire historique de l'islam (em francês): 702 
  4. Gaultier-Kurhan, Caroline (2001), Le patrimoine culturel africain, ISBN 9782706815256 (em francês), Paris: Maisonneuve et Larose, p. 151, consultado em 27 de outubro de 2013 
  5. Delpont, Éric (2000), Les Andalousies de Damas à Cordoue : exposition présentée à l'Institut du monde arabe du 28 novembre 2000 au 15 avril 2001 (em francês), Paris: Hazan, p. 194